AGENDA SOCIAL

Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico: confira a penúltima entrevista da série em alusão à data comemorativa

Terceira entrevistada é a professora Juliana da Silveira Espindola, da Escola de Química e Alimentos (EQA/FURG) do Campus Santo Antônio da Patrulha

Em comemoração ao Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, celebrado no dia 8 de julho, a Secretaria de Comunicação (Secom) em parceria conjunta com a Agenda Social e Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propesp), dá continuidade à série de entrevistas com pesquisadoras dos quatro campi: Rio Grande, São Lourenço do Sul, Santo Antônio da Patrulha e Santa Vitória do Palmar.

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A terceira entrevistada é a professora Juliana da Silveira Espindola, da Escola de Química e Alimentos (EQA/FURG), Campus Santo Antônio da Patrulha. Ela possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestrado e Doutorado em Engenharia Química também pela UFRGS. Entre 2017 e 2018, foi coordenadora do curso de Engenharia Agroindustrial Agroquímica da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Desde dezembro de 2020 atua na coordenação do mestrado acadêmico do Programa de Pós-graduação em Sistemas e Processos Agroindustriais (PPGSPA/FURG-SAP).
Além disso, participa de diversos grupos: Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais (GPPN), Grupo de Engenharia e Otimização de Processos Industriais (GEOPI), da EQA (FURG) e ao Grupo Intensificação, Modelagem, Simulação, Controle e Otimização de Processos (GIMSCOP), do Departamento de Engenharia Química da UFRGS. Atua nos cursos de graduação em Engenharia Agroindustrial Agroquímica e Engenharia Agroindustrial Indústrias Alimentícia.  As suas principais áreas de interesse são: Processos Termoquímicos; Biomassa, Biocombustíveis e Energia; Cinética, Reatores Químicos e Catálise; e Síntese e análise de processos.

Confira abaixo a entrevista com a pesquisadora.

Tendo uma área de pesquisa científica voltada para a geração de energia de forma sustentável, como tu enxerga a importância do investimento em pesquisas voltadas para este tema? E quais descobertas tu obteve?

Juliana:  Hoje em dia tem havido muitas ações voltadas à geração de energias mais limpas e sustentáveis, com avanços notáveis em fontes eficientes e acessíveis de energia. Esses avanços, que englobam as tecnologias solares e eólicas, biocombustíveis, e também o armazenamento e conversão de energia de forma eficiente, apenas são possíveis através de investimento em pesquisa de base científica e tecnológica.

O financiamento adequado de pesquisas é fundamental para fomentar infraestrutura, manutenção de centros de pesquisas e para a formação de novos pesquisadores, por meio de programas de bolsas que favoreçam o acesso e permanência desses jovens. A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu em 2015 os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com metas em diferentes setores para proteção do meio ambiente e redução de desigualdades dentro da Agenda 2030. Nesse contexto o desenvolvimento de processos inovadores para a geração de energia renovável e acessível, está em pauta. Aqui no Rio Grande do Sul (RS), por exemplo, existe uma grande aposta na produção de hidrogênio verde e algumas parcerias estão sendo firmadas.

As minhas pesquisas estão voltadas para esse eixo, com foco nos biocombustíveis, e englobam desde a análise de viabilidade técnica para o aproveitamento de resíduos agroindustriais e urbanos para a geração de energia limpa, através de tecnologias alternativas como a pirólise, até a avaliação da dinâmica dos sistemas de produção e distribuição de biocombustíveis e viabilidade econômica desses sistemas e processos. Essas pesquisas estão articuladas com as linhas de pesquisa do Programa de Pós-graduação em Sistemas e Processos Agroindustriais (PPGSPA) da Escola de Química e Alimentos (EQA), Câmpus Santo Antônio da Patrulha.


Um achado interessante de uma pesquisa que venho desenvolvendo com alunos da graduação em Engenharia Agroindustrial e, mais recentemente no mestrado, aponta para uma alternativa para a distribuição do biodiesel que venha mitigar os impactos ambientais associados ao seu transporte. Temos resultados preliminares por enquanto, mas estamos otimistas com os primeiros achados.


E como aproximar este conhecimento produzido na universidade da população em geral?


Juliana:  Esse é um dos grandes desafios que enfrentamos enquanto pesquisadores. É necessário pensar em como esse conhecimento ou desenvolvimento tecnológico pode se tornar relevante dentro do cotidiano das pessoas e fazer uma comunicação atraente e acessível ao público em geral. E isso não é fácil, pois muitas vezes está muito distante das competências que desenvolvemos na academia. Mas existem vários caminhos para que esse conhecimento se torne mais acessível e compreensível para o público em geral.

Os comunicadores científicos têm contribuído muito com essa popularização da ciência, através de blogs, podcasts e programas dedicados ao tema. Algumas outras ações são projetos e programas em parceria que fomentem a interação das universidades e centros de pesquisa com a comunidade, empresas e outras instituições, a exemplo da Semana Aberta da FURG e outras ações como o Portas Abertas da EQA/SAP, no qual alunos das escolas da região conhecem a FURG, os laboratórios de pesquisa e pesquisadores da universidade e tem contato com as atividades de pesquisa desenvolvidas.

Além disso, a participação em eventos e atividades como palestras e feiras de ciência são ações importantes para a difusão da ciência nas escolas e podem vir a despertar o interessa dos jovens pela ciência. Também se faz uso das mídias e redes sociais, que oferecem grande alcance para o compartilhamento de informações científicas de maneira acessível e atrativa.
Particularmente na área de energias renováveis e biocombustíveis, já existe um certo grau de conhecimento geral sobre o tema pois a matriz energética nacional conta com o etanol e o biodiesel há muitos anos, trazendo o tema para a pauta cotidiana. Contudo, é importante difundir a importância que as pesquisas e desenvolvimentos na área têm sobre o surgimento de novas alternativas para suprir a demanda energética atual, bem como seu potencial impacto ambiental, econômico e social para a sociedade.

Como tem sido o teu trabalho na coordenação do mestrado acadêmico do PPGSPA ?


Juliana: O Programa de Pós-Graduação em Sistemas e Processos Agroindustriais é um programa de mestrado acadêmico na área interdisciplinar da CAPES, que foi criado em 2021. Eu fiz parte da equipe idealizadora da proposta, composta por uma equipe multidisciplinar que já vinha juntando esforços para desenvolver pesquisas que tivessem um alcance maior na sociedade e potencial de desenvolvimento regional, dentro do contexto agroindustrial, muito forte na região de Santo Antônio da Patrulha. Então, para mim é muito satisfatório estar na coordenação do curso de mestrado, particularmente por poder interagir com jovens pesquisadores que estão buscando qualificação profissional e científica através da pós-graduação.

Quais são as perspectivas futuras de sua área de pesquisa?


Juliana: Pesquisas estão focadas no desenvolvimento de biocombustíveis avançados, como biocombustíveis de segunda e terceira geração. Esses combustíveis são produzidos a partir de biomassa não alimentar, como resíduos agrícolas, agroindustriais e urbanos, mas também a partir de algas e microalgas, que podem ser marinhas, o que oferece uma oportunidade de ampliação das fronteiras nacionais para a produção de matéria-prima para a geração de energia que não compete com terras aráveis. Essas pesquisas estão crescendo particularmente porque oferecem uma alternativa renovável aos combustíveis fósseis, mas também apresentam potencial de redução das emissões de gases de efeito estufa. Numa esfera mais sistêmica, pesquisas sobre a transição para uma economia de baixo carbono e análise de ciclo de vida e seus impactos estão sendo impulsionadas inclusive pela busca de soluções energéticas mais limpas.

Qual conselho você daria para quem deseja seguir carreira na área da ciência e pesquisa?


Juliana: Como conselho acho que o mais importante é buscar e aproveitar todas as oportunidades de participação em projetos, colaboração com grupos de pesquisa e interação com outros pesquisadores mais experientes. Essas experiências são importantes para conhecer suas próprias habilidades e desenvolver competências dentro da área de interesse. Além disso, estar sempre atualizado quanto aos temas emergentes e avanços científicos é muito importante para que as pesquisas sejam atuais e tragam resultados significativos para a ciência e sociedade.

 

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Terceira entrevistada é a professora Juliana da Silveira Espindola, da Escola de Química e Alimentos (EQA/FURG) do Campus Santo Antônio da Patrulha

Terceira entrevistada é a professora Juliana da Silveira Espindola, da Escola de Química e Alimentos (EQA/FURG) do Campus Santo Antônio da Patrulha

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