Daniel Baz dos Santos nasceu há 39 anos em Rio Grande/RS, onde é professor do IFRS. Graduado em Letras Português-Inglês pela FURG, possui mestrado e doutorado em Letras (História da Literatura) pela mesma instituição. Publicou poemas, contos e crônicas em revistas literárias e antologias Brasil afora e também no site Camareu e no extinto Jornal Agora, em sua terra natal.
De aluno a orientador: Lauro Demenech conta sobre sua relação com o curso internacional colaborativo Harvard - Brasil
Aluna de Moçambique compartilha sua experiência de intercâmbio na FURG
Proiti e a aposta da Inovação para estreitar laços entre universidade e sociedade
É autor do livro de poemas "Antes Que o Mundo Aconteça" (2016) e dos volumes de crônicas "Formas de Fingir Pássaros" (2021) e "Da Água Que Se Faz Onda e Espelho" (2023), além de assinar o roteiro das HQs de ficção científica "Exomens: Inutensílios" (2023), cujo segundo volume deve sair ainda este ano, e "Atlas e Dante - O Oráculo de Yadala" (2024), ambas em parceria com o artista gráfico Law Tissot.
Nesta entrevista exclusiva à Secretaria de Comunicação (Secom) da FURG, Baz comenta as dificuldades pelas quais passa um educador no país e lança o seu olhar sobre a importância da leitura para as futuras gerações, citando aqui e ali influências tão díspares quanto Franz Kafka e Johnny Rotten (líder da banda punk Sex Pistols), além de derramar elogios a Rubem Braga ("nosso maior cronista") e até abrir espaço para uma das iguarias exclusivas da culinária rio-grandina, o bauru de chouriço.
A Feira do Livro acontece de 28 de agosto a 3 de setembro. Depois de ser adiada em 2024, em função do cenário de recomposição orçamentária vivido pela Universidade, esta histórica 50ª edição da feira será realizada pela primeira vez nas dependências da FURG, no Cidec-Sul.
Qual a importância da literatura no cenário da Feira do Livro? Que outras ações tu achas que podem funcionar no sentido de promover a arte literária entre a comunidade?
A importância da literatura na Feira do Livro se confunde com a importância do evento como um todo. Depois que fui convidado para ser o patrono da feira, eu tenho pensando muito num conceito do Jacques Rancière, naquilo que ele chama de “partilha do sensível”, pois é uma ideia que ajuda a pensar nas maneiras como a estética se torna também um componente essencial da política. Ou seja, é importante a gente estar atento para o fato de que é próprio da política definir a forma como vemos e dizemos o mundo; quem tornamos visíveis e quem invisibilizamos; quem representamos e quem esquecemos; o que dizemos e o que calamos; e tudo isso tem um impacto decisivo nas formas como produzimos arte, pois determina o que será percebido pela sociedade e, portanto, representado por ela.
Então, a tarefa da política seria produzir o dissenso, questionar a maneira como os fenômenos são comumente assimilados, desafiar os significados nas suas formas atuais, e então produzir novos (significados), para ampliar o campo da nossa percepção. Eu tenho pensado em tudo isso e menciono aqui porque imagino ser a única forma de responder esta pergunta a contento. Porque eu acredito que ir a eventos como a Feira do Livro, no qual a gente frequenta uma pequena aldeia livresca cheia de gente que pega livro, ouve livro, diz livro, pensa livro e sonha livro é justamente cumprir este desígnio político-estético de rejeitar o espaço-tempo atual, no qual a cultura é desprivilegiada, e apresentar as coisas por esta nova lógica, que é a da potência livresca e da força de seus materiais e conteúdos. Assim, a gente consegue, ou pelo menos tenta, construir sentidos novos, flexionar novos verbos, legitimar diferentes possibilidades de apreensão da realidade e, ao reconfigurar o mundo ao redor, repensar nossa própria inserção nele, que, idealmente, se torna mais consciente, comprometida e engajada. É comum que a gente saia transformado de eventos culturais, como se tivesse, para usar uma metáfora do mundo digital, alterado o filtro com que o mundo se apresenta para nós. Quanto mais a gente participa deste tipo de ação, mais a gente hackeia os filtros da realidade.
Por isso mesmo, e como a resposta já está bem longa, acho que tenho apenas duas sugestões, no sentido de estabelecer mais vínculos entre a literatura e a sociedade em Rio Grande. A primeira é a descentralização. O Antonio Candido criou um bordão na área de Letras que todo mundo repete, mas é raro quem executa: todo ser humano tem direito à literatura. Nem que seja pra dizer que a literatura não é muito a dele. Mas, se for este o caso, isso tem que ser opção da pessoa. Ninguém pode escolher isso por ela a priori. Então, a gente tem que estar sempre investindo em políticas que levem a literatura cada vez mais aos lugares que historicamente têm pouco acesso aos livros. A segunda sugestão seria tratar melhor os agentes difusores da literatura, especialmente os professores. Neste caso, eu falo pela minha área. Um professor cansado, cheio de turmas (e estas, por sua vez, lotadas de estudantes), mal pago, entre outras dificuldades da classe, não tem forças para estimular sua comunidade a ler. Aqueles que conseguem são exceção e nunca devem servir de modelo, pois a estrutura costuma desestimular o docente de Letras e as licenciaturas estão vivendo uma profunda crise por conta disso.
Muito se fala da relevância de formar novos leitores, e é provável que a redução no acesso a histórias em quadrinhos, aliada à mudança no perfil dos leitores de HQs, tenha contribuído diretamente para a queda do público infantil nos últimos anos. Como avalias a importância dedicada à leitura em meio a tantos atrativos e estímulos variados para as gerações atuais?
Curioso me perguntares isso, pois estou, neste momento, pesquisando sobre a leitura entre os mais jovens, por conta de um TCC que estou orientando no IFRS. E um dado que tenho feito questão de mostrar aos alunos é que o leitor foi muito descredenciado no debate sobre a literatura. Por bastante tempo. Demorou demais para pensarmos nas propriedades do ato de leitura em si, no que ele implica, como ele se processa, quais as razões para sentirmos prazer lendo, este tipo de questão. Ainda que aquele que é considerado o primeiro texto de teoria literária no Ocidente, “A Poética”, de Aristóteles, articule um dos seus principais conceitos, a “catarse”, a partir da ação dos leitores diante do texto, nos séculos seguintes a recepção e os receptores da obra literária foram constantemente ignorados das hipóteses que pensaram o lugar da literatura no mundo, sem perceber que o lugar da literatura no mundo é justamente aquele em que estão os leitores.
Por isso, a gente tem um grande débito com autores de formações diferentes, como Roland Barthes, Hans Robert Jauss, Regina Zilberman, Marisa Lajolo, Michèle Petit, entre muitos outros, que dedicaram parte da sua obra a tentar entender isso que me perguntaste, a importância da leitura para uma geração. Esta última que eu citei, a Michèle Petit mostra, com muita pesquisa e dados atualizados, os diversos benefícios da leitura para a memória humana, para a capacidade de devanear e especular, para a transmissão cultural e criação de vínculos sociais, entre muitas outras funções importantes que o ato de ler desempenha no desenvolvimento humano. Mas ela mesma aponta que é preciso tomar cuidado com estas concepções instrumentais e domesticadoras da leitura, que também não fazem bem a ninguém. A Michèle Petit explica que parte desse medo que a sociedade tem em relação aos jovens estarem lendo menos, muitas vezes é, na verdade, o medo de que eles estejam lendo obras diferentes daquelas que os adultos consideram ser os livros essenciais, edificantes e moralizantes. Muita gente pensa que a leitura é capaz de dar um upgrade imediato à consciência de quem lê, melhorando a gramática, a sensibilidade social, diversificando a inteligência. Mas não é por aí. Exige tempo e mediação.
E eu acredito que é muito importante que a leitura seja também uma atividade da qual não se tira nada de útil imediatamente. Utilizar Dom Quixote demora. Utilizar Virginia Woolf também. Manusear Guimarães Rosa exige vidas. Os grandes livros são manuais de desinstruções. A literatura quase nunca tem algo à pronta-entrega. É necessário tempo, ócio, outras frequências e cadências que não aquelas de acordar, estudar, trabalhar, comer, tomar banho, dormir e acordar. Numa sociedade como a nossa, em que o progresso não pensa no bem-estar social nem na sustentabilidade e que está criando causalidades que estão pondo fim ao mundo, é fundamental nos engajarmos em atividades que nos apresentam temporalidades e ritmos que não compactuam com este projeto. Aqui reside outro erro crasso, que é culpar os indivíduos mais jovens por problemas que são estruturais. A sociedade hoje não quer criar leitores. As big techs se beneficiam da má interpretação de texto. O capitalismo valoriza a reprodução e despreza a autonomia. Antes de criticar o adolescente no TikTok é preciso trabalhar para derrubar o sistema econômico que criou o TikTok. Fora que a imagem dos pais que reclamam que os filhos não leem sem terem tocado em um único livro no ano todo não é só comum, é banal.
Mas eu sempre gosto de destacar que a leitura não é só boa para quem lê. Ela faz muito bem para o próprio livro também. Aqui tenho que citar Roland Barthes de novo, um dos meus pensadores da literatura e da linguagem favoritos, pois ele é um dos nomes que melhor explicam o fato do texto literário ser uma entidade com muitas potências. A partir de uma única obra, é possível construir muitas rotas de leitura, e são elas que irão realizar o texto literário enquanto um item viável de cultura. Quanto mais lida, mais uma obra cresce, mais ganha massa, mais encorpa sua voz. A significação de um texto é justamente a capacidade dos seus sentidos serem produzidos sensualmente, então quanto mais sensibilidades envolvidas mais conteúdos o texto irá dizer e mais formas ele encontrará para se expressar.
Isso, é claro, ocorre no cinema, na música, na pintura, mas na literatura há um aspecto diferenciado (que não é melhor nem pior, só distinto), pois sua expressividade atua num campo que, em geral, é o nosso meio primário de comunicação: a comunicação verbal. Ler Hamlet não é só absorver as dúvidas de Hamlet, mas principalmente aprender a dizê-las. Quando o príncipe da Dinamarca hesita, sofre, especula, ele está tornando os leitores mais fluentes em hesitação, sofrência e especulação. Quando lemos “A Metamorfose” não contemplamos apenas a inadequação de Gregor Samsa, mas alfabetizamos a nossa própria inadequação, tornamos ela fonte de discurso. E eu acredito que isso ajude muito no processo de empatia e, mais ainda, na jornada de autoconhecimento. Bom, já falei demais, o tema até permitiria tratar de diversos outros aspectos, mas acho que o que penso sobre a leitura e as novas gerações começa por aí.
Ah, e, claro, é preciso baratear o livro. Urgentemente.
E o teu interesse pessoal pela escrita, como surgiu? Alguma obra específica ajudou a desencadear o gosto pelas Letras?
Meu interesse pessoal pela escrita e pelas Letras começou provavelmente em dois lugares, nas histórias em quadrinhos e na música. Como eu já falo muito de HQs por aí, vou comentar rapidamente a importância da canção popular na minha vida. Eu ouvia o que gente completamente diferente cantava, como Chico Buarque e Johnny Rotten, e percebia, na expressividade de cada um deles, que eu também tinha uma carência de dizer, que havia algo em mim que ainda não tinha nascido. Um pedaço que me faltava, como um membro que, antes de ter sido vivo, já era fantasma. Então eu comecei a escrever canções para uma banda punk da qual eu participava na adolescência e reparei que era daquilo que eu estava privado. Eu carecia de uma existência verbal, uma que fosse tão plena quanto minha existência física. E antes de começar a dar vazão a ela eu não estava completo. Meu corpo e espírito eram escassos sem a matéria da letra.
Aí, aos poucos, percebi que era um músico terrível e fui pra poesia. Depois pra crônica. E como este é o gênero que eu mais escrevo atualmente, vou citar um único nome responsável por todas as lições que minha escrita tenta seguir: Rubem Braga, nosso maior cronista. Foi ele que me mostrou que a crônica é um gênero da importância de qualquer outro, que pode ter a mesma qualidade estética do poema e do conto, pra ficar somente nas formas breves. Foi ele que me apresentou a grandeza do pequeno, que me revelou que a hierarquia da vida está errada, que muitas vezes aquilo que é considerado desimportante para a sociedade tem muito valor, que algo que aconteceu no nosso pátio pode ser mais relevante do que aquilo que os jornais noticiam. O Rubem Braga mudou definitivamente a forma como eu me relaciono com as coisas, me conduziu a ver o mundo como se fosse pela primeira vez, desautomatizou minha percepção e me deixou aberto àquilo que o Fernando Sabino chama de “aventura do cotidiano”.
Como é a tua relação com a cidade do Rio Grande, e em quais circunstâncias ela já esteve presente em tua obra?
Ainda que eu tenha alguns poemas protagonizados pela cidade, é nas minhas crônicas que Rio Grande aparece mais. Até porque o gênero crônica sempre caminhou junto com a descrição do mundo urbano. A ideia de flanar, andar sem rumo e ir observando as vivências escondidas pela cidade, faz parte de seu DNA. O João do Rio escreveu, numa das suas crônicas mais célebres, que “A rua é a civilização da estrada”, então andar por Rio Grande é meio que este exercício ambíguo, de transitar por um espaço que é íntimo, mas também público, em que o ser pessoal arranha o ser social. Tenho crônicas nas quais o sentido da vida, ou parte dele, me vem de observar a praia do Cassino, ou andando pelo Canalete, ou esperando nas paradas de ônibus, perambulando pelo cais, percorrendo nossas ruas planas, sem acidentes. Isso falando apenas do ponto de vista temático.
Só que Rio Grande não é só conteúdo nas minhas crônicas. Rio Grande é, antes de tudo, uma forma, que se manifesta em torno de uma topofilia muito específica: de manhãs que se abrem com ventos indomados; tardes que me olham por quero-queros desconfiados; noites que despencam cheirando a bauru de chouriço. Tudo isso medeia a forma como eu interajo com a vida. Estes ambientes não estão mais fora de mim. Antes de ser visto, ouvido e tocado, o cenário rio-grandino determina os jeitos que eu vejo, ouço e toco. Tem teóricos da literatura, inclusive, como o russo Mikhail Bakhtin, que estudam os espaços neste âmbito da focalização, então é pelas lentes, ainda que, muitas vezes, nubladas e neblinadas de Rio Grande, que eu dou consistência a muitos dos meus escritos.
Cada vez mais se fala em livro digital e e-readers, inclusive entre as gerações mais antigas. Como tu enxergas o futuro do livro impresso?
Olha, pelo que eu tenho lido, acredito que o futuro está na coexistência. Sempre achei emblemático que a proteção de tela do Kindle seja cheia de imagens analógicas: máquinas de escrever, canetas tinteiros, lápis. É como se o digital quisesse manter a aura do físico. E eu, de fato, acredito que a experiência tátil do livro vai manter muitos admiradores por um tempo. Basta pensar que o fim do livro impresso foi profetizado há mais de dez anos e ele segue firme.
Agora, não dá pra ignorar que os livros digitais têm sido uma alternativa real a novos leitores, a começar pela facilidade de armazenamento. Os autores independentes também se beneficiaram deles, pois os e-books agilizaram e baratearam muitas etapas da editoração. Aliás, esta aparente crise do suporte tem bem menos relevância do que a crise da cultura livresca em si, esta mais séria e carente de enfrentamentos imediatos. De qualquer forma, indico as obras “História do Livro e da Edição: Produção & Circulação, Formas & Mutações”, de Yann Sordet, e “As Guerras dos Livros: A Revolução Digital no Mundo Editorial”, do sociólogo britânico John B. Thompson.
Além de escritor, tu também és professor. Como avalias a educação nesse momento no país?
Esta é impossível de responder de forma breve e, como já falei muito nas perguntas anteriores, não quero me alongar mais. Portanto, vou ser absolutamente pessoal. Durante o tenebroso período de Bolsonaro e pandemia, eu, em casa, quarentenado, desenvolvi o terrível hábito de ler os comentários das redes sociais e fiquei muito deprimido ao observar o ódio que o brasileiro médio tem das instituições de ensino e dos professores. Isso me roubou muita potência de agir e eu demorei para me sentir motivado novamente. Depois desse processo todo e de ter acompanhado a normalização do negacionismo, do fascismo no mundo inteiro, da intolerância e da violência dedicadas a quem mais precisa de amparos políticos e sociais, creio hoje ter uma única certeza na minha vida profissional e que, infelizmente para o meu lado escritor, é um baita de um clichê: a educação é o único caminho.
As pessoas precisam do tipo de mediação que só o professor tem capacitação para oferecer. Anseiam por alguém que facilite o acesso delas ao conhecimento e conduza os contatos entre as informações e os saberes; que as mobilize e acompanhe o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e estabeleça relações adequadas para que elas progridam; que estimule a consciência crítica; que considere os aprendizados vinculados a suas vivências; que incentive espaços para a descoberta de novas instâncias da subjetividade e sua expressão; que ame a curiosidade e proteja a inquietude. O Brasil nunca precisou tanto destas figuras que estão no meio do caminho, no entrelugar em que os indivíduos compreendem a dádiva de que a realidade é muito maior do que eles supunham. Ironicamente, na contramão desta carência, o Brasil tem desvalorizado muito a docência. Qualquer pessoa pensa que pode se intrometer no trabalho do professor, dizer o que precisamos fazer, opinar a respeito da forma como as aulas deveriam ser ministradas, como se não houvesse uma formação específica que orientasse todas estas decisões. Eu já recebi pitacos sobre como proceder na sala de aula em diversos lugares: na academia, na padaria, na farmácia. Então, é necessário combater este imaginário hostil e lutar pela dignidade do trabalho docente, o que implica, e estou me repetindo de propósito, em oferecer melhores salários e condições de trabalho aos professores, especialmente os da educação básica.
Que recado tu deixas para os leitores, como um convite para que prestigiem a Feira e desfrutem novamente desse momento único de circular pelos estandes, escolher livros e conversar com autores e público?
Acho que boa parte do que eu poderia falar aqui já foi abordada na primeira pergunta. Então vou só reforçar desta forma: um lugar cheio de livros é um ambiente cheio de vida, cheio de história, cheio de memória, cheio de vozes, cheio de caminhos. A biblioteca era o paraíso para o Jorge Luis Borges, então creio que não seja exagero dizer que a Feira do Livro é uma espécie de oásis, ao menos para nós que peregrinamos sedentos pela água abundante da palavra, como sugere o lema do evento este ano.
É comum que o rio-grandino não reconheça autores e autoras da própria terra. Quais obras e escritores/escritoras locais tu acreditas que o público merece conhecer?
Rio Grande sempre escreveu muito. Talvez a diferença desta geração a qual me filio seja que a gente tem se lido muito também. Mas falo de forma intuitiva, não pesquisei a fundo. O que me parece é que percebemos a importância de criar uma comunidade literária, algo que também tem muitos precedentes em diversos momentos da história da literatura. Então, os autores rio-grandinos, ou que se alojaram nos afetos de Rio Grande, escrevem prefácios, orelhas e posfácios uns pros outros, leem seus textos em saraus, participam de eventos em conjunto. Hoje, um é ministrante de uma oficina; amanhã, é público de uma mesa redonda, e por aí a coisa vai se autossustentando, até porque ninguém mais vai sustentar por nós.
Enfim, como é muita gente e muita história, vou indicar apenas nomes contemporâneos de pessoas que têm livros publicados (sem este critério, a lista seria ainda maior!), que vão ficar muito felizes de serem lidas agora e que podem ser encontradas pela cidade e região para conversar sobre literatura. Bom, primeiramente todo o catálogo da Editora Concha, projeto organizado pela escritora Andréia Pires, assim como os livros dela. De nomes individuais, indico inicialmente a obra da minha companheira, Lucilene Canilha Ribeiro, que escreveu meu livro de poemas favorito, “Exausto Coração Esbraseado”. Além dela, sugiro irem em busca das obras da Daniela Delias, do Sérgio Carvalho Pereira, da Ju Blasina, do Leonardo Alves, do Danilo Giroldo, da Joselma Noal, da Adriana Falcão, do Léo Ottesen, da Patrícia Silveira, da Vanessa Regina, do Lucas Zafalon Garcia, da Lorena Dias, da Elaine Maria Nunes, da Lena Fuão, da Giulia Guadagnini, da Annabel Laurino, da Tammie Faria Sandri e da Elizângela Teixeira. Devo ter esquecido alguém, mas garanto que é um ótimo começo e um excelente aquecimento para a feira.