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Projeto Pancpop da FURG-SLS planeja novas áreas de cultivo de Panc

Espécies de sucesso e sistemas de produção serão implementados em três propriedades rurais no interior do município

Foto: Divulgação

Entre setembro e outubro, as espécies de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) que tiveram maior sucesso de cultivo e produção nos últimos meses terão áreas de plantio ampliadas no interior de São Lourenço do Sul.

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A ação será realizada em colaboração com os agricultores locais através do projeto de extensão PancPop, coordenado pela docente Jaqueline Durigon na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), no campus FURG-SLS.

A intenção de expandir as áreas de cultivo surgiu a partir da área experimental no dia de campo do 7º HortPanc, ocorrido de 23 a 25 de abril no município, envolvendo diversas espécies de Panc.

Jaqueline conta que a ideia agora é reproduzir essas espécies e desenvolver novos sistemas de produção nas propriedades dos agricultores que participaram da construção do evento.

No último domingo, 25, foi realizado um encontro no interior do município com a participação dos agricultores para finalizar o planejamento das novas áreas. O encontro visou a retomada dos mutirões para os novos plantios, a avaliação das espécies mais interessantes e a análise dos locais de plantio, possíveis dificuldades e outras observações.

“Observamos como essas plantas se comportaram com chuvas e secas intensas, além da incidência de insetos e outros animais. Tivemos uma boa experiência e agora já sabemos quais espécies queremos cultivar e quais cuidados devemos ter durante o cultivo. Conversamos também como conduzir o processo após o cultivo, o escoamento da produção, a comercialização e a necessidade de promover processos formativos para qualificar a comercialização e buscar novos mercados para os agricultores. Foi um dia de bastante planejamento para a consolidação dessas novas áreas”, contou Durigon.

As três novas áreas de plantio estão previstas para as localidades de Prado Novo e Boa Vista, interior do município. Ano que vem também está prevista a expansão das áreas de cultivo, com a intenção de incluir novas localidades, como Picada Quevedos.

Escolha das espécies

A escolha das espécies que serão cultivadas nas novas áreas foi baseada em uma avaliação detalhada realizada durante a 7ª edição do HortPanc. Na área experimental montada para o evento, Jaqueline informou que mais de 80 espécies de Panc foram cultivadas e observadas, incluindo hortaliças folhosas, tuberosas, perenes, frutos e flores.

A análise do desempenho das plantas em condições climáticas variadas permitiu identificar as espécies mais produtivas e resilientes, além de considerar as preferências dos agricultores locais, levando em conta a adaptação das espécies à região, seu sabor e potencial de comercialização.

Segundo a coordenadora, o principal interesse dos agricultores está nas hortaliças tuberosas, que incluem raízes, tubérculos e rizomas comestíveis.

O tupinambor, também conhecido como girassol batateiro, se destacou pela alta produtividade e resistência à deficiência hídrica. O inhamito, uma variedade de inhame com rizomas menores e sabor diferenciado, também foi selecionado pela alta produtividade. Além disso, o inhame comum foi apontado como uma Panc de interesse para as novas áreas de cultivo. Outro destaque é o mangarito, uma batata nativa do Brasil que chamou a atenção dos agricultores por seu sabor e resistência a insetos e doenças.

Os agricultores também mostraram interesse em continuar cultivando hortaliças folhosas e algumas plantas com partes florais comestíveis, como o jambu, que teve um desempenho notável na área experimental.

“Além dessas, eles vão dar continuidade a algumas plantas que já cultivam e desejam aumentar a produção, como o açafrão-da-terra (cúrcuma). Outro exemplo é o espinafre de Okinawa, uma hortaliça folhosa resistente ao frio e às geadas, que também se adaptou muito bem à região e que eles desejam aumentar a produção”, ressaltou Jaqueline Durigon.

Desafios

Com a expansão das áreas de cultivo, surgem desafios significativos que precisam ser enfrentados para garantir o sucesso da ação. A docente destacou que a agricultura, de modo geral, enfrenta tempos desafiadores, especialmente em relação às condições climáticas, que são vistas como um dos maiores obstáculos.

“Ao longo deste último ano, percebemos como algumas espécies de Panc enfrentam eventos climáticos adversos de forma resistente e resiliente”, afirmou. 

No entanto, a falta de previsibilidade sobre a intensidade e a frequência desses eventos climáticos continua a ser um desafio. “Muitas vezes, temos um ano que prevê muita chuva e acabamos enfrentando períodos de extrema seca. Então, o desafio climático persiste”, complementou Durigon.

Além das adversidades climáticas, o principal desafio para os agricultores é o aprendizado e adaptação ao cultivo dessas novas espécies. Jaqueline observa que as Panc não são amplamente utilizadas nem pesquisadas como alimentos convencionais, resultando em uma falta de informação sobre conhecimento e práticas de cultivo.

“Então, o desafio é o aprendizado constante. As Panc vão trazer diversidade e resiliência, mas também exigirão desafios de aprendizado, como observar o comportamento das plantas, suas necessidades, o tamanho do ciclo produtivo e o momento da colheita”, comentou Durigon.

Além dos desafios técnicos, o escoamento da produção também é uma questão. Para apoiar os agricultores nesse aspecto, a universidade está facilitando a conexão com a comercialização.

“Nesta sexta-feira, 30, vamos levar os agricultores para conhecer uma agroindústria de Panc e uma agricultora que tem acesso aos mercados de comercialização”, revelou Durigon.

O objetivo é ajudar os agricultores a encontrar locais adequados para escoar suas produções e garantir a comercialização dos produtos cultivados.

Por fim, Jaqueline destaca que a universidade, por meio do projeto PancPop, desempenha um papel crucial na assistência aos agricultores, fornecendo informações atualizadas e consultoria especializada.

“Estamos envolvidos numa rede nacional de pesquisadores de Panc e temos uma grande parceria com a Embrapa Hortaliças, por meio do pesquisador Nuno Madeira, que é o maior especialista em sistemas de cultivo de panc. Nossa atuação será prestar assistência e orientação no manejo desses cultivos”, concluiu a coordenadora. 

 

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