Na última quarta-feira, 13, o projeto de extensão Kilombo Literário promoveu um sarau cultural no prédio 3 da FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS). Com apresentações musicais e literárias, o encontro marcou o encerramento das atividades de 2023 do grupo, que completa quatro anos de atuação junto ao campus lourenciano.
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Além da presença de estudantes e professores da FURG-SLS, o sarau contou com a participação de pessoas da comunidade, artistas locais e representantes do Movimento Negro Kizumbi, do MENE - Grupo de Mulheres Negras de São Lourenço do Sul, e do Sarau Terezas de Rio Grande.
A professora Aline Nardes, atual coordenadora do Kilombo Literário, considera que o sarau foi um momento muito significativo. “Foi um momento muito lindo, em que a gente pode ter esse senso de pertencimento e unir comunidade, alunas, professores num espaço de arte, uma vez que a arte, como a música e a poesia, são instrumentos fundamentais para seguirmos nessa luta, construindo esse projeto que é muito democrático”.
Ela conta que a ideia para que a última atividade do projeto no ano fosse um sarau surgiu a partir de sugestões das estudantes Ana Teresa Santana e Priscila Ferreira, e da egressa Carina Santana Ferreira, mulheres negras e organizadoras da iniciativa. “A gente vê que o fato de que essas estudantes e pesquisadoras que fazem parte do projeto, a partir dos vínculos que elas possuem com os quilombos ou com movimentos sociais, conseguem trazer um pouco mais desses outros espaços da comunidade para dentro da universidade.”
Aline avalia que o Kilombo Literário tem possibilitado a abertura da universidade para a ocupação por movimentos sociais e representantes de quilombos de São Lourenço do Sul. “A gente consegue mostrar que São Lourenço do Sul é um espaço muito diverso, que tem cinco quilombos, que tem muita arte negra, que tem artistas de rap, que tem artesãos… Que tem toda uma uma gama de vivências negras e de resistência negra também”.
Segundo a coordenadora, é fundamental que a FURG esteja comprometida com as vivências negras. “É assim que a gente vai conseguir seguir firme na luta antirracista dentro da universidade. A gente não vai conseguir fazer isso sozinho, então é preciso que a gente estabeleça parcerias e torne a universidade pública um espaço aberto, um lugar que abre os seus espaços para que as lideranças possam ocupá-los e possam também nos ensinar e podermos desfazer a imagem de que a universidade é que detém o conhecimento. Muitas vezes é a universidade que tem que se abrir a esse conhecimento ancestral, a esse conhecimento da comunidade e é com isso que a gente vai conseguir vencer algumas barreiras que a gente também enfrenta dentro dos espaços institucionais”.
Projeção para 2024
Em 2023, devido a restrições orçamentárias, as rodas do Kilombo Literário foram realizadas apenas em formato remoto. Para 2024, a ideia é que o projeto seja estendido em ações realizadas junto à comunidade. “A gente espera que no próximo ano a gente já possa ter um pouquinho mais de possibilidade de fazer esses eventos em outros espaços, porque isso demanda orçamento e disponibilização de transporte”, explica Aline. Em anos anteriores, já foram promovidos encontros em quilombos e escolas da região.