Na última sexta-feira, 3, estudantes da disciplina "Fontes de Informação e Meio Ambiente" do curso de Biblioteconomia do Instituto de Ciências Humanas e da Informação da Universidade Federal do Rio Grande (ICHI/FURG) realizaram saída de campo ao galpão de trabalho e criatividade da empresa World Fish Comércio de Pescados, em Rio Grande. A disciplina está abordando o tópico relativo à pesca artesanal, pesca em alto mar, políticas de pesca no Brasil e no mundo, barco pesqueiro e implementos de pesca. O grupo, acompanhado do professor ministrante Claudio Renato Moraes da Silva, buscou fontes para contemplar o conteúdo.
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O grupo foi recebido pela equipe de trabalho da World Fish e pelo empresário, dono de barco, pescador e pesquisador Mauro Lee. Como empresário que, desde a década de 1980, realiza pesquisas de norte a sul do país e investe no desenvolvimento da área da pesca, Lee diz ver "com bons olhos, quando a universidade, que é lugar de sabedoria e ciência, desperta interesse e curiosidade em aprofundar os estudos de sala de aula".
Formado em Engenharia Naval e de Pesca no Japão, ele conta como foi a interação com os visitantes. "Expliquei, com minha experiência com a pesca, como a preservação do meio ambiente pode transformar muito. Na interação com os alunos e o professor, com os diálogos e questionamentos, entendi no que uma saída para o campo pode contribuir nos ensinos que a universidade oferece tão bem". Para o empresário, a experiência foi de muita alegria e satisfação. "Que mais saídas de campo sejam feitas na nossa cidade. Acredito que será de muito conhecimento e trocas", afirma.
Monitor voluntário da disciplina, o estudante Guilherme Lopes Arrieche considera esse tipo de atividade uma das partes mais valiosas da formação. "Permite vivenciar, na prática, o que muitas vezes vemos apenas em teoria. É nesse contato direto com pessoas, espaços e realidades diversas que o aprendizado ganha profundidade", ressalta. O estudante destaca o que mais o marcou. "A inventividade do Mauro e a forma como ele transforma desafios em soluções. Ele cria ferramentas e produtos com base na própria experiência, reinventando a prática da pesca com recursos limitados", enfatiza.
Foi também a inventividade de Lee o que chamou a atenção do estudante Jean Pierre Neto da Silveira. "Ele prepara com as próprias mãos as armadilhas para a captura de caramujo, caranguejo e um tipo de lagosta", destaca. Para o estudante, atividades como essa permitem vivenciar realidades diferentes das que estão acostumados em sala de aula. "Saímos um pouco do meio acadêmico, conseguimos distrair, mas sempre trazemos algo de experiência para a vida. É importante ter outras visões sobre outras áreas do conhecimento e sobre outras atividades que não são tão frequentes no nosso dia a dia", afirma.
Para a estudante Adriana Pontes, foi uma manhã de muito conhecimento e aprendizado. "Foi possível identificar como a atividade pesqueira está inserida no meio ambiente e os desafios que são enfrentados para equilibrar a produção e a sustentabilidade", destaca. Pontes considera que as saídas de campo são extremamente importantes para o aprendizado e a construção do conhecimento. "Assim conseguimos conhecer e analisar diferentes contextos socioambientais", acrescenta.
Relação com o aprendizado
O monitor Guilherme Lopes Arrieche salienta que "as saídas de campo ajudam a compreender a aplicação social do conhecimento, a exercitar a escuta e a sensibilidade". Para ele, é possível perceber como o futuro trabalho de bibliotecário, pode dialogar com diferentes contextos. "Inclusive fora do ambiente acadêmico", pondera.
Ele exemplifica que, no estudo de metodologia científica, aprendem que a pesquisa surge de uma necessidade e da vontade de sanar uma deficiência em uma realidade. "É exatamente isso que vimos nessa visita, mas fora do ambiente formal acadêmico, fora dos artigos. Podemos conhecer isso em uma realidade prática", reforça.
De acordo com o estudante, atividades como essa transformam o conteúdo em algo palpável. "Tornam a aula mais leve, envolvente e significativa. A visita mostrou como a curiosidade e a necessidade podem gerar conhecimento técnico e científico e que é possível buscar soluções sustentáveis mesmo em todas as realidades", afirma.
Segundo o monitor, a experiência despertou "a vontade de contribuir para que esse tipo de conhecimento receba ainda mais visibilidade, mostrando que a sustentabilidade não é apenas um conceito, mas um modo de viver e criar dentro das próprias possibilidades". Certo da contribuição que a atividade trouxe para si e para os colegas, conclui: "É um tipo de vivência que amplia nossa percepção sobre inovação e criatividade. Com certeza vou levar comigo pro resto da vida".
Sobre a relação da atividade com a disciplina, o professor Claudio Renato Moraes da Silva destaca: "Mauro Lee trouxe seu conhecimento prático, concreto e experimentado, para ressignificar o conteúdo abordado em sala de aula. As saídas de campo são complementares, são experimentos, são vivências e momentos de cheque do ensino das salas de aulas com as realidades. Todas têm resultados e frutos positivos a plantar e a colher nos estudantes aprendentes".
O professor conta que a atividade ocorreu em um cenário de diminuição do orçamento e distribuição de recursos nas instituições federais de ensino superior. Essa nova realidade, diferente do ano passado, quando o curso levou os estudantes para visitar a Casa de Cultura Mário Quintana e a Biblioteca Pública do Estado, em Porto Alegre, por exemplo, leva a trabalhar alternativas. "Frente à indisponibilidade das saídas no curso de Biblioteconomia, a disciplina busca, no entorno, potenciais. Potentes pessoas e ações, que possam vir a somar", completa. Tudo para manter viva a oportunidade de aprendizado.