Em comemoração ao Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, celebrado no dia 8 de julho, a Secretaria de Comunicação (Secom) em parceria conjunta com a Agenda Social e Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propesp), dá continuidade à série de entrevistas com pesquisadoras dos quatro campi: Rio Grande, São Lourenço do Sul, Santo Antônio da Patrulha e Santa Vitória do Palmar.
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Confira a entrevista com a pesquisadora abaixo.
A tua área de pesquisa é pautada pelas questões socioambientais visando uma política ecológica ambiental justa. Nesse sentido, considerando o cenário dos últimos anos de diversos ataques às políticas ambientais, como tu enxerga o papel da contribuição científica para combater estes ataques?
Tatiana: A Ciência pode contribuir com análises sistêmicas, de forma a focar nos aspectos estruturais que são problemáticos à política pública e qualificar o debate público. Sem a contribuição da ciência, pode haver análises especulativas e descoladas da realidade, com o intuito de validar interesses particulares.
E como aproximar este conhecimento produzido na universidade da população em geral?
Tatiana: Em primeiro, o conhecimento necessita ser produzido em diálogo com a sociedade (ou aqueles interessados), no sentido de acolher suas questões e expectativas. Em segundo, é preciso ampliar a divulgação dos resultados e em linguagem acessível as pessoas comuns, ou seja, para além dos pares. Isto é um grande desafio. No primeiro caso, a pesquisa necessita ser mediada pela extensão e para tal, precisamos ainda reconhecer sua importância e qualificar a formação da comunidade acadêmica (inclusive pesquisadores/as). No segundo caso, a divulgação necessita envolver profissionais qualificados, bem como, estrutura adequada a produção dos conteúdos em diálogo com a sociedade.
Como tem sido o seu trabalho no Laboratório Interdisciplinar MaréSS - Mapeamento em Ambientes, Resistência, Sociedade e Solidariedade?
Tatiana: O Laboratório MaréSS é um espaço que articula ensino, pesquisa e extensão de forma indissociável e comprometida com os grupos populares. Trabalhamos com pescadores e pescadoras, especialmente pela luta por justiça ambiental. Também atuamos junto aos agricultores familiares, no fortalecimento de sua cadeia produtiva e na popularização do uso da biodiversidade. E, junto a outros grupos, atuamos no processo de gestão de empreendimentos de economia solidária. Por fim, temos atuado de forma a qualificar os instrumentos e políticas associadas à gestão ambiental pública.
Quais são as perspectivas futuras de sua área de pesquisa?
Tatiana: A ideia é seguirmos nesta linha de atuação, articulando pesquisa-extensão e fortalecendo o ensino de graduação e pós-graduação.
Qual conselho você daria para quem deseja seguir carreira na área da ciência e pesquisa?
Tatiana: A carreira como pesquisador é muito desafiadora, mas ao mesmo tempo muito gratificante. Em especial, em nosso país, a maior parte dos pesquisadores atuam também como docentes, de forma a pesquisa contribuir diretamente com a formação das pessoas. A proposição de pesquisas articuladas à extensão oportuniza, também, a formação cidadã.