COOPERATIVISMO

FURG-SLS participa de Encontro Regional Sul Jovens e Mulheres em Cooperação pela Agricultura Familiar e Economia Solidária

Evento problematizou a falta de jovens e mulheres em posições de liderança junto às cooperativas

Na última quinta-feira (13), estudantes da FURG São Lourenço do Sul, em sua maior parte vinculados ao curso de Gestão de Cooperativas, acompanharam o “Encontro Regional Sul Jovens e Mulheres em Cooperação pela Agricultura Familiar e Economia Solidária”, realizado na sede da Cooperativa de Crédito Rural e Comércio de Interação Solidar (Cresol), situada na localidade de Boa Vista, interior de São Lourenço do Sul.

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O evento foi organizado a partir de uma parceria entre a Cooperativa dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Coopertraf) e a União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes). O objetivo principal foi problematizar a falta de jovens e mulheres em posições de liderança junto às cooperativas.

Representante da Coopertraf e da Unicafes na região, a gestora ambiental e graduanda em Gestão de Cooperativas Jéssica Fisher conta que o encontro se vincula a uma série de ações que estão sendo desenvolvidas no Rio Grande do Sul pela Unicafes com cerca de quinze cooperativas, selecionadas a partir de uma chamada pública. O intuito é fortalecer as redes de comercialização e produção da agricultura familiar no estado, bem como ampliar o debate sobre determinados temas sociais que impactam o movimento cooperativista.

“A Unicafes é uma organização de cooperativas que se propõe a articular e representar politicamente também as pautas das cooperativas da agricultura familiar e um dos princípios do cooperativismo é a preocupação com a comunidade e a participação democrática, a autogestão. Então estar discutindo com esse público, que são mulheres e jovens que geralmente não estão tão à frente assim das cooperativas é uma forma de estar movimentando e transformando a realidade”, diz Jéssica, destacando que mais ações estão previstas para os próximos meses.

Na oportunidade, a professora e coordenadora do curso de Gestão de Cooperativas, Márcia Umpierre, realizou a palestra “Educação para a cooperação como estratégias para fortalecimento da organização social e geração de trabalho e renda: Contribuições da educação emancipatória para o fortalecimento de participação de mulheres, experiências, perspectivas e desafios”. Além da articulação com o curso de Gestão de Cooperativas da FURG, o evento contou com a presença de representantes do projeto Pancpop e da Incubadora de Empreendimentos de Economia Solidária (Ineesol), vinculados à universidade.

Também participaram da atividade estudantes e docentes da Escola Família Agrícola da Região Sul (Efasul), o mandato do deputado estadual Zé Nunes (PT-RS) e representantes de cooperativas parceiras de diversas regiões do Rio Grande do Sul, como Cooperativa Mista de Pequenos Agricultores da Região Sul (Coopar); Cooperativa União dos Agricultores Familiares de Canguçu; Cooperativa de Turuçu (Cooperturuçu); Cooperativa Agropecuária de Sertão Santana (Coasa); Cooperativa Agropecuária Centrosul (Coopacs); Cooperativa de Produção Agropecuaria do Pampa Gaúcho (Coopampa), e Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas (Coomafitt).

O papel das mulheres no cooperativismo

Para a acadêmica de Gestão de Cooperativas Taís Reisderfer, o evento foi gratificante por possibilitar um espaço para que os presentes compartilhassem suas angústias, ao mesmo que se fortalecerem mutuamente. A partir das discussões trazidas, Taís reflete sobre o papel das mulheres junto ao cooperativismo: “Estamos cercadas por uma sociedade com o machismo enraizado em suas entranhas, onde por muitas vezes não há espaço ou oportunidades para indivíduos do sexo feminino, onde somos desvalorizadas e criticadas por falarmos, por possuirmos convicções e sobretudo por não nos calarmos. É hora, ou melhor, já passou da hora de podermos decidir. Pois nós mulheres podemos e devemos decidir, podemos sim ser donas de casa, mas também podemos e temos total capacidade de ocuparmos espaços de lideranças, como diretorias de cooperativas e empresas”.

Já Jéssica, como integrante da organização do evento, diz que uma das preocupações da equipe foi discutir os papéis de gênero junto aos homens. “A gente sabe que historicamente as mulheres ficaram nesse espaço privado, e precisamos ter um esforço para que se construam outros espaços que tragam essas mulheres e que elas não fiquem sobrecarregadas. Então no evento também tinham homens para que possamos contar com a ajuda deles para que a gente construa espaços para inserir as mulheres na gestão”.

O estudante do curso de Agroecologia, Mauricio Sousa Lima, relata que gostou de participar da atividade. “O encontro foi um momento de celebração da união, da cooperação e do empoderamento das mulheres em todas as esferas da vida. E isso, com certeza, deve ser valorizado e compartilhado para que outras mulheres também possam se inspirar e fazer a diferença em suas comunidades. Para mim foi muito confortável estar em um evento como esse, vendo como o trabalho das mulheres ali envolvidas faz grande diferença na organização e nas dinâmicas”.

Cooperativismo como possibilidade de permanência da juventude rural

Como explica Jéssica, a iniciativa da Unicafes e da Coopertraf também busca fomentar a permanência de jovens do campo, possibilitando alternativas de atuação, tema que foi igualmente discutido no encontro. “Muitas vezes há conflitos entre as gerações nas propriedades. O jovem tem saído muito do campo, então a gente tem feito esse movimento, essa mobilização, no sentido de buscar alternativas para que esse jovem também esteja permanecendo”, ressalta.

A estudante Taís considera que a evasão de jovens da zona rural pode ser explicada pela falta de oportunidades. “Quando o jovem se vê num cenário pouco favorável para seu desenvolvimento, ele busca cenários mais promissores. É sem dúvida revoltante ver uma sociedade que passa por cenários de inovação constante seguir tão retrógrada com pautas tão importantes. E este tipo de evento e/ou iniciativa se faz cada vez mais necessário, para que haja algum tipo de evolução”.

 

 

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Evento problematizou a falta de jovens e mulheres em posições de liderança junto às cooperativas

Foto: Divulgação