Na tarde desta última sexta-feira, 11, o reitor Danilo Giroldo participou das solenidades de inauguração da Capela da Capilha, após um intenso trabalho de restauração. Em 2006, equipes de engenharia, arquitetura, história e arqueologia da universidade iniciaram um processo de levantamento histórico para a elaboração de um relatório, para embasar o efetivo restauro do espaço.
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Durante a inauguração, a comunidade local se fez presente em massa, destacando a importância que o espaço representa para a região em que se insere. “Só foi possível chegar neste resultado pois cada um destes atores sociais cumpriu seu papel, além da própria comunidade, que guardou artefatos e zelou pelo ambiente. A execução desse projeto é também muito importante para uma série de profissionais que se envolveram durante a execução e o planejamento de diversas etapas desse trabalho; a coroação desse processo é também a realização de um sonho para muitas dessas pessoas”, adicionou o reitor.
O envolvimento da FURG: mais de uma década de sonho
Em 2006, a universidade, em conjunto com o poder público municipal e das entidades eclesiásticas, inicia um processo de estudo e levantamento histórico da região para descobrir mais detalhes sobre o lugar, visando o futuro restauro da Capela de Nossa Senhora da Conceição. Em 2010, quatro anos após o início dos trabalhos, a FURG, por meio do então reitor João Carlos Brahm Cousin, entregou à Diocese do Rio Grande uma pasta com diversos documentos e estudos viabilizados durante o processo.
De acordo com a professora da Escola de Engenharia, Rita Gnutzmann Veiga – na ocasião arquiteta e urbanista da Pró-reitoria de Infraestrutura (Proinfra) e uma das coordenadoras do trabalho -, o compilado levantado pela FURG até então continha o projeto arquitetônico para restauro da capela, incluindo levantamento cadastral detalhado, estudo histórico e arqueológico, estudo de argamassas, análise de estabilidade da edificação, além de uma proposta para a praça. O levantamento foi pautado em estudos arqueológicos, de arquitetura e de engenharia, contando com o trabalho de professores, estudantes e técnicos da Proinfra, da Escola de Engenharia (EE), e da primeira turma de Arqueologia da universidade - curso que iniciou suas atividades em 2009.
“O projeto foi um marco para a FURG, que na ocasião destinou recursos que possibilitaram às equipes de arqueologia, permanecerem por mais de 30 dias em escavações no local, trazendo hipóteses importantes sobre a formação do lugar, nas históricas disputas pelos territórios do sul do país por portugueses e espanhóis. Os estudos mostraram que a construção da edificação é muito anterior à inscrição feita pela comunidade na fachada da igreja, provavelmente no final do século XVIII, com provável origem militar, tendo sofrido reforma importante de embelezamento após 1846, e que deu à sua fachada principal e altar a atual característica arquitetônica. Todo esse trabalho, incluindo os documentos de projeto, está relatado em livro publicado pela Editora da universidade em 2016, intitulado Capilla: Capela Nossa Senhora da Conceição. Pensando o Restauro, Planejando o Futuro”, declarou Rita.
Em 2014, a comissão para elaboração do projeto de recuperação da capela recebeu o Prêmio Memória da Arquitetura, promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, em vista da importância dos estudos para a preservação da memória regional e para a salvaguarda da edificação. Em 2020, o projeto passa a tomar ainda mais forma, quando a Secretaria da Cultura municipal, por intermédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) assinou um termo para custear a restauração da capela.
O processo de mais de 15 anos teve o seu devido desfecho na tarde da última sexta-feira, 11, quando reuniu autoridades e comunidade local para a cerimônia de inauguração da capela. O ato foi dividido em três atividades, sendo a primeira uma peregrinação com a imagem de Nossa Senhora da Conceição, saindo da Vila da Quinta até a Capilha. Em seguida, foi rezada uma missa campal e, por fim, procedeu-se com a cerimônia de entronização da imagem de Nossa Senhora da Conceição.
“Sobre o futuro, também estamos colaborando com o Plano de Desenvolvimento da Capilha, com algumas parcerias com a prefeitura para atuar em determinadas frentes para que o reparo da capela não fique isolado. Dessa forma, podemos continuar qualificando a vida da comunidade local, e assim, também valorizando este lugar de imensa riqueza e valor histórico”, concluiu o reitor.
