AGENDA SOCIAL

Projeto Gurias na Ciência é destaque no Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

Criada em 2022, a ação promove uma série de atividades voltadas à valorização do fazer científico feminino

Neste sábado, 11, é celebrado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, liderada pela ONU Mulheres em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com o intuito de dar visibilidade para pesquisadoras femininas, para que a celebração das conquistas das mulheres na ciência inspire outras a seguirem o caminho científico, a fim de alcançar à igualdade de gênero na ciência.

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Para marcar esta data, a Secretaria de Comunicação (Secom) da FURG conversou com integrantes do projeto de extensão “Representatividade feminina, científica e inserção social a partir do Programa de Pós-graduação em Química Tecnológica e Ambiental (PPGQTA): Gurias na Ciência” – que integra o Programa de Pós-graduação em Química Tecnológica e Ambiental, Centro de Estudos Ambientais, Ciência e Matemática (Ceamecim), Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e Núcleo de Inclusão (Paene campus Santo Antônio da Patrulha).

 Segundo a docente da Escola de Química e Alimentos (EQA), Vânia Lima, que coordena o projeto, a instituição deste dia feita por órgãos importantes como a Unesco e a ONU, proporcionou a fomentação de programas de incentivo e uma maior visibilidade para a pauta, alcançando a sociedade. “Desde 2015, nós vemos importantes institutos como a Fiocruz, centros tecnológicos e universidades públicas criando espaços e páginas para abordar a temática da representatividade feminina na ciência; isto é realmente um progresso, e temos a possibilidade de vislumbrar a equidade a partir da valorização de profissionais cientistas mulheres”, destaca a coordenadora.

Entretanto, ainda que a representatividade feminina na ciência seja cada vez mais incentivada, dados do relatório “Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemáticos (STEM)”, elaborados pela Unesco, apontam que em 2021 menos de 30% dos pesquisadores no mundo são mulheres. A pesquisa aponta também que o número de mulheres reconhecidas em cargos de liderança ou por meio de premiação permanece baixo.

Por isso, a professora enxerga a celebração da data como uma oportunidade para contemplar as diversidades socioculturais entre as pesquisadoras, além de divulgar o trabalho científico delas. Essa perspectiva da comemoração é também um dos objetivos do “Gurias na Ciência”, como é conhecido o projeto criado em 2022, durante a celebração dos 15 anos do PPGQTA.

A ação surgiu a partir de iniciativa de Vânia, ao observar as atividades externas relacionadas à participação das mulheres na ciência, da coordenadora à época do PPGQTA, Daiane Dias, que também integra a equipe de trabalho. A docente colaborava com outras universidades atuando para a promoção dos eventos dessa temática, como, por exemplo, o IUPAC Global Women’s Breakfast, que acontece em um único dia do mês de fevereiro de cada ano em conjunto com o Dia das Mulheres e Meninas na Ciência. Vania pensou assim em complementar tais atividades a partir de ações internas no próprio PPGQTA. Para a celebração dos 15 anos do PPGQTA, a ideia inicial da comissão organizadora era fazer uma série de vídeos sobre mulheres na ciência e apresentar ao PPG mensalmente, mas um coletivo se formou dentro do Programa, e os objetivos aumentaram, levando as atividades do grupo para fora da universidade.

Dessa forma, a fim de ampliar esse debate na FURG, e com o objetivo de divulgar o trabalho de mulheres cientistas para a comunidade universitária, alunos e alunas do ensino médio e fundamental nas escolas públicas e periféricas dos municípios de Rio Grande e de Santo Antônio da Patrulha, e para a sociedade em geral, o “Gurias na Ciência” foi criado.

“O projeto também pretende incentivar e viabilizar a entrada das estudantes de ensino fundamental e médio na universidade, assim como contribuir para ampliar a representatividade da mulher brasileira, na sua pluralidade, em variados campos de estudo e trabalho”, reitera a professora Vânia.

Cartilha inclusiva

Após uma união com profissionais associadas ao PPGQTA que trabalhavam com cartilhas inclusivas no Campus Santo Antônio da Patrulha (SAP), o Gurias na Ciência propôs a criação da cartilha intitulada “Mulheres na Ciência que Você tem Acesso e Poder de Compartilhar Informação”. O objetivo do material é atingir alunos e alunas do ensino médio e fundamental nas escolas públicas e periféricas, de forma a incentivar estes estudantes a ingressarem na universidade no futuro, a partir do trabalho de cientistas mulheres.

A cartilha (publicada pela Edgraf/FURG) começou a ser distribuída em novembro de 2022, em escolas rio-grandinas e patrulhenses. De acordo com a organização, as escolas contempladas pela ação do PPG até o momento foram a Escola Estadual de Ensino Médio Marechal Mascarenhas de Moraes (Rio Grande), e Escola Estadual de Ensino Médio Patrulhense, Escola Estadual de Ensino Médio Gregória de Mendonça, Instituto Estadual de Educação Santo Antônio e Escola Municipal Laureano (Santo Antônio da Patrulha).

Segundo a doutoranda do PPGQTA, que integra o projeto Gurias na Ciência, Alessandra Gomes da Costa, o material possui em suas primeiras páginas uma apresentação que visa uma aproximação da instituição com a comunidade local. “Uma das nossas explicações na parte introdutória da cartilha é aproximar em uma linguagem mais simples e mostrar a pesquisa que a gente faz dentro da universidade e mostrar os diferentes perfis que nós temos nessa instituição”, destaca a discente.

Ainda sobre o conteúdo da cartilha, 13 cientistas associadas ao PPG são retratadas com suas fotos e avatares, além de uma linha do tempo das suas trajetórias até o presente momento, acompanhada de uma frase que demonstra o olhar individual das autoras sobre a ciência e suas áreas de trabalho.

“As cientistas têm diferentes origens e perfis, são formadas em escolas e universidades públicas, provindas seja de zonas urbanas, rurais ou periféricas. Também esperamos gerar pontos de identificação e a esperança de que, se nós conseguimos realizar nossos sonhos, os estudantes poderão também”, finaliza a coordenadora Vânia.

Equipe:

Designer da capa - Alessandra Gomes da Costa

Diagramação da capa - Murilo Borges

Ilustração da capa - Ana Clara Tissot

Avatares - Emanuele Ferreira Lessa

Formatação e Diagramação - Cínthia Pereira

Catalogação na Fonte - José Paulo dos Santos

Autoras - Alessandra Gomes da Costa; Aline Machado Dorneles; Alini Mariot; Daiane Dias; Eliana Badiale Furlong; Emanuele Ferreira Lessa; Márcia Victória Silveira; Rosilene Clementin; Tainá Maria Saúgo; Vanessa Gervini; Vânia Rodrigues de Lima

Outras ações do projeto

Para além da distribuição das cartilhas, o Gurias na Ciência também atua promovendo palestras sobre mulheres cientistas cujo trabalho teve repercussão mundial em diferentes épocas em escolas estaduais e municipais dos municípios de Rio Grande e Santo Antônio da Patrulha, e também na própria FURG. Um exemplo disso foi a apresentação da equipe na XII Semana Acadêmica da Física (SAFís), que aconteceu entre os dias 7 e 11 de novembro, sobre a vida da cientista Marie Curie, a única mulher que recebeu o prêmio Nobel duas vezes (em 1903, de Física, e 1911, de Química) e responsável por descobrir novos elementos químicos, como também princípios da Física atômica e radioatividade.

 No dia 1° de dezembro, integrantes do projeto participaram do I Seminário de Inclusão da Diversidade, coordenado por uma das autoras da cartilha inclusiva, Alini Mariot, no plenário da Câmara de Vereadores de Santo Antônio da Patrulha. Na ocasião, além de uma palestra promovida pelo PPGQTA, também houve a distribuição da cartilha. Este apoio ao Inclusão da Diversidade faz parte de uma prática recorrente do Gurias na Ciência, para auxiliar projetos vinculados à FURG e demais universidades.

“Trabalhamos, buscamos parcerias e divulgamos ações de outros projetos que nos inspiram, como por exemplo, o “Gurias Digitais”, da professora Karina Machado do Centro de Ciências Computacionais (C3/FURG); o “Multiplicar e Dividir”, da docente Nadja Costa (IFSul/Pelotas); os projetos sobre mulheres negras na ciência,  da professora Cassiane Paixão (Ichi/FURG); e o “Reatividade em Ciência”, ao qual participa a professora Tatiane Maranhão (UFSC)”, explica Vânia.

Ainda no mesmo mês, a iniciativa recebeu no Campus Carreiros a visita do projeto social Garotas Brilhantes, desenvolvido pela Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra), que integra o conselho da Organização das Nações Unidas (ONU).

A ação contou com a recepção da equipe do projeto Gurias na Ciência, da Diretora em exercício da Escola de Química e Alimentos (EQA), professora Elisangela Radmann, além de atividades em dois laboratórios da FURG: o Laboratório de Química Orgânica da EQA e o Laboratório de Ensino de Oceanografia Química (LEOquim) do IO. Em ambos, foram feitas análises e experimentos supervisionados pelos técnicos e professores das unidades. 

No canal do YouTube do PPGQTA, o projeto realiza uma série de lives intitulada “Mulheres na Ciência”, que contempla temas como índices associados a gênero na ciência, assédio, maternidade, cientistas negras, projetos sociais, além de reflexões e olhares dos homens cientistas sobre a equidade de gênero no ambiente científico.

Por fim, a ação também possui uma página no Instagram, com o mesmo nome do projeto @guriasnacienciafurg. Lá, o grupo divulga as suas ações, sendo o principal canal de comunicação entre a equipe e a sociedade.

 Futuro do projeto

Em 2023, o Gurias na Ciência já definiu um plano de ações, que incluem continuar com a distribuição da cartilha inclusive para mais 6 escolas estaduais de Rio Grande, além de confeccionar uma versão digital (e-book) da mesma para disponibilizar ao público em geral. Quanto à série de lives no YouTube do PPGQTA, a ideia é seguir com a realização das palestras e criar um e-book com o material explanado. Outra intenção do projeto é realizar uma exposição na Feira de Ciências da 49ª Feira do Livro da FURG, que ocorrerá de 5 a 16 de abril, e também serem contempladas como autografantes do evento. 

“Somos esperançosas, e esta esperança nos motiva. Quando vemos o olho de uma menina brilhar ao ver um experimento, a motivação de mulheres cientistas após assistir a uma palestra com a qual ela se identifica enquanto cidadã, assim como quando vemos os estudantes das escolas se motivarem a incentivar suas colegas após ver como os homens cientistas do PPG apoiam o nosso projeto”, destaca a coordenadora Vânia Lima.

 

 

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