ENSINAR E APRENDER

A aventura de ser professor: na FURG, programas incentivam formação e qualificação docente

Cursos de Licenciatura, especialização para rede pública e formação continuada são algumas das ações

Foto: Daniel Correa/Arquivo Secom
Cerca de seis jovens rapazes aparecem na foto. Quatro estão de costas, dois estão de frente, diante de uma mesa, em que testam equipamentos. Ao fundo, atrás deles, aparece um banner em que se lê: "Licenciatura em Matemática"

No Dia do Professor, comemorado nesta semana, a FURG celebrou a data com as palavras de Paulo Freire: “Ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, da boniteza e da alegria”.

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A efeméride remonta a uma reflexão, que talvez perpasse a trajetória de todos aqueles que se aventuram a estar numa sala de aula como ocupação: o que é preciso saber para se tornar um professor?

Antigamente, o professor iniciava sua trajetória docente tendo obtido todos os conhecimentos considerados necessários para a atuação profissional. Estava pronto, acabado. Mas hoje, o professor é um grande aprendiz. A reflexão é feita por Simone Anadon, professora da universidade que desde 2017 está à frente da Diretoria Pedagógica (Diped) da FURG. “Se envolver com ensinar é se envolver com aprender. É uma grande aventura aprender o tempo inteiro. Aprender nunca se esgota”, afirma.

Com o Programa de Formação Continuada na Área Pedagógica (Profocap), a universidade oferece momentos de formação para docentes, em que oportuniza espaços para as trocas pedagógicas. Em 2019, os cursos passaram a ser ofertados pela Pró-reitoria de Graduação em parceria com a Pró-reitoria de Gestão de Pessoas e, em pelo menos uma das formações, professores e técnicos estiveram juntos.

“Um técnico da universidade não é só técnico, ele é educador também. Se o pedagógico não andar junto com o seu fazer técnico, é fácil a universidade virar empresa. Nosso objetivo é a formação de gente, não só de profissionais”, diz Simone, que defende mais momentos de encontros entre professores e técnicos.

Perfil docente na FURG

Seria impossível falar em “um professor universitário”. São professores, no plural, com perfis muito diferentes, conforme observa Simone. Ela avalia que as políticas de ampliação no acesso ao ensino superior levaram não apenas a uma mudança no perfil de estudantes, mas também no perfil docente.

Um dos principais desafios que a diretora pedagógica percebe para a formação continuada é a sensibilização dos professores para a compreensão da docência como uma atividade de complexidade muito maior do que há pouco tempo se imaginava. “Como se relacionar com o outro, que é diferente de mim?”, questiona. E aponta como solução a compreensão do aspecto humano envolvido no ensinar e no aprender.

E quanto às competências necessárias para ser professor? Mesmo que deixe a questão em aberto, Simone aposta nas diferentes vivências que formam o professor, para além das acadêmicas, e que possibilitam encontros de humanidades, de compreensão, de diálogo. “Um dos problemas muitas vezes é um embate geracional. Ninguém nos ensinou a sair de nosso lugar. Nos ensinaram a ter certezas. Hoje  o momento é de transição. E tudo é muito aligeirado”.

Formação de novos professores

Ao perguntar a uma turma de terceiro ano de Ensino Médio quantos alunos desejam ser professores, provavelmente, o interlocutor verá poucas mãos erguidas. O fato de a profissão não ser tão desejada pelos mais jovens, na visão de Simone, passa pela questão do reconhecimento profissional. “Enquanto o professor não for valorizado, é uma tarefa difícil”. Mas destaca a importância da formação de novos professores e as realizações que a profissão traz. “A docência envolve amor. Um amor engajado, não idílico. É um amor que se coloca no lugar do outro, que quer mudar vidas”.

A FURG tem 2060 estudantes em cursos de Licenciatura, que se tornarão professores nas áreas de Artes Visuais, Ciências, Ciências Biológicas, Ciências Exatas, Educação do Campo, Educação Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Química. Além disso, há mais de 1500 estudantes de pós-graduação em mestrados acadêmicos e doutorados, cuja formação os capacita também para a docência.

Para incentivar a formação de novos professores e construir um espaço que possibilite trocas entre aqueles que escolhem a docência como caminho profissional, a universidade trabalha no desenvolvimento do portal Profissão Professor. O site trará depoimentos de professores sobre o fazer docente e busca se consolidar como espaço de trocas entre as diferentes licenciaturas. A iniciativa é do Pangea, grupo gestor das políticas de formação de professores na FURG, e desenvolvida pela Didep e pela Secretaria de Comunicação (Secom).

Especialização gratuita na área de Ciência

Outra iniciativa da FURG para a formação docente é a oferta de especialização no ensino de Ciências para professores que atuam na área de Ciências na rede pública, nos anos finais do Ensino Fundamental (6º a 9º ano). O curso é parte do programa “Ciência é Dez”, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC).

A especialização é à distância e organizada em três módulos, totalizando 480h, com a realização de dois encontros presenciais por disciplina a cada mês. O início das atividades está previsto para março de 2020. As oportunidades são destinadas às regiões atendidas pelos polos da FURG de Rio Grande (60 vagas), Bagé (50), Cachoeira do Sul (40), Mostardas (30), São Lourenço do Sul (30) e Santo Antônio da Patrulha (30). As inscrições devem ser feitas no Sistema de Inscrições da Pós-graduação até 1º de novembro.

A FURG possui mais uma série de iniciativas que colaboram para a formação de professores, que serão abordadas ao longo desta semana. 

 

Galeria

Uma mulher aparece com o microfone à mão. Ao fundo da foto, tudo está escuro. Ela aparece de perfil, apenas o rosto e busto.

Simone Anadon, durante o encerramento da MPU em 2018

Lara Nasi/Secom