No último dia 25, o projeto de extensão “Mutirão e Remada Ambiental para a Limpeza e Conservação dos Ambientes Aquáticos na Terra de Todas as Paisagens: Por Terra e Água”, do Campus FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS), realizou a terceira etapa da ação “Família Guardiã das Águas”, em parceria com a Escola Estadual de Ensino Fundamental Vicente Di Tolla e com a Cooperativa de Reciclagem Cooperforte.
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O projeto é estruturado em três etapas. A primeira foi realizada na escola, com uma roda de conversa que apresentou o Mutirão e Remada Ambiental aos estudantes.
Na segunda etapa, os alunos visitaram a Cooperforte, participando de uma oficina sobre reciclagem e colaborando em um diagnóstico socioambiental junto a professores e familiares, que buscou compreender como as famílias lidam com os resíduos sólidos, se fazem a separação correta, destinam adequadamente para a reciclagem e como percebem a gestão do lixo em seus bairros.
Já a terceira etapa consistiu em um mutirão de limpeza no entorno da escola, momento em que estudantes e famílias aplicaram os conhecimentos adquiridos, contribuindo diretamente para a preservação do espaço comunitário.
A Escola Vicente Di Tolla é a primeira instituição de ensino a integrar a iniciativa, que combina educação ambiental, práticas de conscientização e incentivo à formação de hábitos sustentáveis.
De acordo com os organizadores da ação, a proposta deve ser expandida futuramente para outras escolas do município, com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, Desporto e Cultura (SMEDC).
Para a docente Patrícia Lovatto, coordenadora do projeto, a ação teve como objetivo mostrar aos estudantes os impactos do descarte inadequado de resíduos sólidos e como esse lixo pode gerar renda.
“Aquele lixo que está impactando a fauna da Lagoa e dos Arroios, que está contribuindo para os alagamentos, que está contribuindo para as doenças vinculadas a essa destinação inadequada, pode se transformar em renda para as famílias, não só para as famílias cooperadas da Cooperforte, mas para as famílias daquele bairro que, através da reciclagem, também podem diversificar sua renda”, destacou.
Participação da escola
A atividade contou com a participação das professoras de Ciências, da professora de Matemática e da professora de Português da escola, envolvendo uma ação interdisciplinar.
Na ótica de Luciana Klein Herrmann, egressa do curso de Educação do Campo (com ênfase em Ciências da Natureza e Ciências Agrárias) da FURG, pós-graduada em Metodologia de Ensino de Ciências Biológicas e professora de Ciências da escola, a vivência teve grande impacto entre os estudantes.
“O principal aprendizado foi que, se cada um fizer sua parte, contribuímos muito com a natureza e o bem-estar da nossa cidade. Ciências é vida, Ciências engloba todas as áreas, não tem como trabalhar Ciências sem interdisciplinaridade, e o lixo, querendo ou não, faz parte do nosso dia a dia. Ele é fruto do capitalismo e do consumo exagerado de produtos industrializados; tudo que a sociedade adquire um dia vai parar no lixo, que, na maioria das vezes, não tem seu destino adequado”, observou.
Luciana reforça a importância da educação para a sustentabilidade e destaca que é obrigação de todos ensinar crianças e adolescentes sobre o impacto de suas ações e que reduzir, reutilizar e reciclar são caminhos para um mundo melhor.
“É plantando essa sementinha neles que podemos contribuir com uma sociedade mais consciente dos nossos deveres e obrigação com a natureza”, enfatizou.
A sensibilização também ganhou espaço por meio da arte. A professora de Língua Portuguesa Rosemeri Mota Pereira compôs uma música autoral sobre os impactos do lixo e a importância da reciclagem, mostrando que a conscientização passa também pela emoção.
“Creio que a ação é de grande valia, pois os estudantes certamente levarão para casa os ensinamentos vivenciados e aprendidos. Esperamos que, a partir de agora, deem mais valor e atenção à natureza, sendo também mais responsáveis, principalmente em relação ao lixo”, afirmou.
Impacto ambiental e social
A Cooperforte teve papel fundamental na ação, levando bags para a coleta, além de balanças para a separação e pesagem do material.
Em cerca de duas horas de atividade, Patrícia relatou que foram recolhidos 130 kg de resíduos sólidos em apenas 200 a 300 metros de caminhada às margens do arroio. O material, avaliado em aproximadamente R$ 75,00, foi destinado à cooperativa e convertido em renda para as famílias cooperadas.
Segundo Andressa Pereira Medeiros, catadora e integrante da Cooperforte, a experiência com os alunos reforça a dimensão social da reciclagem.
“Se eu me preocupo em separar o material reciclável que produzo na minha casa, e esse material vai beneficiar outras pessoas, automaticamente eu reduzo a produção de lixo em torno do arroio e também diminuo a quantidade no aterro sanitário, somando para contribuir na renda de quem exerce o trabalho ambiental como os catadores de materiais recicláveis”, disse.
Andressa ainda acrescenta que muitos estudantes se surpreenderam com a possibilidade de comercialização do material reciclável e com o fato de que muitas famílias vivem desse trabalho.
“Infelizmente muitos ainda não veem como um trabalho igual a qualquer outro; precisamos mudar e trabalhar para mudar essa visão”, comentou.
Por outro lado, a ação contribui para a garantia de um planeta mais sustentável e mostra aos alunos que o lixo que produzem pode se transformar em renda para algumas famílias.
“Uma das partes mais positivas é que a comunidade, e principalmente os alunos, já têm uma visão ambiental bem forte. Muitos se empenharam na limpeza em torno do arroio, demonstrando preocupação com as águas e com os animais que ali vivem”, concluiu Medeiros.