Sustentabilidade

Ineesol e Laboratório Maréss promovem seminário com mais de 80 pessoas sobre resíduos sólidos em São Lourenço do Sul

Evento reuniu informações sobre a gestão municipal de resíduos e incentivou reflexões sobre reciclagem, compostagem e propostas futuras

No último dia 16 de julho, a Incubadora de Empreendimentos de Economia Solidária (Ineesol) e o Laboratório Interdisciplinar Mapeamento em Ambiente, Resistência, Sociedade e Solidariedade (Maréss), vinculados à Universidade Federal do Rio Grande (FURG), em parceria com a Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis (Cooperforte), realizaram o 1º Seminário de Resíduos Sólidos Urbanos e Rurais, no Grêmio Esportivo Lourenciano, em São Lourenço do Sul.

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A atividade foi organizada pelo projeto de extensão CATASUL, vinculado à Ineesol e ao Maréss, com apoio do Núcleo de Desenvolvimento Social e Econômico (Nudese), da FURG Campus Carreiros, e do Núcleo de Economia Solidária (Nesol), do IFSul.

Com articulação entre ensino, pesquisa e extensão, o seminário mobilizou a comunidade acadêmica da FURG, especialmente do Campus São Lourenço do Sul, envolvendo estudantes, docentes e egressos dos cursos de Tecnologia em Gestão de Cooperativas, Tecnologia em Gestão Ambiental e Agroecologia. 

De acordo com a organização, cerca de 20 pessoas estiveram envolvidas na preparação da programação e mais de 80 participaram do evento, entre gestores públicos, estudantes de diferentes níveis de ensino, educadores da rede básica, catadores de materiais recicláveis e outros integrantes da comunidade.

Reciclagem, compostagem e educação

O seminário teve como objetivo compreender a situação da gestão de resíduos sólidos no município, reunindo dados sobre ações já implementadas, propostas da atual gestão e práticas como reciclagem e compostagem. 

A iniciativa surgiu da necessidade de aprimorar esse processo, reconhecendo os catadores como protagonistas, já que, atualmente, grande parte das ações voltadas ao cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos no município é conduzida pela Cooperforte.

Entre os temas debatidos no evento estiveram o baixo percentual de materiais recicláveis recolhidos, os altos custos com a destinação ao aterro sanitário e a possibilidade de estruturar a gestão de resíduos a partir de tecnologias sociais e maior participação da comunidade.

De acordo com a professora Marcia Umpierre, o seminário foi dividido em duas etapas, com mesas de debate realizadas pela manhã e, à tarde, a organização de grupos temáticos voltados à reciclagem, compostagem e aterros sanitários/áreas de transbordo, com o objetivo de propor encaminhamentos.

Entre as propostas estão a valorização dos catadores, cooperados ou autônomos, e a criação de políticas públicas que incentivem a compostagem domiciliar.

Segundo a docente, a compostagem pode contribuir com a redução de custos da gestão municipal, que atualmente destina seus resíduos ao aterro sanitário em Candiota, além de gerar adubo para hortas urbanas e para a agricultura familiar. 

“O tema da educação ambiental perpassou todos os eixos e mesas de debate no seminário. Os resultados estão sendo sistematizados em um relatório a ser entregue à Prefeitura, com o intuito de contribuir para a melhoria da gestão de resíduos sólidos no município”, afirmou.

Andressa Pereira Medeiros, catadora e cooperada da Cooperforte, também participou da organização do seminário e destacou a importância do evento como espaço de reconhecimento e valorização do trabalho realizado por catadores. 

“É nesse espaço que podemos expressar o quanto esse trabalho é árduo, o quanto é importante para o meio ambiente e como o catador faz diferença na limpeza urbana”, pontuou.

Medeiros também defendeu a ampliação de políticas públicas para o setor, ressaltou que os empregos e a renda gerados pela comercialização dos materiais recicláveis retornam ao município e destacou a responsabilidade individual da população no descarte de resíduos.

"No momento em que você compra suas embalagens, é sua responsabilidade saber para onde elas estão indo, se estão sendo encaminhadas para uma cooperativa de reciclagem, para serem reaproveitadas e retornarem ao ciclo, ou se estão saindo da sua casa direto para um aterro sanitário. Deixo essa reflexão sobre os impactos ambientais que um aterro pode causar nas nossas vidas. Te garanto que, se você separar ao menos o mínimo do seu reciclável em casa, já estará contribuindo para a redução da poluição a céu aberto”, disse.

Além das professoras e estudantes do curso de Gestão de Cooperativas, participaram da organização estudantes da disciplina Fundamentos da Extensão Popular, do curso de Gestão Ambiental, que atuaram na coleta de dados e apoio logístico.

Para Jéssica Fischer, estudante da Gestão de Cooperativas, egressa da Gestão Ambiental, bolsista da Ineesol e agente territorial do Programa Paul Singer, o seminário representou uma experiência de formação pessoal e profissional. 

“Me envolvi desde o início na proposta de organização do evento, e considero que representa um passo importante para a sensibilização da comunidade em geral para qualificarmos a gestão de resíduos sólidos e também para fortalecer e valorizar pessoas e grupos que trabalham com a gestão de resíduos sólidos”, destacou.

Na ótica de Jéssica, momentos como o seminário fortalecem o papel da Universidade pública na formação cidadã e enquanto instituição pública tem um papel social que pode representar espaços de apoio a diversos grupos sociais, qualificando processos organizativos e o acesso a políticas públicas. 

“É gratificante também, depois do seminário, encontrar participantes e receber elogios quanto à realização do evento, pois foi uma construção coletiva que se propõe a olhar para o que tem sido feito, valorizando o que já existe e identificando o que se pode melhorar. É importante termos momentos de avaliação e reconstrução de caminhos, e quando cooperamos e temos como objetivo o bem comum, por mais trabalho e dedicação que se exija, o sentimento é de que vale a pena”, completou.

A Composta São Lou e a Prefeitura Municipal de São Lourenço do Sul apoiaram a realização do seminário, que também contou com a colaboração do mandato da vereadora Grazi Vasques, responsável por ações de mobilização e divulgação. 

“O que contribui para os processos formativos, tanto no ensino, como na pesquisa e na extensão, evidenciando o quanto é fundamental a atuação de forma indissociável, como deve ser a atuação da Universidade”, pontuou Umpierre.

Futuro do seminário

Segundo os organizadores, a ideia é dar continuidade à iniciativa. A proposta é acompanhar os desdobramentos do seminário em São Lourenço do Sul e avançar na construção de uma gestão mais sustentável para os resíduos sólidos.  Como o evento está registrado no projeto de extensão CATASUL, a proposta é também regionalizar o debate.

“Para que se avance na gestão de resíduos sólidos conforme previsto na Lei nº 12.305/2010, são necessárias ações conjuntas entre municípios e a participação das catadoras e dos catadores é essencial”, frisou Umpierre.

Dados levantados em São Lourenço do Sul indicam que 7% dos resíduos gerados no município são reciclados, sendo um número acima da média nacional, de 3%. Desses 7%, 3% são recolhidos pela Cooperforte e 4% por catadores autônomos que comercializam com a cooperativa.

“Isso evidencia a importância das catadoras e dos catadores não apenas para o município, mas para o país”, concluiu a professora.

 

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Evento reuniu informações sobre a gestão municipal de resíduos e incentivou reflexões sobre reciclagem, compostagem e propostas futuras