Em outubro, lourencianos foram surpreendidos com a presença de grandes volumes de material orgânico na orla do município. O fenômeno trata-se do acúmulo de macroalgas que, por emitirem cheiros desagradáveis quando decompostas, preocupa moradores e veranistas, principalmente com a chegada da temporada de férias. Simultaneamente, tem notado-se também o início de esverdeamento das águas da Lagoa dos Patos, processo recorrente na região, principalmente nos meses mais quentes do ano.
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Na ocasião, os pesquisadores destacaram que enquanto o acúmulo de macroalgas nas praias lourencianas não traz prejuízo direto à saúde dos banhistas, o esverdeamento da Lagoa dos Patos pode ser danoso para quem ingressa nas águas do balneário, uma vez que trata-se da floração de cianobactéricas do gênero Microcystis, que são tóxicas.
A hipótese dos pesquisadores é que em ambos os casos os fenômenos sejam decorrentes de desequilíbrios ambientais, originados, principalmente, pela eutrofização da Lagoa dos Patos. A eutrofização ocorre em razão do acúmulo de nutrientes nas águas, principalmente o fósforo e o nitrogênio, provenientes de esgotos e/ou fertilizantes, e é causada pelo despejo irregular de dejetos provenientes dos municípios que são banhados pela Lagoa. Em São Lourenço, orienta-se a atenção aos arroios Carahá e São Lourenço, que deságuam no balneário.
Além disso, algumas condições ambientais específicas do período, como a maior intensidade de radiação solar e a estiagem que acontece no verão, também poderiam fomentar as duas situações, segundo os pesquisadores.
Macroalgas
De acordo com a professora Margareth Copertino, no caso específico das macroalgas, o surgimento do fenômeno em São Lourenço do Sul estaria relacionado à maior descarga de poluição orgânica, responsável por promover o supercrescimento de algas, associado com o aumento da temperatura e o movimento da água e dos ventos. “Essas algas são daqui, elas já existem, mas em quantidades moderadas. Quando aumenta a quantidade de fósforo e nitrogênio, elas também aumentam”, explica.
Segundo ela, apesar das algas se desenvolverem dentro da Lagoa, muitas vezes a quilômetros da costa, são impulsionadas pelos ventos nordeste – mais intensos nesta época do ano – e acabam sendo empurradas para a orla.
Na oportunidade, a pesquisadora também avaliou que o desequilíbrio pode estar ligado com a redução de áreas de juncais em São Lourenço do Sul, uma vez que os juncos servem como berçário de peixes e uma esponja natural da Lagoa para filtrar poluentes.
Apesar de não trazer problemas à saúde humana, Margareth destaca que a presença da biomassa de algas na praia pode trazer prejuízos à população, tanto pela estética e pelo cheiro forte, que pode impactar negativamente o turismo; como à cadeia produtiva da pesca, pois há diversos relatos sobre redes de pescadores que foram avariadas em função do entupimento por algas. Além disso, a longo prazo o fenômeno modificaria o equilíbrio ecológico da região e desencadearia efeitos sobre os organismos que vivem na Lagoa.
Como solução, a pesquisadora recomenda a manutenção dos arroios limpos, com uma maior atenção do poder público à rede de esgoto do município. “A longo prazo, seria melhor para São Lourenço do Sul, para a Prefeitura, para a população e para os turistas se cuidassem da balneabilidade desses arroios que estão despejando água na região” destaca, afirmando que não é possível prever até quando o fenômeno se estenderá e sugerindo a união de esforços entre a universidade e a gestão municipal em processos de monitoramento da qualidade da água da região.