O Coletivo de Entomologia do Campus FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS), em parceria com o projeto PET Gestão Ambiental, recebeu nos dias 26 de junho e 10 de julho estudantes de duas escolas municipais para realizar visitas guiadas aos laboratórios da Universidade.
Entre os participantes estavam alunos do 8º e 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Machado de Assis e crianças do maternal da Escola Municipal de Ensino Fundamental Martinho Lutero, localizada na zona rural do município.
PancPop promove degustação de PANCs na feira de São Lourenço do Sul neste sábado, 1
FURG-SLS realiza atividade na Escola Padre Maximiliano Strauss para aproximar crianças da ciência e de saberes ancestrais
INEESOL promove oficinas com empreendimentos de economia solidária em São Lourenço do Sul
Ciência aplicada
Com foco na importância dos insetos para os ecossistemas e para a vida humana, a visita da escola Machado de Assis abordou os insetos no contexto das cadeias tróficas, destacando espécies ameaçadas como os vaga-lumes (Coleoptera: Elateridae) e sua relação com a conservação das águas da Laguna dos Patos.
No Laboratório de Instrumentação Biológica (LIB), os estudantes conheceram projetos do Coletivo voltados ao controle biológico conservativo e ao uso de fitoprotetores botânicos no manejo agroecológico. Já no Laboratório de Microscopia, os estudantes participaram de uma atividade de observação do solo vivo, considerado essencial para a saúde dos sistemas de produção de alimentos.
A prática provocou reflexões sobre a separação dos resíduos domiciliares e o destino adequado dos resíduos orgânicos, especialmente quando direcionados à compostagem, que contribui para a conservação ambiental. Além disso, os alunos observaram, com o auxílio de lupas estereoscópicas, a fauna de invertebrados presente em uma amostra de substrato originada do processo de compostagem da Casa dos Estudantes do campus.
Durante a atividade, os alunos visualizaram larvas de moscas, besouros, formigas, cupins e outros insetos, relacionando sua presença à importância ecológica desses organismos como detritívoros e agentes fundamentais na formação do solo.
De acordo com Pedro Cardoso, estudante do curso de Gestão Ambiental e integrante do PET Gestão Ambiental, o Coletivo já mantém parcerias consolidadas com escolas por meio do PET Escola. Os planejamentos das instituições atendidas pelo programa frequentemente incluem visitas técnicas aos laboratórios da FURG e oficinas de entomologia, fortalecendo o interesse de crianças e adolescentes pela ciência.
"A integração entre esses dois projetos de extensão tem gerado impactos significativos na educação pública do município. O reconhecimento vem por meio dos feedbacks positivos recebidos, que frequentemente resultam em novos convites para continuidade das ações. Essa colaboração fortalece os laços entre a universidade e a comunidade escolar, promovendo uma troca de saberes concreta, acessível e transformadora", afirmou o estudante.
Conhecimento para além da sala de aula
A visita da escola Martinho Lutero, organizada em parceria com a professora Crissie Ribeiro, teve como diferencial a presença das mães das 12 crianças participantes, com idades entre 3 e 4 anos. Patrícia Lovatto, coordenadora do Coletivo, destacou que a presença das mães durante a visita foi uma grata surpresa.
“A visita foi ainda mais aproveitada, pois as crianças estavam acolhidas e entusiasmadas em fazer seus relatos sobre a relação daquilo que estavam observando com o seu cotidiano. Conseguimos, a partir desta dinâmica, dialogar com as famílias daquelas crianças sobre questões delicadas e urgentes que vimos trabalhando no Coletivo como o sumiço de polinizadores e de insetos importantes para o controle biológico natural das lavouras, como predadores e parasitoides. A visita possibilitou pensarmos, junto da escola, atividades posteriores a serem realizadas com as famílias do campo vinculadas à Martinho Lutero, abordando questões como reconhecimento de danos e insetos nas lavouras e formas de manejo, economicamente viáveis e ambientalmente seguras”, relatou.
Segundo a docente, a participação das famílias permitiu ampliar o diálogo sobre temas sensíveis e urgentes trabalhados pelo Coletivo, como o desaparecimento de polinizadores e a importância de insetos benéficos para o controle biológico natural, como predadores e parasitoides.
"A visita possibilitou pensarmos, junto da escola, atividades posteriores a serem realizadas com as famílias do campo vinculadas à Martinho Lutero, abordando questões como reconhecimento de danos e insetos nas lavouras e formas de manejo, economicamente viáveis e ambientalmente seguras”, completou.
A atividade com a escola foi marcada por ludicidade, acolhimento e troca de saberes. Logo na chegada, as crianças foram recebidas por Thais Prudente, Jaqueline Fischer e pela professora Patrícia Lovatto, caracterizadas como borboleta, joaninha e formiga.
Com fantasias coloridas e falas acessíveis, elas deram início à atividade abordando, de forma lúdica, a importância dos "bichinhos do jardim" para a saúde das plantas e do solo.
A visita surgiu a partir da iniciativa da professora da turma do Jardim B, que buscava uma forma de enriquecer o trabalho pedagógico desenvolvido em sala de aula. Ao saber que a FURG trabalhava com insetos em suas atividades de ensino e extensão, ela identificou a oportunidade de aproximação com a Universidade.
“A visita ao laboratório proporcionou às crianças uma experiência enriquecedora, permitindo a observação detalhada de diversos insetos e animais de jardim. A atividade, planejada em consonância com o tema da feira de ciências, despertou a curiosidade e o interesse dos alunos, que demonstraram grande engajamento ao explorar o ambiente laboratorial. A observação direta, com o auxílio de lupas e microscópios, possibilitou a identificação de características e particularidades desses seres vivos, enriquecendo o aprendizado e preparando o terreno para a apresentação na feira”, compartilhou a professora Crissie.
No Laboratório de Microscopia, acompanhadas pelas mães, as crianças puderam observar diversos insetos e outros artrópodes, como gafanhotos, vespas, lagartas, aranhas, percevejos, moscas e libélulas, enquanto ouviam histórias e também compartilhavam as suas.
A interação entre ciência e saber popular foi um dos pontos altos da experiência, como relatou a estudante de Agroecologia Jaqueline Fischer.
"O encantamento das crianças ao verem os 'bichinhos do jardim', tema que vêm estudando na escola, foi imediato e contagiante. Seguimos para o laboratório de instrumentação biológica, onde, mais do que observar, conversamos. Criamos um espaço de troca entre ciência e saber popular, e tivemos a oportunidade de compartilhar nosso trabalho sobre o manejo agroecológico de insetos, em um contexto que dialoga diretamente com a realidade dessas famílias. Foi emocionante ver como a ciência pode se conectar à vivência do campo de forma tão orgânica. Ver os olhos das crianças brilhando diante da lupa e sentir o interesse das mães reforçou em mim a convicção de que o conhecimento (e a universidade) só cumpre seu papel quando ultrapassa fronteiras e se coloca a serviço do coletivo", destacou Fischer.
Para Fátima Luana Barbosa Roloff, mãe do aluno Luan, do pré A, a visita foi uma oportunidade de aprendizado não apenas para as crianças, mas também para as mães.
“Foi uma tarde de muito aprendizado. O Luan chegou em casa contando pro pai que viu uma formiga gigante no ‘telescópio’”, disse.
Roloff ainda destacou que a atividade permitiu conhecer melhor a importância de certos insetos para o cuidado com hortas e plantas, além de entender o que pode ou não ser colocado no solo para manter sua vitalidade. “Aprendemos sobre as borboletas e o processo que passam até se tornarem tão lindas. Gostamos muito de aprender”, completou.
Por fim, Rafaela Iwen Hartwig, mãe da estudante Kamily, também destacou o impacto positivo da atividade. “Gostei bastante do jeito como a professora interagiu com as crianças, tornando o momento de aprendizado bem divertido. Para eles, de certa forma para eles foi uma brincadeira. Feliz pela FURG ter proporcionado isso a eles. Com certeza contribuiu muito no aprendizado das crianças”, frisou.
