O início da primavera do Campus FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS) foi marcado por uma atividade de campo na disciplina Manejo Agroecológico de Artrópodes, do curso de Bacharelado em Agroecologia.
FURG-SLS recebe apresentação do projeto RS Antirracista
FURG-SLS recebe lançamento do projeto “RS Antirracista” nesta quarta-feira, 8
FURG-SLS se reúne com DG Assessoria de Corrida e União Lourenciana de Ciclistas para organizar atividade esportiva
A ação envolveu o Mutirão do Raleio, desenvolvido na Propriedade Agroflorestal Schiavon (PAS) desde 2011, em parceria com universidades e grupos interessados em compreender a ciência agroecológica a partir da prática das famílias agricultoras que historicamente desenvolvem e resistem a agroecologia na Zona Sul do Rio Grande do Sul.
Patrícia Lovatto, docente e coordenadora da atividade, conta que a ação envolveu a realização do raleio do pêssego e que, ao longo do trabalho, foram discutidos os objetivos dessa prática para o manejo agroecológico.
Segundo ela, o raleio é fundamental para manter a planta em equilíbrio trofobiótico, tema central dos encontros teóricos da disciplina.
“Sem o raleio, os frutos não se desenvolvem plenamente e o pomar inteiro fica suscetível ao ataque de insetos e doenças”, complementou.
Durante a atividade, os estudantes observaram a diferença entre o pomar agroecológico e o convencional, destacando como a diversidade vegetal está relacionada ao equilíbrio do sistema.
“Várias moscas-das-flores (Diptera: Syrphidae) foram avistadas junto à vegetação do pomar. Elas são predadoras importantes de insetos que podem causar danos significativos à cultura”, explicou Lovatto.
A professora ainda compartilhou que, em pomares diversificados como o da PAS, há maiores populações de predadores de solo, como besouros e formigas, o que ajuda a controlar a mosca-das-frutas.
A atividade também incluiu um diálogo com o professor e agricultor Nilo Schiavon, que destacou a influência das condições climáticas na produção, com a primavera marcada por intensa floração e polinização.
Na visão dele, esses fatores estão relacionados ao retorno das estações bem definidas e às temperaturas dentro da média em 2025.
“Um exemplo para isso foram os pêssegos em formato de coração com duas gêmeas, resultado da polinização intensa pela grande população de apídeos e de dípteros polinizadores”, informou Patrícia.
Também foram discutidos os desafios do manejo de vertebrados nos cultivos, como caturritas e quatis, que impactam pomares e hortaliças, além da pressão da vida silvestre frente ao avanço do veneno e das monoculturas.
Luana Schiavon, gestora da PAS, educadora ambiental e licenciada em Educação do Campo pela FURG, contou que, há cerca de 20 anos, a propriedade vem trabalhando em parceria com universidades na organização de mutirões e aulas práticas, alinhando conhecimento acadêmico e empírico, formal e informal.
Para ela, essas atividades permitem que os alunos tenham contato direto com o trabalho no campo, promovendo uma troca de saberes essencial para a formação pessoal e profissional.
Luana destacou ainda que, para os agricultores, é gratificante perceber que o trabalho realizado é valorizado e gera um diferencial social e ambiental, despertando curiosidade, empatia e respeito na busca por alimentos limpos, fortalecendo continuamente a agroecologia.
O próximo mutirão está previsto para o dia 17 de outubro, quando a turma da disciplina, junto da equipe do Coletivo de Entomologia, irá elaborar e instalar armadilhas para manejo e monitoramento das moscas-das-frutas, além de armadilhas para ampliação de insetos parasitoides no pomar.
Como resultado desta ação, Patrícia ressaltou que a expectativa é que os estudantes tenham aproveitado ao máximo a atividade e frisou que a realização da saída de campo exigiu esforço e dedicação, mas que o retorno positivo, o apoio recebido e o aproveitamento integral dos alunos tornaram tudo recompensador.
“Por isso, agradecemos todo empenho da direção do ICB/FURG e da Direção do nosso Campus para que pudéssemos concretizar está experiência prática. Para além de tudo, valorizar as vivências e aproveitar as oportunidades raras. Estar na PAS e aprender com a família Schiavon é realmente um presente”, disse.
Aryeli Romani, estudante do 8º semestre de Agroecologia, descreveu a experiência como um dia de intensa prática e aprendizado.
Ela afirmou que sob a orientação do agricultor Nilo, chamado por ela de “professor” e da educadora do campo Luana, os alunos aprofundaram seus conhecimentos no raleio do pessegueiro, prática fundamental para que os frutos restantes recebam mais energia da planta, desenvolvendo maior suculência e qualidade.
“Passamos o dia realizando essa técnica e recarregando as energias com as refeições caseiras e deliciosas da Dona Márcia, um verdadeiro alimento para o corpo e a alma. Essa vivência fortaleceu as conexões e relações, mostrando, de forma prática, que o conhecimento se consolida no campo. A agroecologia se realiza neste movimento, e a presença de estudantes é vital para o seu crescimento, impulsionando e valorizando a vida de quem a constrói diariamente”, concluiu.