No dia 8 de julho é comemorado o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico. Na FURG, a pesquisa é um dos pilares da universidade juntamente com o ensino e a extensão.
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O diretor de Pesquisa da universidade, Leandro Bugoni, salienta a importância de ter uma comemoração dedicada à pesquisa e aos pesquisadores. “A pesquisa é fundamental para o ambiente acadêmico, porque auxilia no pensar, avaliar e aumentar o conhecimento pelos estudos tanto no campo teórico quanto no campo aplicado. Portanto, é uma área de grande impacto também na sociedade”, destaca.
Sobre o impacto da ciência na sociedade, o saber científico está sendo fundamental durante a pandemia de Covid-19. Na FURG, 36 estudos foram criados para entender melhor o vírus, e metade deles ainda está em andamento. Um dos exemplos da repercussão positiva da pesquisa é o projeto “Estudo Comparado de mbito Regional e Nacional do Impacto da Epidemia Covid em Rio Grande”, do Centro de Ciências Computacionais (C3), coordenado pelos professores Glauber Gonçalves e Vitor Gervini.
Estudo premiado
Criado no período mais crítico da pandemia, em maio de 2020, o projeto manteve, até dezembro de 2021, um observatório de dados para medir o efeito da Covid-19 sobre a população rio-grandina. Um indicador de impacto foi desenvolvido e utilizado para mapear o quanto a Covid-19 alterou o status de mortalidade nas cidades.
Ao final do estudo, ficou comprovado que dentre um conjunto de 363 municípios médios no Brasil - aqueles com mais de 100 mil e menos de 500 mil habitantes -, Rio Grande possui o terceiro melhor ranking de impacto, ou seja, é um dos que sofreram menor consequência causada pelo coronavírus.
O projeto participou do 32º Congresso do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems-RS), em Gramado, onde na atividade “Mostra teu SUS” - disputa promovida pelo Conselho que envolveu projetos de todo o Estado -, o estudo ganhou o prêmio destaque concedido ao trabalho de melhor avaliação da mostra de experiência no Estado, o primeiro lugar dentro das 237 experiências inscritas.
Devido ao prêmio, a equipe fará uma visita técnica para conhecimento e cooperação com pesquisadores e profissionais da Fundação Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Além desse estudo, outro projeto também ganhou destaque durante o Congresso, “Aplicação da Técnica de Mapas Dinâmicos para Estudo da Epidemia Covid em Rio Grande – RS”, foi classificado como um dos cinco melhores e terá a oportunidade de gravar um webdoc, a ser divulgado pelo Conselho, a fim de que a experiência possa ser compartilhada com as demais secretarias de Saúde do Estado e do país.
Os dois trabalhos estão classificados para representar o Rio Grande do Sul na mostra nacional que será realizada em Campo Grande (MS), em julho deste ano. A equipe dos dois projetos vencedores no 32º Cosems-RS é formada pelos professores da FURG e também pelos servidores da SMS, Antônio Cesar Correa (superintendente de Vigilância em Saúde) e da médica Shirlei Lopes Cardone (gerente da Vigilância Epidemiológica).
O que dizem os números encontrados
Segundo o professor Glauber, esse resultado do projeto não diminui em nada o significado da perda das pessoas para suas famílias, “não se está considerando que o número de óbitos em Rio Grande é pouco significativo. Sabe-se que cada vida abreviada pela pandemia possui seu impacto único e inestimável. Esse número apenas demonstra que, por alguma razão vinculada ao sistema de proteção da população, ou à sua condição imunológica, ou ao sistema de assistência aos doentes, em Rio Grande, o número de óbitos foi menor do que aquele esperado em função do nosso perfil de morbidade em anos anteriores à pandemia.”
No estudo de caráter estatístico, o professor Glauber complementa que “foi propício demonstrar esse impacto, independentemente da população de cada município. Entenda-se que, por exemplo, em um município com população de 3 mil habitantes, em que nos anos anteriores à pandemia ocorreram 12 óbitos por doenças do espectro respiratório, cardiológico, endócrino etc, e onde durante a pandemia a Covid produziu 24 óbitos, por esse indicador está mais impactado do que um outro, com população de 200 mil habitantes, em que a Covid determinou 500 óbitos, mas que em 2018 aquele mesmo rol de doenças tirou 1,2 mil vidas”.
O estudo buscou cientificamente determinar se a exposição da população ao contágio comunitário tornou-se crítica a ponto de alterar o perfil de mortalidade pelas doenças que eram conhecidas como comorbidades importantes no agravamento dos quadros de Covid-19. E pelas características de um país como o Brasil, de extenso território, de múltiplos ambientes, com sua heterogeneidade, com suas desigualdades sociais, com complexa rede de mobilidade de pessoas nas diversas regiões, não apresentaria um comportamento homogêneo quanto à propagação do vírus e quanto à condição de resposta imunológica da população ao patógeno.
Fortalecendo a ciência
Uma das formas de fortalecer a importância da ciência e sua repercussão na sociedade são as parcerias estabelecidas pelas universidades com o poder público e a iniciativa privada. No caso do projeto do C3, a parceria se estabeleceu com a Prefeitura Municipal do Rio Grande, através de um trabalho conjunto com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
O professor Glauber explica que FURG, IFRS e Prefeitura Municipal mantêm há quatro anos um convênio para cooperação na implantação de um sistema de informações no âmbito da gestão do território do município. No objeto deste convênio está o acompanhamento de uma obra cadastral completa, com a aquisição de informações precisas do meio físico urbano e rural, e da distribuição da população sobre o território.
“Quando houve a confirmação da exposição da população local ao Sars-Cov-2, que já se propagava por todos os continentes, havia um nível de proximidade entre as equipes de trabalho do LTGEO/C3/FURG e da Vigilância em Saúde do município. Isso facilitou o estabelecimento de um protocolo de ações baseado num processo demanda de informações/ oferta de solução tecnológica. Ou seja, a Secretaria da Saúde indicou que tipo de produto ajudaria no monitoramento e no auxílio à tomada de decisões, e a equipe desenvolveu alternativas dentro dos métodos científicos que opera e da tecnologia aqui consolidada. Houve uma natural evolução dos produtos originalmente ofertados e a carteira de soluções ao final do processo comporta características de inovação evidentes”.
O saber científico como fonte confiável
Um fenômeno de alta complexidade, como o da pandemia da Covid-19, naturalmente produz mobilização da sociedade e é comum que surjam diversas frentes de ação para mitigar efeitos e apresentar soluções. E cada uma dessas frentes possui sua orientação, seu método de trabalho, e produz um impacto de maior ou menor intensidade em segmentos da própria sociedade. Porém, nem todos estão fundamentados em métodos que lhes credencie confiabilidade.
“Invariavelmente, é a ciência, o resultado da aplicação da metodologia científica, que permitirá separar os procedimentos seguros com alta probabilidade de resultados positivos, daquelas iniciativas que não sobreviverão ao impacto da primeira onda e não conduzirão ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis. E estabelecer um conjunto articulado de ações com base nesses processos cientificamente comprovados, conjunto esse coordenado e monitorado em seus resultados, é a missão e o desafio apresentado à gestão pública ética e com responsabilidade social”, salienta o professor.
Em Rio Grande, a articulação da FURG com a Prefeitura Municipal, por instrumentos diversos, permitiu a confirmação desse ambiente para propagar e aplicar boas práticas, cientificamente orientadas e operacionalmente articuladas. Além disso, a ciência de dados, considerada como de bastidores, se tornou fundamental para o alcance desses resultados. “ A ciência de dados é comumente uma coadjuvante, é uma ciência de bastidores. Ela pavimenta a ação do cientista protagonista. Na FURG, em tempo comum, trabalhamos gerando soluções para as ciências do ambiente. Com a mobilização produzida no período de pandemia aproximamos e nos envolvemos na aquisição, processamento e aplicação de técnicas de visualização de dados que facilitassem o trabalho da epidemiologia e estabelecessem um fluxo de informações seguras para a vigilância em saúde. São coerentes os métodos científicos e a tecnologia aplicada”.
“Foi o impacto dessa experiência, da cooperação estabelecida, do alinhamento método científico/ações de gestão, o principal motivador da avaliação recebida pela comissão que julgou o Mostra Teu SUS–RS. Entendemos isso como conceito e expressão da pesquisa e extensão universitárias”, finaliza Glauber.
Este material foi produzido de acordo com as normas disciplinadas pela Instrução Normativa nº 1, de 11 de abril de 2018, bem como se ancora e respeita os demais materiais publicados até o momento no que tange o regramento para a comunicação pública dos órgãos federais durante o período de defeso eleitoral, compreendido de 2 de julho a 2 de outubro, podendo ser prorrogado até o dia 30 do mesmo mês em caso de segundo turno.