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8 de julho: Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico

Pesquisa sobre o impacto da Covid-19 em Rio Grande ganha prêmio destaque na disputa "Mostra teu SUS"

No dia 8 de julho é comemorado o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico. Na FURG, a pesquisa é um dos pilares da universidade juntamente com o ensino e a extensão.

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De acordo com os números da Academia Brasileira de Ciências, mais de 95% da produção científica brasileira são realizados em universidades públicas. Segundo dados do Sistema de Cadastros de Projetos da FURG (Sisproj), existem cerca de 895 projetos de pesquisa cadastrados em execução na universidade.

O diretor de Pesquisa da universidade, Leandro Bugoni, salienta a importância de ter uma comemoração dedicada à pesquisa e aos pesquisadores. “A pesquisa é fundamental para o ambiente acadêmico, porque auxilia no pensar, avaliar e aumentar o conhecimento pelos estudos tanto no campo teórico quanto no campo aplicado. Portanto, é uma área de grande impacto também na sociedade”, destaca.

Sobre o impacto da ciência na sociedade, o saber científico está sendo fundamental durante a pandemia de Covid-19. Na FURG, 36 estudos foram criados para entender melhor o vírus, e metade deles ainda está em andamento. Um dos exemplos da repercussão positiva da pesquisa é o projeto “Estudo Comparado de mbito Regional e Nacional do Impacto da Epidemia Covid em Rio Grande”, do Centro de Ciências Computacionais (C3), coordenado pelos professores Glauber Gonçalves e Vitor Gervini.

Estudo premiado

Criado no período mais crítico da pandemia, em maio de 2020, o projeto manteve, até dezembro de 2021, um observatório de dados para medir o efeito da Covid-19 sobre a população rio-grandina. Um indicador de impacto foi desenvolvido e utilizado para mapear o quanto a Covid-19 alterou o status de mortalidade nas cidades.

Ao final do estudo, ficou comprovado que dentre um conjunto de 363 municípios médios no Brasil - aqueles com mais de 100 mil e menos de 500 mil habitantes -, Rio Grande possui o terceiro melhor ranking de impacto, ou seja, é um dos que sofreram menor consequência causada pelo coronavírus.

O projeto participou do 32º Congresso do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems-RS), em Gramado, onde na atividade “Mostra teu SUS” - disputa promovida pelo Conselho que envolveu projetos de todo o Estado -, o estudo ganhou o prêmio destaque concedido ao trabalho de melhor avaliação da mostra de experiência no Estado, o primeiro lugar dentro das 237 experiências inscritas.

Devido ao prêmio, a equipe fará uma visita técnica para conhecimento e cooperação com pesquisadores e profissionais da Fundação Fiocruz, no Rio de Janeiro.

Além desse estudo, outro projeto também ganhou destaque durante o Congresso, “Aplicação da Técnica de Mapas Dinâmicos para Estudo da Epidemia Covid em Rio Grande – RS”, foi classificado como um dos cinco melhores e terá a oportunidade de gravar um webdoc, a ser divulgado pelo Conselho, a fim de que a experiência possa ser compartilhada com as demais secretarias de Saúde do Estado e do país.

Os dois trabalhos estão classificados para representar o Rio Grande do Sul na mostra nacional que será realizada em Campo Grande (MS), em julho deste ano. A equipe dos dois projetos vencedores no 32º Cosems-RS é formada pelos professores da FURG e também pelos servidores da SMS, Antônio Cesar Correa (superintendente de Vigilância em Saúde) e da médica Shirlei Lopes Cardone (gerente da Vigilância Epidemiológica).

O que dizem os números encontrados

Segundo o professor Glauber, esse resultado do projeto não diminui em nada o significado da perda das pessoas para suas famílias, “não se está considerando que o número de óbitos em Rio Grande é pouco significativo. Sabe-se que cada vida abreviada pela pandemia possui seu impacto único e inestimável. Esse número apenas demonstra que, por alguma razão vinculada ao sistema de proteção da população, ou à sua condição imunológica, ou ao sistema de assistência aos doentes, em Rio Grande, o número de óbitos foi menor do que aquele esperado em função do nosso perfil de morbidade em anos anteriores à pandemia.”

No estudo de caráter estatístico, o professor Glauber complementa que “foi propício demonstrar esse impacto, independentemente da população de cada município. Entenda-se que, por exemplo, em um município com população de 3 mil habitantes, em que nos anos anteriores à pandemia ocorreram 12 óbitos por doenças do espectro respiratório, cardiológico, endócrino etc, e onde durante a pandemia a Covid produziu 24 óbitos, por esse indicador está mais impactado do que um outro, com população de 200 mil habitantes, em que a Covid determinou 500 óbitos, mas que em 2018 aquele mesmo rol de doenças tirou 1,2 mil vidas”.

O estudo buscou cientificamente determinar se a exposição da população ao contágio comunitário tornou-se crítica a ponto de alterar o perfil de mortalidade pelas doenças que eram conhecidas como comorbidades importantes no agravamento dos quadros de Covid-19. E pelas características de um país como o Brasil, de extenso território, de múltiplos ambientes, com sua heterogeneidade, com suas desigualdades sociais, com complexa rede de mobilidade de pessoas nas diversas regiões, não apresentaria um comportamento homogêneo quanto à propagação do vírus e quanto à condição de resposta imunológica da população ao patógeno.

Fortalecendo a ciência

Uma das formas de fortalecer a importância da ciência e sua repercussão na sociedade são as parcerias estabelecidas pelas universidades com o poder público e a iniciativa privada. No caso do projeto do C3, a parceria se estabeleceu com a Prefeitura Municipal do Rio Grande, através de um trabalho conjunto com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

O professor Glauber explica que FURG, IFRS e Prefeitura Municipal mantêm há quatro anos um convênio para cooperação na implantação de um sistema de informações no âmbito da gestão do território do município. No objeto deste convênio está o acompanhamento de uma obra cadastral completa, com a aquisição de informações precisas do meio físico urbano e rural, e da distribuição da população sobre o território.

“Quando houve a confirmação da exposição da população local ao Sars-Cov-2, que já se propagava por todos os continentes, havia um nível de proximidade entre as equipes de trabalho do LTGEO/C3/FURG e da Vigilância em Saúde do município. Isso facilitou o estabelecimento de um protocolo de ações baseado num processo demanda de informações/ oferta de solução tecnológica. Ou seja, a Secretaria da Saúde indicou que tipo de produto ajudaria no monitoramento e no auxílio à tomada de decisões, e a equipe desenvolveu alternativas dentro dos métodos científicos que opera e da tecnologia aqui consolidada. Houve uma natural evolução dos produtos originalmente ofertados e a carteira de soluções ao final do processo comporta características de inovação evidentes”.

O saber científico como fonte confiável

Um fenômeno de alta complexidade, como o da pandemia da Covid-19, naturalmente produz mobilização da sociedade e é comum que surjam diversas frentes de ação para mitigar efeitos e apresentar soluções. E cada uma dessas frentes possui sua orientação, seu método de trabalho, e produz um impacto de maior ou menor intensidade em segmentos da própria sociedade. Porém, nem todos estão fundamentados em métodos que lhes credencie confiabilidade.

“Invariavelmente, é a ciência, o resultado da aplicação da metodologia científica, que permitirá separar os procedimentos seguros com alta probabilidade de resultados positivos, daquelas iniciativas que não sobreviverão ao impacto da primeira onda e não conduzirão ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis. E estabelecer um conjunto articulado de ações com base nesses processos cientificamente comprovados, conjunto esse coordenado e monitorado em seus resultados, é a missão e o desafio apresentado à gestão pública ética e com responsabilidade social”, salienta o professor.

Em Rio Grande, a articulação da FURG com a Prefeitura Municipal, por instrumentos diversos, permitiu a confirmação desse ambiente para propagar e aplicar boas práticas, cientificamente orientadas e operacionalmente articuladas. Além disso, a ciência de dados, considerada como de bastidores, se tornou fundamental para o alcance desses resultados. “ A ciência de dados é comumente uma coadjuvante, é uma ciência de bastidores. Ela pavimenta a ação do cientista protagonista. Na FURG, em tempo comum, trabalhamos gerando soluções para as ciências do ambiente. Com a mobilização produzida no período de pandemia aproximamos e nos envolvemos na aquisição, processamento e aplicação de técnicas de visualização de dados que facilitassem o trabalho da epidemiologia e estabelecessem um fluxo de informações seguras para a vigilância em saúde. São coerentes os métodos científicos e a tecnologia aplicada”.

“Foi o impacto dessa experiência, da cooperação estabelecida, do alinhamento método científico/ações de gestão, o principal motivador da avaliação recebida pela comissão que julgou o Mostra Teu SUS–RS. Entendemos isso como conceito e expressão da pesquisa e extensão universitárias”, finaliza Glauber.

 

Este material foi produzido de acordo com as normas disciplinadas pela Instrução Normativa nº 1, de 11 de abril de 2018, bem como se ancora e respeita os demais materiais publicados até o momento no que tange o regramento para a comunicação pública dos órgãos federais durante o período de defeso eleitoral, compreendido de 2 de julho a 2 de outubro, podendo ser prorrogado até o dia 30 do mesmo mês em caso de segundo turno.
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