ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

Permanecer com qualidade: a Prae e o cuidado com os estudantes da FURG

Pró-reitoria busca ampliar políticas de assistência e fortalecer o acompanhamento estudantil

Foto: Yuri Lucas/Secom

A Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) tem como competência garantir que estudantes, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade, não apenas ingressem, mas permaneçam e se desenvolvam plenamente durante sua formação acadêmica. À frente desse compromisso está o servidor André Lemes, novo pró-reitor da área, que assumiu o desafio com o propósito de fortalecer as políticas de assistência estudantil e ampliar o acompanhamento dos estudantes da FURG.

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A atuação da Prae se estrutura em dois grandes eixos. O primeiro é o da assistência básica, com benefícios como moradia, alimentação, transporte, bolsas e outros auxílios que garantem a permanência dos estudantes com dificuldades socioeconômicas. O segundo eixo é o do desenvolvimento integral, com ações voltadas à cultura, ao esporte, ao lazer, ao apoio pedagógico e psicológico, à alimentação saudável e ao acompanhamento sociorreferenciado.

“Somente com o acesso à alimentação, esse é um dos maiores programas que a FURG dispõe para o atendimento da assistência estudantil. E o acesso à alimentação não é só para os estudantes que são de baixa renda, é para todos os estudantes”, destaca o pró-reitor. Ele explica que todos os alunos da graduação e da pós-graduação podem usar o Restaurante Universitário com refeição subsidiada — ao custo de R$ 3 para o estudante, enquanto a Universidade arca com cerca de R$ 17 por refeição.

O trabalho da Prae é financiado principalmente pelo Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que cobre cerca de 50% do investimento necessário. A outra metade é complementada pela própria Universidade. Mesmo diante de cortes recentes, como a redução de meio milhão no orçamento de 2025, a FURG manteve o compromisso com a permanência estudantil, investindo quase R$ 20 milhões no setor.

Desde o início da nova gestão, a equipe da Prae tem promovido ações de reorganização de protocolos e diálogo com o movimento estudantil organizado. Um exemplo é a antecipação do edital de inclusão dos calouros, publicado antes mesmo da matrícula, garantindo o acesso imediato à moradia e aos benefícios. “Nosso foco foi mudar a estratégia de acolhida, a gente quer receber bem para o estudante se sentir bem acolhido e permanecer aqui na nossa Universidade”, conta. E já houve conversa com o Diretório Central dos Estudantes, com a Associação de Pós-graduandos, com o Movimento das Casas dos Estudantes Universitários, com as direções das Casas dos Estudantes, com os coletivos — Coletivo Indígena, Coletivo Quilombola, Coletivo Camaleão —, com as atléticas de diversos cursos da FURG. “A gente tem feito toda uma articulação de transparência, de discutir os assuntos com eles e de construir com eles”, explica Lemes.

A reformulação do atendimento nos campi fora da sede, a requalificação das moradias estudantis e dos Restaurantes Universitários, e a criação de novos espaços de convivência e integração também estão entre as prioridades da Prae. A ideia é oferecer uma permanência qualificada e uma experiência universitária mais completa. “Retomar atividades de integração, de esporte, de cultura e de lazer, para que todos os estudantes da FURG tenham essa oportunidade de viver a Universidade de uma maneira mais plena para além da sua sala de aula”, afirma.

Uma história que se confunde com a da própria FURG
A relação de André Lemes com a Universidade é marcada por trajetórias de superação, aprendizado e compromisso. “Eu cheguei em Rio Grande em 2001, vim fazer vestibular, eu queria muito, meu sonho desde sempre era ser professor”, relembra. Natural de São Joaquim (SC) e criado na cidade de Casca (RS), ele enfrentou dificuldades para se manter durante a graduação em História. Sem acesso a benefícios universitários — na época, não havia ainda uma política específica de assistência estudantil, os benefícios eram, basicamente, auxílio alimentação e auxílio transporte, que ele não conseguiu usufruir —, contou com o apoio dos pais, trabalhadores de origem humilde, e buscou alternativas para se sustentar.

Foi no Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente da FURG, o Caic, que encontrou apoio. “Fui oferecer meus serviços de bolsista voluntário no Caic para a professora Cleuza [Dias, ex-diretora do Centro e ex-reitora da FURG], e em troca pedi a ela que eu pudesse almoçar ali todos os dias com os alunos do Caic. Eu trocava trabalho por alimentação”, recorda. Anos depois, o mesmo Caic seria o local onde ele iniciaria sua carreira como servidor técnico, e também sua primeira experiência de gestão. “O Caic foi a minha grande escola de vida”, disse. André Lemes foi diretor do Caic entre 2006 e 2011.

Após passar pela Diretoria de Extensão da FURG e atuar por sete anos como secretário Municipal de Educação, André aceitou o convite da reitora Suzane e do vice-reitor Ednei para assumir a Prae. “Aquilo que a Suzane e o Ednei me falaram me marcou muito, porque eu achei que era chegado o momento de, nessa função, num cargo dessa importância, poder estar aqui na Universidade e à luz de tudo o que eu aprendi desde lá no meu processo de formação, no Caic, passando pela Secretaria de Educação e pela Extensão, poder contribuir com os assuntos estudantis”, considera.