Considerada um problema mundial sem precedentes na história planetária, a poluição plástica nos ecossistemas aquáticos instiga preocupações globais. Os microplásticos - definidos como partículas de tamanho inferior à cinco milímetros -, passam facilmente pelos sistemas de filtração de água e acabam chegando aos rios, lagos e oceanos, representando uma ameaça potencial à vida aquática. Em face disso, esforços crescentes têm sido dispendidos para caracterizar a presença e o risco que esses poluentes podem representar para os ambientes naturais, biota, bem como para a saúde humana.
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O projeto é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em consonância com o Programa Ciência no Mar (PCMar/MCTI) e com o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar (PNCLM).
Até o momento, foi realizada a coleta de mais de 5.500 amostras de areia e água em 588 praias, localizadas em 242 municípios/distritos nos estados de Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ao todo, mais de 5 mil quilômetros de orla já foram percorridos desde julho de 2023. De acordo com o coordenador do projeto, até abril de 2024 a coleta em todos os estados brasileiros litorâneos já terá sido realizada, abrangendo uma área que vai da praia de Goiabal (localizada no município de Calçoene no Amapá) até a Barra do Chuí no extremo sul do Brasil.
Com o auxílio do grupo do Professor Flavio Rodrigues, as amostras serão analisadas em laboratório, visando a quantificação e tipificação de microplásticos, estabelecimento de valores de background, construção e disponibilização de mapas de distribuição da poluição, bem como a determinação de índices de risco de polímero e de carga poluidora. O projeto prevê, ainda, a realização de uma análise sobre a correlações entre os níveis de poluição por microplásticos nas praias com variáveis oceanográficas, condições ambientais e com aspectos gerais do litoral brasileiro.
“O projeto MicroMar reúne, pela primeira vez, pesquisadores de instituições sediadas ao longo de todo o Brasil em busca de prover subsídios para a tomada de decisões locais, regionais e nacional, visando a prevenção de possíveis danos e minimização de gastos futuros nas áreas ambiental e de saúde pública”, destaca Rodrigues.
A equipe executora do projeto engloba, além de pesquisadores da FURG, aqueles vinculados ao Instituto Federal Goiano, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal do Maranhão, Universidade Estadual do Amapá, Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal da Bahia, Universidade de São Paulo, Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal de Uberlândia, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Além disso, o projeto conta com a colaboração de pesquisadores do Catalan Institute for Water Research e University of Girona (Espanha), Universidade de Aveiro (Portugal), Jahangirnagar University (Bangladesh), Assiut University (Egito), Universidad Nacional del Sur (Argentina), Begum Rokeya University (Bangladesh), Universiti Teknologi Brunei (Brunei), Periyar University (Índia), University of Virginia (EUA) e Leibniz-Institut für Ostseeforschung Warnemünde (Alemanha).