De 4 a 14 de abril, cinco estudantes indígenas da FURG, estiveram acampados em Brasília para participar do Movimento Terra Livre. Instalado no complexo da Fundação Nacional de Artes (Funarte), o evento chegou na sua 18ª edição e reuniu cerca de 8 mil indígenas, acontecendo no mesmo período em que o Congresso Nacional e o Governo Federal pautaram a votação de projetos tangentes à causa, como o Projeto de Lei 191/2020, que abre as terras indígenas para mineração.
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Na oportunidade, um dos estudantes da FURG que participou do evento foi o graduando em Direito, Jocemar Cadete - do povo Kaingang -, que explicou um pouco sobre a ação. “Este é um espaço nacional onde todos os povos indígenas se encontram. Ele foi criado em 2006 pelo povo Kaingang em Brasília”, esclareceu.
Nesta 18ª edição, a FURG possibilitou o deslocamento dos estudantes indígenas até a capital do país, por meio do fretamento de um ônibus. “Lá, ficamos acampados durante dez dias, para discutir e dialogar com outros povos indígenas do Brasil a nossa situação no contexto nacional”, disse Jocemar.
Segundo o estudante, pouco é noticiado nos veículos de comunicação do país sobre a real situação dos povos indígenas e seus territórios, principalmente no que tange a discussão de pautas políticas sobre o assunto. O evento, por sua vez, se concentra em ampliar este debate, carregando a importância da discussão, protagonizando o ponto de vista dos povos indígenas. “Na ocasião, podemos debater com nossos pares os retrocessos e violações que vem ocorrendo nos direitos dos povos indígenas, para que, dessa forma, possamos chegar à construção coletiva de uma ideia única sobre como iremos reagir frente a essas situações”.
Ainda de acordo com Jocemar, o tema principal do debate se concentra nas questões territoriais. “A gente se concentra neste tema porque a terra indígena é um direito constitucional reservado ao nosso povo. O direito à demarcação do território é um dever que o estado possui em resguardar pelo território indígena que um dia foi tomado de nós a força”, elucidou o graduando.
“É por meio dessas participações que poderemos trazer para o contexto da universidade tudo aquilo que é debatido em nível nacional sobre o que os povos indígenas enfrentam, diariamente, nas suas comunidades e na luta pelos seus direitos”, destacou Jocemar.
Abril Indígena na FURG
A FURG dedica o mês de abril, tradicionalmente, para construir uma programação voltada às questões indígenas, priorizando o debate acerca do tema. Segundo Jocemar, os estudantes do Coletivo Indígena da instituição estão em construção constante, para transpor junto às atividades do mês suas prioridades e percepções. Este processo vem sendo aprimorado ano a ano. “Durante as duas semanas que costumeiramente concentramos as ações alusivas, fazemos vários eventos relacionados às políticas indigenistas também, trazendo o debate nacional para a FURG e sua comunidade em geral”, adicionou.
Com as experiências adquiridas durante o Movimento Terra Livre, Jocemar e os demais estudantes indígenas do Coletivo institucional trarão para o contexto acadêmico da FURG um debate ainda mais aprofundado acerca das políticas indígenas e o cenário nacional de luta pela manutenção dos direitos indígenas. “Essa é uma forma da gente mostrar que existem indígenas estudantes dentro da academia. A FURG é uma universidade privilegiada, que possui estudantes indígenas, quilombolas e outros vários povos sociais, que nós, enquanto sociedade, precisamos ainda aprender a respeitar e ouvir”, finalizou.
No dia 3 de maio, em conjunto com a realização da Aula Inaugural, acontecerá a exposição fotográfica “Tire o Preconceito do Caminho que Eu Vou Passar Com Meu Cocar!”, nas dependências do Cidec-sul. A ação registra visualmente a presença dos estudantes indígenas durante os dez dias do evento ‘Terra Livre’. A atividade será realizada em formato hibrido, com transmissão simultânea pelo Canal da FURG no Youtube, a partir das 19h.