A Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla é celebrada anualmente de 21 a 28 de agosto, conforme estabelecido pela Lei n° 13.585/2017. O objetivo é promover a conscientização e a inclusão, além de combater o preconceito e a discriminação. Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, cerca de 8,9% da população com dois anos ou mais. Os dados foram coletados no 3º trimestre de 2022.
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Neste contexto, é importante ressaltar o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento às pessoas com deficiência, especialmente nos 45 hospitais universitários federais administrados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Um deles é o Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), que adota iniciativas visando o tratamento adaptado às necessidades de cada paciente, o que contribuiu significativamente no tratamento.
No HU-Furg o enfoque da Terapia Ocupacional é considerar as particularidades de cada indivíduo, buscando construir caminhos para enfrentar as dificuldades e promover uma vida plena e produtiva. A terapeuta ocupacional do hospital rio-grandino, Ana Cristina Bertasi, explicou: “É possível auxiliar no processo de inclusão no mundo do trabalho, confeccionar dispositivos que auxiliem na realização de atividades cotidianas, como adaptações para alimentação ou pranchas de comunicação alternativa, sempre enfatizando a construção de instrumentos cognitivos para a ação autônoma”.
Compreendendo a Deficiência Intelectual
Dessa forma, Ana destacou a importância de oferecer recursos auxiliares e adaptados. “A perspectiva sempre será de incluir cada pessoa em seu contexto social, fazendo sentido para ela e sua família, independente da fase de vida”, disse a terapeuta ocupacional.
Já a fonoaudióloga do HU-Furg, Aline Duanny Santos Marques, falou dos desafios de comunicação enfrentados por essas pessoas. Ela ressaltou que a especialidade atua nos mais diversos aspectos, buscando formas de garantir a efetividade da comunicação para esses indivíduos. Sobre as técnicas utilizadas, Aline mencionou que a tecnologia desempenha um papel importante. “Podemos utilizar pranchas de comunicação alternativa em papel ou em tablets, especialmente em casos em que a fala não é suficiente para comunicar todas as necessidades”, contou. Ela também destacou o uso de tecnologias mais avançadas, como aquelas que utilizam rastreamento ocular em caso de dificuldade de apontar os símbolos.
Entendendo a Deficiência Múltipla
A neuropediatra do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE), Maria Durce Gomes Carvalho, esclareceu que “a deficiência múltipla ocorre quando há comprometimento de várias áreas funcionais: motoras, cognitivas e sensoriais”. As principais causas são lesões cerebrais congênitas ou adquiridas, como hipóxia (diminuição no suprimento de oxigênio) cerebral por asfixia perinatal, afogamento, parada cardiorrespiratória, complicações cardiológicas, acidentes vasculares, traumatismos cranioencefálicos, entre outros.
Os principais sinais e sintomas incluem deficiências motoras, cognitivas, baixa visão, baixa audição, transtorno do espectro do autismo e epilepsia. O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica e exames complementares. O tratamento é multidisciplinar, com intervenção por meio de diversas especialidades médicas e terapias.
Segundo a especialista, para as causas adquiridas, é importante adotar cuidados preventivos, como evitar complicações obstétricas, acidentes e traumatismos, e infecção da gestante e recém-nascido. “Na presença de alguma lesão potencialmente causadora de sequela neurológica múltipla, deve-se iniciar um programa de intervenções precocemente, de modo contínuo e intensivo, com métodos e abordagens adequados para cada uma das deficiências”.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.