Autor de canções marcantes como ‘Estrela, Estrela’, da melancólica e intimista ‘Ramilonga’ e do marco conceitual ‘Estética do Frio’, Vitor Ramil subiu ao palco do Cidec-sul na noite desta última segunda-feira, 1, com elegância habitual, revisitando momentos que moldaram sua trajetória ao longo dos anos. A atividade fez parte da programação de abertura do V Fórum Internacional de Direitos Humanos – Cátedra de Direitos Humanos da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM), que acontece de 2 a 4 de dezembro, no mesmo auditório.
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Ao todo, três cidades gaúchas atingidas pela grande enchente de 2024 recebem o espetáculo. Depois de Rio Grande, Novo Hamburgo receberá a equipe de Vitor Ramil no teatro Feevale, em 19 de dezembro.
Segundo Ramil, a apresentação simbolizou um retorno afetivo, tanto aos palcos quanto à região. Em entrevista exclusiva, o músico contou que no caminho para Rio Grande passou a viagem refletindo sobre as inúmeras vezes em que escreveu sobre este lugar e seus campos, especialmente o quanto esse território já o fez pensar. “Rio Grande ocupa um espaço particular na minha vida; é o lar de parentes e amigos de toda a vida. Meu trisavô chegou ao Brasil pelo Porto do Rio Grande, e, além de toda essa questão familiar, a cidade, a universidade e todas as coisas que são produzidas nessa zona falam comigo de maneira muito forte”, detalhou o artista.
Com entrada gratuita para a comunidade, o espetáculo contou com apoio cultural da Diretoria de Arte e Cultura da Pró-reitoria de Graduação (DAC/Proexc), do Jornal Sou do Sul, Rádio Cultura 105.9 e O Litorâneo. Ao todo, foram mais de mil ingressos disponibilizados.
Estética do Frio e Repertório
O conjunto de conceitos e ideias que compõem a “Estética do Frio” é parte importante da obra de Vitor Ramil; esse compilado de pressupostos, segundo o próprio artista, começou como algo bastante pessoal, uma forma de enxergar a relação do gaúcho com o Brasil e os países da região do Prata. “As pessoas foram, aos poucos, se identificando com a premissa básica da Estética do Frio, que nada mais é do que falar de nós, gaúchos, de forma não estereotipada. Eu acho que essas reflexões identitárias e estéticas podem produzir algo novo e, de certa forma, se constituir como um processo emancipatório enquanto identidade coletiva”, explicou o cantor.
A premissa do conceito parte da ideia de que a região do Prata possui um conjunto próprio de influências culturais, climáticas, históricas e especialmente geográficas, em razão das suas fronteiras estarem mais próximas do Cone Sul (composto pela Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) do que da região tropical. Essa relação produz um distanciamento identitário e, por vezes, uma relação complexa de pertencimento nacional, o que se traduz para uma sensibilidade artística.
Por meio dessa alegoria climática e geográfica, Ramil estabelece relações entre o frio e elementos como clareza, sobriedade, minimalismo, introspecção e uma certa melancolia que contrapõem a ideia do Brasil festivo, do samba e da ginga atribuídos como elementos identitários desse Brasil tropical.
Por fim, Ramil comentou sobre o repertório da noite, composto por canções novas e sucessos que fizeram parte da trajetória do artista. “Estou há tanto tempo sem tocar em Rio Grande que tudo é novidade, até estar aqui, neste espaço, é uma novidade. O interior do Rio Grande do Sul não é de fácil acesso, e por sorte esse projeto está me dando a possibilidade de transitar um pouco pela região”, completou.
Confira algumas imagens do espetáculo a seguir.