IGUALDADE

Caid e Progep inauguram formação continuada em heteroidentificação

Ação faz parte do movimento da universidade para o espraiamento de uma cultura antirracista

A Coordenação de Ações Afirmativas, Inclusão e Diversidade (CAID) e a Comissão de Heteroidentificação da FURG, em parceria com a Coordenação de Formação Continuada (CFC) da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progep) promoveram na noite desta terça-feira, 23, a inauguração da formação continuada “Heteroidentificação, Inclusão e Diversidade: por que, para que e para quem?”. A live - que pode ser revisitada clicando aqui -, teve o objetivo de capacitar agentes (alunos e servidores), fortalecedores da política de ações afirmativas, seja na condição de integrantes de comissões de heteroidentificação ou no espraiamento de uma cultura antirracista na universidade.

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Durante a abertura, estiveram presentes o reitor em exercício, Renato Duro; a coordenadora de ações afirmativas, inclusão e diversidade, Elisa Celmer; a representante da comissão permanente de heteroidentificação da FURG, Gabrielle Oliveira; e o palestrante da formação, Arilson dos Santos Gomes, docente da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Por quê?

De acordo com Elisa Celmer, o objetivo da formação é proporcionar para a comunidade universitária um espaço de ensino e aprendizado acerca das questões étnico-raciais no país e no mundo. “Novembro foi escolhido para o início do curso para reforçar a importância do mês da consciência negra no Brasil que, por 353 anos de regime escravocrata, produziu suas riquezas em cima do trabalho de aproximadamente cinco milhões de negros e negras traficados de diferentes regiões da África”, contextualizou a coordenadora durante sua fala de abertura.

“Isso nos gerou uma dívida histórica que não foi sanada ainda e reverbera nos dias atuais. Essa estimativa numérica é aproximada daqueles que chegaram com vida ao país; tantos outros sucumbiram durante a viagem. Os descendentes dessas pessoas ainda estão entre nós, e nós precisamos ao menos fazer uma reparação com eles, uma vez que aos que ficaram no passado não há resgate possível”, complementou Elisa.

Para o reitor em exercício, a atividade dá continuidade ao movimento que a FURG tem seguido, no sentido de ampliar as políticas e ações afirmativas, bem como o debate sobre inclusão e os elementos que tornam o espaço da universidade mais plural e diverso.

“Hoje, a universidade precisa ir além de ser apenas inclusiva, é preciso que a universidade seja antirracista. Precisamos avançar muito, mas a FURG tem consciência disso. A partir da nossa branquitude, a gente tem consciência de que é fundamental aprender e estamos tentando fazer isso a medida que os esforços da instituição se unem colaborativamente para produzir reflexões, não só no intuito da montagem de uma comissão robusta, mas também da importância de todas as políticas afirmativas que foram conquistadas com muita luta e resistência, e que nós enquanto universidade pública, gratuita, democrática e respeitosa de todas as liberdades, queremos manter e resguardar”, declarou Renato.

Sobre a heteroidentificação na FURG

De acordo com Renato, a universidade vem avançando sobre o aprimoramento da heteroidentificação. Em 2016, ainda no período de véspera das eleições para a reitoria, a atual gestão se pôs a ouvir os movimentos sociais e suas reivindicações. Nesse momento, foi proposta a criação de uma comissão de heteroidentificação, na intenção de complementar a autodeclaração de candidatos que concorrem às vagas reservadas para os processos seletivos da universidade.

“Eu recordo quando em 2017, enquanto pró-reitor, fui ao colégio de pró-reitores em Brasília e comentei que estávamos montando a nossa comissão. Na ocasião, fui olhado com algum estranhamento por alguns colegas, dizendo que não era o momento, mas nós, enquanto gestão, entendíamos que sim. E principalmente movimentados pelas forças do movimento social negro, sabíamos que era momento de a universidade dar um passo adiante nas políticas de ingresso da instituição”, complementou o reitor em exercício.

Em seguida, deu-se início à formação com a apresentação “Políticas Públicas, Cotas Raciais e Heteroidentificação”, com o professor Arilson dos Santos Gomes. Na oportunidade, o palestrante debateu um pouco sobre o contexto histórico que dá o pano de fundo ao tema, até os dias atuais, justificando a necessidade das políticas afirmativas e da manutenção e qualificação cada vez maior para os processos de ingresso na educação superior, tanto no contexto administrativo quanto no contexto acadêmico.