MENTAL COVID

Pesquisa sobre impacto da pandemia na saúde mental da população inicia nova fase

Primeira etapa entrevistou mais de mil pessoas em Rio Grande

A pesquisa Mental Covid, que iniciou em setembro de 2020, tem o objetivo de analisar o impacto da pandemia de coronavírus na saúde mental da população. Conduzida pelos programas de pós-graduação em Ciências da Saúde e Psicologia da FURG, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), a pesquisa tem como comparativo cinco estudos realizados desde 2016 sobre a temática.

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No início deste ano, a equipe concluiu a coleta de dados com adultos e idosos moradores da zona urbana de Rio Grande. A etapa, que durou três meses, entrevistou 1.307 pessoas em suas residências. Segundo o coordenador do estudo e docente da FURG, Samuel Dumith, a adesão dos moradores ao estudo varia entre os bairros, mas no geral as entrevistadoras têm sido recebidas com hospitalidade em espaços abertos das casas.

Com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), o estudo atualmente está na fase de coleta de dados na cidade de Criciúma, em Santa Catarina. A recepção dos moradores da cidade também foi um fator destacado por Dumith.

Com os dados de Rio Grande e de Criciúma, municípios com aproximadamente 200 mil habitantes, e com as informações de mais três estudos, serão realizadas etapas comparativas com a pesquisa realizada em 2016. Além de entrevistas com a população idosa da zona rural de Rio Grande, estudantes de cinco instituições de ensino superior do país (uma em cada macrorregião) e do ensino médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRS) - Campus Rio Grande também responderão a pesquisa. De forma online, estudantes da FURG podem participar da pesquisa neste link.

Análise inicial

De acordo com os resultados preliminares dos dados de Rio Grande, apurados pelo professor Samuel, é possível destacar que a prevalência de pessoas que estavam ou já foram infectadas pelo coronavírus foi a mesma reportada para o município: 4,2% (quatro a cada 100 pessoas). Os dados mostram que em torno de 20% dos entrevistados – uma a cada cinco pessoas – já tiveram contato com alguém diagnosticado com Covid-19. Além disso, mais de 90% das pessoas disse fazer uso de máscara, álcool e higienização das mãos na maioria dos dias.

A apuração identificou que quase 20% dos entrevistados relataram não ter saído de casa desde o início da pandemia e que cerca de quatro em cada 10 pessoas disseram que o seu peso aumentou durante a pandemia. A mesma porcentagem, 40%, disse que o seu nível de atividade física diminuiu. Um a cada três entrevistados, 34%, tiveram preocupação que acabasse a comida da casa.

Com foco na saúde mental, a análise mostra que as pessoas que buscavam informações sobre a Covid-19 várias vezes por dia tiveram maior nível de estresse e de depressão. “O medo ou preocupação com o vírus esteve fortemente relacionado a se sentir triste, independentemente de ter sido infectado ou não ou de ter tido contato com alguma pessoa infectada. O nível de estresse, de depressão e de infelicidade aumentou em comparação à pesquisa feita em 2016 em Rio Grande”, observa Dumith. 

 

Galeria

Equipe segue realizando entrevistas aos moradores

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