DESCOBERTA

Pesquisadora da FURG estuda vestígios de fósseis no Grand Canyon

Registros de diadectomorfos eram restritos a ambientes úmidos na América do Norte e Alemanha

Foto: Fernando Halal

Um time internacional de paleontólogos se reuniu para estudar vestígios de animais raros recentemente descobertos em uma localidade remota no Parque Nacional do Grand Canyon, no Arizona, EUA. Entre os pesquisadores está a professora Paula Dentzien-Dias, do Laboratório de Geologia e Paleontologia da FURG, vinculado ao Instituto de Oceanografia (IO). Ela ajuda a desvendar a descoberta de pegadas de diadectomorfos, um dos maiores anfíbios do período Permiano, de aproximadamente 280 milhões de anos atrás.

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O estudo é realizado em conjunto com pesquisadores brasileiros, norte-americanos e alemães. Segundo eles, além da excelente preservação dessas pegadas e da localidade onde foram encontradas, a maior importância dos materiais é trazer elementos para uma discussão: quando surgiram as adaptações para a vida em um ambiente árido, com completa independência da água, dentre os vertebrados? Teorias clássicas apontam que essa característica surge no grupo dos amniotas, que inclui mamíferos, aves, tartarugas, jacarés, lagartos e cobras, além de centenas de espécies extintas. Mas os diadectomorfos até então eram tidos como restritos a ambientes úmidos nos EUA, Canadá e Alemanha.

Quem descobriu os vestígios no Grand Canyon foram Paula e o paleontólogo Heitor Francischini, durante o período em que trabalhavam no Museu de História Natural e Ciências do Novo México nos EUA. "Fomos ao meio-dia num final de semana, para conhecer uma das trilhas onde já haviam sido registradas pegadas nessa mesma formação rochosa, chamada Arenito Coconino. Por lá, acabamos descobrindo os diadectomorfos", explica Paula. "Era uma laje com pegadas de morfologia bem característica, muito maiores do que aquelas encontradas por lá, e com as pontas dos dedos mais largas. Até então, não se sabia que esses grupos de animais conseguiriam sobreviver num ambiente desértico. E ninguém tinha se dado conta do ineditismo do tema, então entramos em contato com outros grupos de pesquisadores. Voltamos para lá poucas semanas depois. Conhecimento não tem fronteira", completa Francischini.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado pelo casal em conjunto com os autores Spencer G. Lucas, Sebastian Voigt, Lorenzo Marchetti, Vincent L. Santucci, Cassandra L. Knight, John R. Wood e Cesar L. Schultz, e pode ser lido aqui.

A colonização dos animais nos desertos ao longo do tempo é a linha de pesquisa do pós-doutorado de Francischini, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). O estudo contou com o suporte de bolsas do Programa Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) e do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD), ambas da Capes.

 

 

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Estudo é realizado por pesquisadores brasileiros, norte-americanos e alemães

Fernando Halal