Uma gestante com HIV não transmite, necessariamente, o vírus para o bebê. Ao contrário do que se pode pensar, o risco de transmissão vertical (da mãe para o feto) é praticamente nulo em grávidas tratadas do modo adequado. Especialistas de hospitais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) apresentam as novidades no cuidado durante gravidez e parto e analisaram dados divulgados no Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2024, do Ministério da Saúde.
Oceantec apresenta plano de expansão e anuncia construção de Parque Tecnológico em Santo Antônio da Patrulha
CCMar realiza entrega de certificados para 143 concluintes de cursos profissionalizantes
Diretor do campus FURG SAP participa da abertura oficial da 38ª Fenacan
É fundamental a adesão da gestante ao tratamento
Infectologista do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), Marcus Vinícius Dantas da Nóbrega reforça os principais cuidados para que não ocorra transmissão do vírus para o bebê. “A mãe deve ser encaminhada para realizar o pré-natal de alto risco em um serviço de referência e aderir de forma correta ao tratamento. Quando o bebê nascer, ela não deve amamentar, mesmo se estiver com carga viral indetectável”, resume. O Sistema Único de Saúde (SUS) assegura, no mínimo, seis meses de alimentação para a criança.
Segundo o boletim, houve um predomínio de casos de gestantes com infecção pelo HIV entre pardas (53,1%), seguidas de brancas (28,4%), em 2023. As gestantes pretas corresponderam a 14,3% nesse mesmo ano. “A menor detecção em população afrodescendente é muito possível por testarem menos”, analisa Nóbrega.
O médico relata que o bebê é ainda, acompanhado no ambulatório especializado de Pediatria por até 18 meses, contemplando exames periódicos, a avaliação do desenvolvimento da criança e a medicação, caso necessária devido à exposição do bebê neste período.
Acompanhamento pré-natal
No HU-FURG, o ambulatório de acompanhamento pré-natal para as gestantes com HIV atende pacientes do Rio Grande e de outros municípios da região Sul do estado. As mulheres que recebem o diagnóstico positivo de HIV durante a gestação realizam a consulta pré-natal em, no máximo, uma semana. A rapidez no diagnóstico e no início do tratamento proporciona mais segurança para que o bebê nasça sem o vírus.
“Além do serviço de pré-natal, todos os médicos plantonistas do centro obstétrico e residentes da área de ginecologia e obstetrícia receberam treinamento para atender este público. Dessa forma, o serviço de pré-natal do Hospital Dia da FURG não tem nenhum caso de transmissão vertical de gestante atendida regularmente no serviço há 20 anos”, afirma Carla, fazendo um contraponto com o fato de que ainda algumas mulheres não aderem corretamente ao tratamento. “Infelizmente ainda lutamos, com a ajuda do serviço social e do conselho tutelar, contra o abandono e não realização do pré-natal, como também o abandono da medicação, sendo essas as principais causas de transmissão do HIV da mãe para o bebê atualmente”, completa.
Protocolo para tratamento de gestantes com HIV
O Brasil é uma referência mundial em relação ao tratamento de pessoas que vivem com HIV e todos os exames e medicações são disponíveis pelo SUS. Faz parte da rotina do pré-natal o teste rápido para a HIV nas unidades básicas de saúde. A ginecologista do HU-FURG Carla Vitola Gonçalves explica que “existe um protocolo nacional com várias ações, mas a mais importante é usar os antirretrovirais de forma regular para que a carga viral fique indetectável a partir da 28ª semana de gestação”. Como informa a médica, as outras ações consideram que:
- Mães com carga viral indetectável podem ter parto vaginal e não necessitam realizar AZT injetável, segundo o protocolo do Ministério da Saúde.
- Mães com carga viral menor ou igual a 999 cópias podem ter parto vaginal, mas devem realizar o AZT injetável durante o trabalho de parto.
- Mães com carga viral maior ou igual a 1000 cópias devem realizar cesárea, antes de entrarem em trabalho de parto, e realizar o AZT injetável antes e durante a cesárea. Além disso, todas as gestantes, até aquelas com carga viral indetectável, não devem amamentar.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.