DIA DO ESTUDANTE

"O papel do universitário é também construir o futuro em que queremos viver, nem que seja em pequenos passos"

Aluna do curso de Ciências Biológicas, Caroline Frey também atua como monitora de inclusão

Foto: Arquivo Pessoal

Em comemoração ao Dia do Estudante, celebrado neste dia 11 de agosto, a reportagem da Secretaria de Comunicação (Secom) dá início a uma série de perfis com alunos e alunas da FURG que desempenham funções paralelas à vida acadêmica.

Notícias Relacionadas

A primeira entrevistada é a catarinense Caroline Frey, 20 anos, graduanda do curso de Ciências Biológicas - Licenciatura. Ela teve sua rotina modificada nos últimos meses com o seu envolvimento na monitoria de inclusão por meio de um estágio junto à Prefeitura Municipal do Rio Grande.

Natural de Iraceminha (SC), Caroline relembra como foi sua chegada até a FURG, a quase 800km da cidade natal. Ela conta que seu ingresso foi, de certa forma, inesperado, uma vez que sua pretensão inicial era cursar Farmácia, ainda na época da abertura das inscrições do Sisu. "Acabei refletindo melhor e escolhi a licenciatura em Ciências Biológicas, optando pela FURG por ter alguns familiares residentes na cidade e, claro, pela ótima avaliação da universidade. Então, entrei no curso com a cota de escola pública integral através do Enem em 2022", recorda.

Hoje seu dia a dia como estudante é "bastante corrido", como ela avalia. "Mas conforme os semestres passam, eu começo a refletir sobre toda a evolução acadêmica e pessoal que adquiri nessa caminhada; percebo o quão privilegiada sou pelas oportunidades educacionais que possuo. Falando como estudante de licenciatura, quanto mais estudamos a situação do país mais percebemos o quão indispensável é a educação gratuita e de qualidade para o crescimento dos jovens", afirma. A aluna também ressalta a visão que alguns docentes da FURG transmitem durante as aulas, que segundo ela prepara os estudantes para lidar com o mundo além do campus universitário, o qual muitas vezes é bastante diferente do imaginado.

O início de sua atuação como monitora de inclusão se deu após uma seleção na Prefeitura, que designa vagas para trabalhar com alunos que possuem necessidades educacionais específicas nas escolas municipais. Ela conheceu a monitoria de inclusão através de alguns colegas de curso que já haviam passado pela experiência e também pelos relatos de professores que também já acompanharam de perto esse trabalho "tão necessário", segundo ela.

A futura bióloga trabalha em uma turma do 7º ano da Escola de Ensino Fundamental Professora Wanda Rocha Martins, no balneário Cassino. Ela auxilia a turma de forma geral, buscando depositar maior atenção aos estudantes que possuem alguma necessidade educacional específica. Neste processo, os monitores dão apoio aos professores nas recorrentes atividades que são repassadas à turma, de forma a fornecer maior atenção aos estudantes que possuem alguma NEE, ajudando-os a entender as atividades, realizá-las e, principalmente, aprender os conteúdos. "Esses alunos que possuem inclusão muitas vezes não conseguem realizar as tarefas de forma independente; então a monitoria de inclusão se faz mais que necessária, uma vez que ela promove o aprendizado de qualidade desses alunos e a inclusão deles na turma e na escola", analisa Caroline.

"Valor inestimável"
Ainda que o estágio de monitoria de inclusão não conte como horas complementares para a graduação, a estudante declara que a experiência adquirida ao trabalhar direta e constantemente com as escolas e com alunos com necessidades "é de valor inestimável. Nenhuma hora complementar ou quantia em dinheiro podem comprar ou agregar tanto à carreira acadêmica e principalmente à vida. É uma experiência em que só se entende a magnitude e a significação quando se passa por ela. O afeto e o carinho que recebemos dos alunos aquecem o coração e nos motivam a permanecer na carreira docente, e com tantas questões negativas de desvalorização social e salarial, muitas vezes estar na licenciatura é como estar em um túnel sem luz no final. Mas quando se recebe e retribui diariamente o tanto de amor e orgulho pelos alunos, é impossível não ter o mínimo de esperança no futuro. Então, acredito que o papel do aluno universitário vai muito além de aprender a se incluir no mercado de trabalho e como se portar nele, mas sim de construir o futuro em que queremos viver, nem que seja em pequenos passos".

Caroline comenta que, até o momento, sua pretensão de carreira é atuar na docência universitária, mas que ainda há muito para estudar e conhecer e que os planos podem mudar. "Espero que este relato possa trazer um fundinho de esperança a quem lê e que também faça perceber a importância da inclusão nas escolas. Infelizmente, a inclusão na sociedade ainda está distante da nossa realidade, que está mais do que na hora de mudar", encerra ela.