MEMÓRIA E PATRIMÔNIO

FURG realiza pesquisa arqueológica em casa que teria sido de Tamandaré

Residência está localizada na rua Francisco Marques, em frente ao Sobrado dos Azulejos

Foto: Fernando Halal/Secom

Colher de pedreiro e pincel: são os instrumentos utilizados pela equipe de professores e estudantes do curso de Arqueologia da FURG que estudam uma residência que teria sido morada de Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré.

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Nascido em 13 de dezembro de 1807, em Rio Grande, o Almirante Joaquim Lisboa é patrono da Marinha do Brasil. Com o intuito de transformar a possível residência em um memorial, as escavações começaram em 11 de novembro, por meio de uma parceria da FURG com a Marinha.

Desde o início, a equipe se divide em três grupos, que integram a pesquisa em campo, em laboratório e a educação patrimonial. Assim, todo o material coletado é analisado e identificado. Com a educação patrimonial, o grupo pretende não somente falar sobre a pesquisa, mas também ouvir as pessoas que passam pelo local e que contam suas histórias e memórias.

Segundo Beatriz Thiesen, professora e coordenadora do grupo, o objetivo do trabalho dentro do sítio arqueológico é resgatar, além das informações sobre o Marquês de Tamandaré, o cotidiano de outros possíveis moradores da casa. “Não estamos pesquisando somente o Tamandaré, mas todas as outras famílias que habitaram nesse espaço”, falou a docente.

Através dos estudos já realizados, a equipe pôde verificar que as fundações da casa que existe hoje no endereço estão ligadas ao final do século XIX – início do século XX. E que, embaixo desta casa, existe outra mais antiga. De acordo com a docente, é essa que os pesquisadores estão associando à família do Marquês de Tamandaré.

O trabalho

Utilizando apenas dois materiais, a equipe de campo realiza as escavações, mantendo o registro de todo o processo e de tudo que é encontrado. Esse processo é de extrema importância, porque, segundo Beatriz, “quando escavamos estamos destruindo algo, então precisamos fazer com que isso possa ser reconstituído de alguma maneira”.

Assim, cada objeto recebe uma identificação e uma descrição. As escavações ficam cobertas, para preservação e continuidade do trabalho.

Dos materiais encontrados, a docente explica que grande parte foi encontrada na primeira camada da escavação. Entre moedas e lajotas, foi achado um fragmento de uma panela de cerâmica que ainda mantém nela a fuligem do fogão, e brinquedos, como uma peça de dominó feito de osso e um soldadinho de chumbo.

“Isso que encontramos está ligado a um segmento de pessoas que a história não dá conta, que são as crianças. E fundamentalmente é esse cotidiano das pessoas que conseguimos recuperar no trabalho arqueológico”, explica Beatriz.

O trabalho da equipe já possibilitou desenvolver considerações iniciais. Segundo a professora, algumas estruturas não estão relacionadas com as paredes que ainda existem, e nota-se que foram feitas muitas modificações no terreno. Após a escavação, a equipe encontrou um piso de lajotas que está relacionado à ocupação mais antiga.

Conforme Beatriz, “as pessoas tinham o costume jogar o lixo ou no pátio de casa, ou nas redondezas. Estamos pensando que esta casa data de, no mínimo, 1800, que é quando Francisco Marques vem para Rio Grande. O Sobrado dos Azulejos foi construído em 1862.Quando foi feito o restauro do sobrado, encontraram uma lixeira. E na lixeira tinha um prato que estava escrito Francisco Marques – o pai do Marquês de Tamandaré. Vamos estudar esses fatos em conjunto, para que possamos entender todo esse contexto”.

 

 

Galeria

Pesquisa em casa que teria sido do Marquês de Tamandaré integra estudantes e professores

Foto: Fernando Halal/Secom