Nesta última terça-feira, 25, por meio da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) e da Pró-reitoria de Inovação e Tecnologia da Informação (Proiti), foi realizado o evento FURG Conecta, oportunidade em que a instituição lançou de forma oficial a sua nova política de Tecnociência Solidária. Baseada em uma abordagem que une ciência e tecnologia para o desenvolvimento da economia solidária, a iniciativa tem por objetivo criar e fomentar soluções para promover inclusão social, trabalho e renda para populações marginalizadas, com base em princípios como propriedade coletiva dos meios de produção, autogestão e solidariedade, priorizando a valorização do conhecimento de trabalhadores e comunidades.
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Compuseram a mesa de abertura a reitora Suzane Gonçalves; o vice-reitor, Ednei Primel; a pró-reitora de Inovação e Tecnologia da Informação, Silvia Botelho; o diretor de Arte e Cultura (representando a Pró-reitoria de Extensão e Cultura), Raphael de Boer; e o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs), Odir Dellagostin.
Além do lançamento da nova política, também foi feita a entrega à Fapergs do documento síntese do grupo de trabalho do Fórum de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação do Sul (Foprop-sul) para definição dos eixos prioritários em pesquisa, desenvolvimento e inovação para a região Sul. Ao longo da tarde também foram realizados dois painéis: “Políticas Públicas para Inovação e Tecnociência Solidária”, e “Da Pesquisa à Inovação e Tecnociência”.
Durante a sua fala, a reitora destacou a importância da Tecnociência Solidária para a indissociabilidade entre ensino, pesquisa, extensão e inovação na educação superior, princípio fundamental para as universidades brasileiras que sintetiza o trabalho integrado e articulado entre as áreas para a garantia de uma formação de qualidade e socialmente referenciada.
“Quando falamos sobre indissociabilidade, olhamos para a Constituição Federal, que estabelece o papel da universidade na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, e, que, ao longo dos últimos anos vem somando inovação, cultura e outras ações. Sabemos o quanto é difícil trabalhar de forma indissociável; é muito mais fácil seguirmos operando fragmentados, numa lógica em que cada setor cuida de uma ação específica, mas para alcançarmos a melhoria continua, é preciso vencer os desafios”, aponta a reitora.
A construção da política iniciou no final da década passada, em 2019, e, agora, recebe uma robusta revisão e atualização a partir dos marcos de inovação e também da economia criativa. “Este é um grande marco para a FURG, que se posiciona no propósito da transformação social por meio da ciência e do desenvolvimento da economia solidária”, completa Suzane.
Ainda segundo a reitora, a nova política entende que tudo aquilo que é produzido dentro da Universidade deve estar a serviço da sociedade. Portanto, o texto foi atualizado considerando a legislação, mas buscando a garantia de poder entregar para a comunidade a ciência de ponta que resulta dos inúmeros processos organizados e executados na instituição, respeitando os saberes sociais e os saberes locais.
Para o vice-reitor, o momento é de vanguarda para a FURG. “Eu acredito que este é um documento de vanguarda, e que agora, abre espaço para avançar no debate de outras questões, como a implementação de ações concretas, de ambientes e de iniciativas integradas. Nesse sentido, a política traz a Tecnociência Solidária com base no reconhecimento dos conhecimentos tradicionais e no respeito à biodiversidade, assim como considera aspectos relacionados à construção coletiva nos territórios onde atuamos, e isso é muito importante”, explica Ednei.
Para o gestor, um dos desafios envolvidos na construção de uma política de vanguarda é elencar todos os atores envolvidos em espaços de igualdade e de forma articulada. “Eu quero aqui, como integrante também do Conselho Superior da Fapergs e aproveitando a presença do diretor-presidente, Odir, dizer que vamos lançar a Carta de Rio Grande sobre uma demanda de política pública para a Fundação, com respeito aos projetos de Inovação Social, de Tecnociência Solidária, Tecnologia Social e Engenharia Social, para que nós possamos construir de forma conjunta, soluções e processos capazes de criar oportunidades para que o Estado do Rio Grande do Sul se desenvolva e consiga avançar neste quesito, junto com a inovação e junto com o território de forma plena”, conclui o vice-reitor.
Sobre a política
Instituída por meio da Resolução nº 70/2025 do Conselho Universitário (Consun), a Política de Inovação e Tecnociência Solidária estabelece inovação e tecnociência solidária como parte da missão institucional da FURG, compreendidas como dimensões vinculadas de forma indissociável ao ensino, à pesquisa, à extensão e à cultura. Entre seus princípios gerais estão a promoção do diálogo entre universidade, setores público e privado, movimentos sociais e comunidades tradicionais; o reconhecimento e a valorização de diferentes formas de conhecimento, incluindo saberes científico-tecnológicos, populares e tradicionais; a defesa do desenvolvimento econômico sustentável e da justiça social no território em que a FURG se faz atuante; e a simplificação dos procedimentos institucionais relacionados à inovação e à tecnociência solidária para torná-los mais ágeis e eficientes.
Na prática, a política busca fomentar ações de inovação e tecnociência solidária de forma integrada à vida acadêmica, articulando ensino, pesquisa, extensão e empreendedorismo, este último por meio da economia solidária e cultural, além de fomentar o apoio a ambientes e ecossistemas de inovação dentro e fora da Universidade. Entre as atividades previstas para alcançar esses objetivos estão a oferta de formação continuada em temas como propriedade intelectual, gestão da inovação, empreendedorismo e economia solidária.
A política também visa ampliar a proteção da propriedade intelectual, fomentar a transferência de tecnologia, fortalecer parcerias com instituições públicas e privadas, organizações sociais e comunidades tradicionais, para que, dessa forma, a Universidade possa contribuir para a autonomia tecnológica regional e para a promoção de práticas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Para garantir a plena implementação do texto, a resolução organiza uma estrutura institucional específica, como a criação do Sistema Institucional de Estímulo à Inovação e Tecnociência Solidária (SIEITS-FURG), composto por núcleos, centros, incubadoras e ambientes de inovação da instituição. A gestão geral da política cabe à Proiti e à Proexc, que atuarão de forma integrada e articulada, com auxílio do Comitê Assessor de Inovação e Tecnociência Solidária, responsável por articular, assessorar e acompanhar a execução da política.
Outros mecanismos institucionais também somam suas competências como a Diretoria de Inovação Tecnológica, responsável por processos ligados à propriedade intelectual, transferência de tecnologia, incubação de empresas de base tecnológica e empreendedorismo; o Nudese, que conduz ações ligadas à tecnociência solidária e ao apoio a empreendimentos de economia solidária; e o Parque Científico e Tecnológico (Oceantec), que atua na promoção de inovação e desenvolvimento regional.