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“FURG: educação, arte e cidadania”: Aula Inaugural contou com música e debate sobre o Brasil na pandemia

Fernando Anitelli, líder do grupo musical O Teatro Mágico, foi a grande atração do evento

Na última terça-feira, 6, foi realizada a Aula Inaugural “FURG: educação, arte e cidadania” do primeiro semestre letivo de 2021. A atividade, que integra a programação da Acolhida Cidadã, é um importante momento de recepção aos calouros e calouras que chegam à universidade. A ação foi conduzida pelo multiartista Fernando Anitelli, criador e integrante do grupo musical O Teatro Mágico, que promoveu um profundo debate acerca da arte, o contexto acadêmico e a situação atual do país. Na ocasião, estiveram presentes também o reitor Danilo Giroldo e o vice-reitor Renato Duro Dias. O evento foi transmitido, ao vivo, pelo canal da FURG no YouTube (para conferir a reprise clique aqui).

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Durante sua fala de abertura, o reitor destacou a importância de espaços de acolhimento aos novos estudantes, bem como ressaltou os desafios envolvidos em promover esse tipo de ação, em caráter remoto, mantendo a mesma qualidade de edições anteriores à pandemia. “A universidade tem uma presença digital marcante, e eu gostaria de aproveitar este momento para pedir às pessoas que ainda não nos acompanham, que se inscrevam no canal oficial da FURG no YouTube e ativem as notificações. Esse é um repositório importante de ações da universidade, divulgação científica, além de compilar uma grande quantidade de atividades acadêmicas diversas”, disse o reitor.

“E assim também é nas redes sociais. Temos um perfil no Instagram que está sendo construído com a contribuição de todas e todos; no Facebook e Twitter já estamos há mais tempo, e vocês podem nos acompanhar por lá, cada espaço conta com uma programação exclusiva”, adicionou Danilo.

Para o reitor, a presença digital da universidade se faz cada vez mais presente, e necessária, combatendo o que segundo ele é um dos grandes males da atualidade - as notícias falsas -, por meio da divulgação científica. Além disso, a presença da FURG nas redes sociais reafirma o papel social da instituição, dialogando com a comunidade externa que é para quem o conhecimento precisa retornar. “Independentemente do contexto sanitário e político nacional estamos firmes aqui, trabalhando na nossa missão social, promovendo pesquisa, ensino, extensão e cultura”, colocou o reitor.

Em seguida, foi apresentado o vídeo institucional da universidade, a fim de contextualizar aos calouros e calouras sobre os espaços da universidade, suas ações acadêmicas e de convivência, bem como algumas possibilidades que a FURG oferece à sua comunidade. “Para quem está chegando agora e quem continua conosco, a universidade é de vocês; ela é de todo mundo, é da comunidade universitária e é da sociedade. Todos os espaços são de vocês, é importante se apropriar de tudo que a universidade pode proporcionar”, ressaltou Danilo.

Em tom de saudade, o vice-reitor iniciou a sua fala de abertura destacando a falta que faz transitar pelos pavilhões da universidade, os encontros para o café e os demais momentos que envolvem a vivência acadêmica na FURG. “A gente precisa, mesmo diante desse cenário tão triste, precisamos conjugar a esperança como verbo, esperançar, como Freire nos dizia. Pensar na chegada desses novos estudantes, e de quem recomeça, todo este conjunto de sonhos, desejos e afetos que se entrelaçam dentro da universidade. É uma alegria tremenda estar, mesmo que pela internet, recebendo cada um e cada uma de vocês”, explicou Renato.

Arte e universidade

Para o gestor, é muito importante resgatar o papel da arte e da cultura na academia pois elas remontam ao período de surgimento das universidades no século 12, na Europa - principalmente na França e na Itália. “Essas instituições nasceram com a configuração do que eram as corporações do ofício. Comerciantes e artesãos, que, juntos e aos poucos, foram se transformando em associações de mestres e estudantes. Inicialmente, as pessoas que saiam graduados destas universidades eram consideradas artistas livres”, apresentou Renato.

Neste momento atual de ressignificar o papel da universidade e a forma como desenvolve suas atividades acadêmicas sem prejudicar ações de pesquisa, ensino, extensão e cultura, é importante recordar o passado. O conceito da academia como se conhece hoje é resultado direto de todos os processos de transformação que estes espaços sofreram ao longo dos anos. “Muitas organizações e instituições sociais iniciaram e acabaram, mas a universidade permanece, e permanece alinhada ao seu papel inicial. Formar e capacitar profissionais enquanto dialoga com a comunidade, revertendo suas ações científicas para o bem e para o desenvolvimento de todos”, apontou o gestor.

“Aos meus alunos sempre digo para aproveitar as aulas e a universidade, os conhecimentos que estão expressos nos momentos de acumular conhecimento, fundamentais para a formação; mas também, é necessário aproveitar as outras construções e saberes que a universidade oferece nos espaços de partilha, nos encontros fora da sala de aula”, destacou Renato.

O Teatro Mágico

Misturando música, poesia, circo e teatro em suas apresentações, o grupo musical O Teatro Mágico, criado em 2003 pelo multiartista Fernando Anitelli inspirado no livro o Lobo da Estepe - do escritor alemão Hermann Hesse -, se consolidou como referência na América Latina por seu uso pioneiro da internet para divulgação de seu trabalho, além de ser creditado como o projeto musical independente mais bem-sucedido do continente. Durante a pandemia, o artista tem apresentado lives matinais entrevistando convidados diversos, criando um formato inusitado dentro da plataforma zoom, onde interage com o público e cria possibilidades de apresentações musicais durante o distanciamento social.

“Estou feliz da vida em estar aqui, principalmente neste momento em que atravessamos tudo que estamos vivendo. É preciso agradecer o fato de podermos ser instrumentos de transformação. Todos nós, neste Brasil de 2021, precisamos ser essas ferramentas de luz e de transformação”, falou o artista durante sua fala inicial. “Vocês falavam sobre a universidade e há quanto ela existe, e eu fiquei metaforicamente pensando como tudo isso se parece com o circo. Esse espaço onde existe a pluralidade e, para além disso, era este lugar que aceitava as pessoas estranhas aos olhos da sociedade, e eram bem-vindas para fazer sua arte, como fosse”, comentou.

Ao longo da aula, Anitelli apresentou algumas das canções do Teatro Mágico, e, entre uma canção e outra, teceu comentários a respeito do contexto pandêmico nacional. O músico também realizou pequenas interações literárias com a leitura do poema Vozes-Mulheres, de Conceição Evaristo, além de estabelecer uma conversa com os presentes por meio da leitura de comentários deixados pelos presentes no chat da transmissão. O cantor encerrou sua participação no evento com uma das canções mais conhecidas da banda: “O Anjo Mais Velho”.