O projeto Banco Vermelho, iniciativa internacional de enfrentamento à violência contra a mulher, ganhou novo impulso na FURG. Nesta última terça-feira, 2, a FURG, por meio da Secretaria de Ações Afirmativas, Inclusão e Diversidades (Secaid), em conjunto com a Fundação de Apoio à Universidade (Faurg), inaugurou o segundo Banco Vermelho na unidade Carreiros, em Rio Grande. A ação foi seguida por uma roda de conversa sobre proteção às mulheres na cidade, conduzida pelo Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres (Comdim).

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A proposta, originária da Itália, se consolidou ao redor do mundo como uma campanha de denúncia ao feminicídio e de apoio a vítimas de violência doméstica, e consiste na instalação de bancos pintados de vermelho em espaços públicos de grande circulação, atuando como memorial simbólico e um convite à reflexão. Na FURG, em 22 de agosto, como parte das comemorações de aniversário, a Universidade realizou a instalação do primeiro Banco Vermelho na instituição, localizado no deck interno do Centro de Convivência (CC).

Para a reitora, Suzane Gonçalves, a iniciativa, ao mesmo tempo que é simbólica e concreta, também serve como um lembrete diário de que a violência contra a mulher é uma realidade que precisa ser enfrentada de forma coletiva. “Aqui na FURG temos buscado não apenas acolher a proposta, mas transformá-la em mobilização, diálogo, informação qualificada e políticas institucionais que protejam e fortaleçam as mulheres da nossa comunidade”, destacou.

Durante a inauguração, Suzane comentou sobre a escalada da violência contra as mulheres no Brasil, citando dois casos recentes que impactaram de forma severa a comunidade universitária nacional.

“No momento em que inauguramos mais um símbolo de resistência e denúncia em nossa instituição, é importante relembrar que recentemente duas servidoras do Cefet-RJ foram brutalmente assassinadas dentro de uma unidade acadêmica, vítimas de feminicídio; e, também, perdemos uma pós-graduanda de uma universidade de Santa Catarina. Prestamos então uma homenagem em memória a essas mulheres para que nenhuma outra mulher passe por violências como essas”, discursou a reitora.

Além da arte: informação e reflexão

De acordo com a secretária de Ações Afirmativas, Inclusão e Diversidades, Ana Furlong, ao lado de cada banco é instalada uma placa com informações educativas sobre a campanha e orientações para mulheres que estejam enfrentando situações de violência, indicando onde, e de que forma, podem buscar ajuda. “Além da Faurg, contamos também com o apoio do Sindicato dos Técnicos-Administrativos da FURG (Aptafurg), e da Associação dos Professores da FURG (Aprofurg) para a confecção dessas placas”, explicou a gestora.

Ainda segundo a secretária, a escolha desse segundo espaço para a instalação se deu por ser um ambiente da Universidade com bastante circulação de pessoas, além de ser um espaço geograficamente mais deslocado em relação ao resto dos prédios do campus.

Por sua vez, a reitora destaca que a violência de gênero não é um problema isolado, mas sim um problema social de larga escala. “Nós, enquanto universidade pública, temos a responsabilidade de promover não só ambientes seguros, mas também de formação. Toda nossa infraestrutura deve fazer parte de um plano de educação e formação de cidadãos críticos e conscientes acerca dos desafios da atualidade, e, assim, esperamos que esse banco sirva não apenas como memorial, mas como um ponto de alerta, de reflexão e de informação, onde as mulheres podem ter acesso aos mecanismos de proteção, ajuda e denúncia. E com esse ato, incentivamos também os homens a se colocarem ao nosso lado nessa luta, pois só assim conseguiremos de fato a transformação social que tanto almejamos”, projetou Suzane.

O terceiro Banco Vermelho da FURG será instalado na próxima sexta-feira, 12, no Centro de Convívio Jovens do Mar (CCMar). O local, que abriga o restaurante universitário e recebe diariamente estudantes e usuários do Hospital Universitário, foi selecionado por sua alta movimentação.

Rodas de Conversa

Durante a instalação do primeiro Banco Vermelho da FURG, foi realizado um ato formal, com a presença de autoridades da instituição e representantes da sociedade civil. Agora, nesta segunda oportunidade, foi pensada uma interação diferente, com a oferta de uma roda de conversa. “Essa atividade será replicada também no dia 12, no CCMar, e em seguida nos demais campi”, disse a secretária.

Para a atividade, foi convidado o Comdim, representado pela pedagoga em formação na FURG, Érika Xavier. “Durante a atividade foi debatida a temática de proteção às mulheres no município de Rio Grande. Nessa roda de conversa, nós conversamos sobre várias questões que atravessam essa pauta, desde a questão da violência e microagressões no contexto dos relacionamentos cotidianos, especialmente nos relacionamentos intrafamiliares, até a importância em conscientizar o público masculino para torna-lo aliado e parceiro na luta contra a violência de gênero”, pontuou Ana.

No dia 12, a roda de conversa será conduzida pela equipe do Centro de Referência de Atenção às Mulheres (Cram), vinculado à Coordenadoria de Políticas para Mulheres do Município do Rio Grande. De acordo com a organização da atividade, essa é uma oportunidade muito importante para orientar as pessoas que transitam pelo espaço, promovendo uma forma de entendimento dos objetivos da instalação, não apenas seu lado artístico, mas também seu lado usual, uma vez que o próprio intuito do banco é ‘sentar, refletir, levantar e agir’.