DIA DO ESTUDANTE

“A disciplina que aprendi na repetição dos movimentos da capoeira levei para a universidade, repetindo os exercícios matemáticos até dominá-los”

Alexsandro Ayres tem 40 anos, é professor de matemática em Igrejinha, e, neste semestre, ingressa na FURG para iniciar sua jornada na pós-graduação

Foto: Acervo Pessoal

Em comemoração ao Dia do Estudante, celebrado na última sexta-feira, 11 de agosto, a Secretaria de Comunicação (Secom) deu início a uma série de matérias com alunos e alunas da FURG que desempenham funções paralelas à vida acadêmica.

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A segunda entrevista desta série conta a história de Alexsandro J.R. Ayres, que, neste semestre, ingressa no programa de Mestrado Profissional em Ensino das Ciências Exatas, vinculado ao Instituto de Matemática, Estatística e Física (Imef). O estudante de 40 anos é natural de Igrejinha/RS, onde também leciona capoeira desde 2001.

“Sempre tive a vontade de ser professor, desde a adolescência, inspirado por ótimos professores do ensino fundamental. Como não tive recursos financeiros para pagar uma faculdade, iniciei minha carreira como vendedor; aos 30 entrei na universidade para estudar Matemática. Logo quando terminei o curso comecei a lecionar, e, também, iniciei o curso de licenciatura em Física”, explicou Alexsandro.

Como grande parte da comunidade estudantil, Alexsandro precisa se adaptar em meio a uma rotina que envolve cuidados com a família, trabalho, casa e, claro, estudos. Por mais desafiador que seja, sua vontade e seus sonhos servem de motivação para que o estudante encontre tempo para se dedicar em pleno a todas as suas atividades.

Alexsandro é professor, ministrando classes para estudantes de 6ª série, e, neste semestre, cursará uma disciplina junto ao programa, nas sextas à tarde, para que consiga também se acostumar com a distância entre sua cidade natal e o campus da FURG em Santo Antônio da Patrulha. “Conto com total apoio da minha esposa e da escola em que trabalho; conseguimos nos organizar de forma bem tranquila para este novo desafio”, completou.

O estudante também participará da 22ª Mostra da Produção Universitária (MPU) com um projeto que desenvolve com a sua turma, em Igrejinha, denominado ‘Se Meu Pai é o Melhor Pedreiro, Por Que Não Posso Ser Engenheiro?’. “A ideia desse projeto é mostrar para os alunos que, dentro do trabalho, se eles se dedicarem bastante aos estudos, podem conseguir chegar onde quiserem. Aqui o título de pedreiro e engenheiro serve de ilustração por serem faces correlatas de uma profissão, mas a ideia do projeto é ser um incentivo para que todos persigam seus sonhos”, disse o professor.

Alexsandro conta que ingressou na FURG pelo incentivo de um colega professor que estudou, durante seu mestrado, na universidade. Seguindo a indicação do amigo e, após conhecer um pouco mais sobre a história da instituição e do próprio programa de pós-graduação, decidiu preparar-se para a nova etapa.

Capoeira: estilo de vida e disciplina

Segundo Alexsandro, seu contato com a capoeira iniciou em 1996, quando iniciou sua jornada. Para ele, tornar-se um mestre na arte marcial e ser professor eram seus dois grandes sonhos; após 26 anos, em 2022, galgou o grau de mestre. “Na capoeira leciono no contraturno escolar, na mesma escola em que sou professor de matemática. Me sinto muito realizado com minha trajetória profissional, e tento ser a referência que um dia foram para mim”, contente cita.

“Sempre quis juntar estes dois conhecimentos: a capoeira e a licenciatura. Dediquei anos da minha vida aos dois sonhos: ser professor e mestre de capoeira”.

Conhecido como Mestre Papa-léguas no círculo da capoeira, Alexsandro destaca o papel formador da arte, como característica principal, de instruir e auxiliar na formação de um cidadão, ensinando disciplina, respeito aos mais velhos, história e cultura do país. “Entender e aplicar estes ensinamentos foi essencial para minha vida acadêmica, mesmo que fosse para cumprir regras simples como chegar sempre no horário de início das aulas e ficar até o final das mesmas; auxiliar os professores, respeitá-los integralmente”, aponta e completa: “Percebi que espelhei a disciplina que aprendi a ter na repetição dos movimentos da capoeira até dominá-los, prática que levei para a universidade, repetindo os exercícios matemáticos até de fato aprender o conteúdo. Minha vida universitária foi o reflexo da minha vida dentro da capoeira”.

Acompanhe o portal www.FURG.br para ficar por dentro desta e de outras matérias sobre a vida universitária na universidade. Na próxima sexta-feira, 25, conheça outra história como esta. 

 

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Alexsandro Ayres tem 40 anos, é professor de matemática em Igrejinha, e, neste semestre, ingressa na FURG para iniciar sua jornada na pós-graduação

Acervo Pessoal