A palestra “Bibliotecas em Movimento: o serviço de referência hoje” discutiu o papel das bibliotecas na mediação da informação e no atendimento às demandas da sociedade atual. O evento integrou as comemorações dos 50 anos do Curso de Biblioteconomia da FURG e reuniu estudantes, professores e profissionais interessados em refletir sobre os desafios e as transformações do serviço de referência nas bibliotecas contemporâneas.
1º Fórum de Editores do Portal de Periódicos Científicos da FURG reúne cerca de 100 participantes
FURG sedia 1º Congresso de Formação de Professores do Extremo Sul do Brasil
Recicla+ Furg realiza ação na sexta-feira
A palestra foi ministrada pela bibliotecária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dra. Juliani Menezes dos Reis, que observou o aumento no uso de inteligências artificiais (IAs), nos últimos anos, em vários segmentos da sociedade. "Pensando nos últimos cinco anos, posso dizer que as principais mudanças estão relacionadas ao avanço de modelos de IA no mundo e sua inserção nas pesquisas acadêmicas, principalmente. No Brasil, já percebemos reflexos nas bibliotecas e nos serviços prestados por essas instituições", afirma.
Como os usuários querem poupar tempo em suas buscas, ela destaca que a IA surge como uma alternativa para pesquisas e criação de conteúdo, mas que é preciso evitar o uso inadequado. "Embora existam muitos modelos de IA que são interessantes para os usuários de bibliotecas, precisamos alertar para o uso inadequado. É preciso ter cautela e lembrar das questões relativas a direitos autorais, indicando a forma como foi construída aquela citação, trecho da pesquisa ou imagem", pondera.
Para a palestrante, a quantidade de cursos, palestras, pesquisas e eventos que discutem IA são um indicativo forte sobre a preocupação dos bibliotecários em relação as mudanças tecnológicas. "Havia um grande interesse pelo assunto, que se refletiu na escolha do tema 'Bibliotecas na Era da Inteligência Artificial' por parte dos Conselhos, na comemoração do Dia do Bibliotecário desse ano. Palestras se multiplicaram pelo país, com salas cheias e público participativo, mas o assunto segue em ebulição e os bibliotecários e os alunos estão debatendo sobre os impactos, limites e potencialidades da IA nas bibliotecas", conta.
A atividade foi realizada na última sexta-feira, 29, na sala 4110 do Campus Carreiros, sob responsabilidade da profª Dr. Angélica Conceição Dias Miranda. A palestrante esteve em Rio Grande para participar da audiência pública ocorrida no dia 28 para homenagem da Câmara de Vereadores aos 50 anos do curso.
Desafios
Considerando esse novo cenário, Reis aponta desafios aos profissionais da área, relacionados à qualificação profissional dos bibliotecários do serviço de referência e à percepção em relação às limitações e oportunidades dessa tecnologia. "Não podemos fechar os olhos para essa realidade. Todos ou quase todos, querem usar a IA, mas saber como usá-la e usá-la de forma correta e ética é um desafio com o qual os bibliotecários podem contribuir, pois já possuem muita experiência relacionada ao uso da informação", completa.
Quanto à qualificação, reforça que cabe a cada profissional buscá-la para melhor atender a comunidade de sua instituição, com os recursos que estiverem ao seu alcance. "Muitas vezes as bibliotecas não possuem recursos próprios para investimento na qualificação profissional de suas equipes. Contudo, existem muitas possibilidades de cursos e palestras gratuitos promovidos pelas universidades, conselho de classe e associações que abrem espaço para pesquisadores que neste momento estão desenvolvendo pesquisas sobre IA e bibliotecas".
Sobre o futuro, acredita na capacitação dos profissionais nas diferentes ferramentas e recursos digitais que surgirem para suprir as demandas informacionais de seus usuários. "Vejo a possibilidade de integração das IAs nas bibliotecas como recursos para auxiliar em pesquisas acadêmicas, buscas no catálogo, criação de conteúdo e os bibliotecários como mediadores nessas atividades. As bibliotecas e os bibliotecários não estão alheios às mudanças, pelo contrário, vejo profissionais atentos e interessados em explorar as tecnologias para melhor atender seu público", finaliza.
