O curso de Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa do Campus FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS), está promovendo o projeto de extensão "Linguagens e Expressões Negras na Escola" na Escola Estadual de Ensino Médio Cruzeiro do Sul.
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O projeto é coordenado pelas professoras Letícia Chaplin e Aline Nardes, vinculadas ao curso de Letras da FURG-SLS.
A atividade nasceu a partir da proposta da professora Faustia Fanka, docente da educação básica, que tem sido parceira da Universidade em diferentes frentes voltadas ao ensino de Língua Portuguesa e à Educação das Relações Étnico-Raciais.
O projeto está alinhado à Lei Federal nº 10.639/03, à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a outros documentos oficiais, e busca responder às demandas de atuação universitária que emergem da própria comunidade escolar, em diálogo com docentes da educação básica.
Um de seus focos é fortalecer a representatividade negra no contexto local, contribuindo para o desenvolvimento da autoestima de estudantes negros e negras.
Além disso, a proposta procura ampliar o repertório sociocultural dos alunos, estimulando uma compreensão mais abrangente sobre o papel das culturas e dos saberes negros e quilombolas na formação da sociedade brasileira.
Como as oficinas são realizadas?
As ações do projeto são realizadas durante o período letivo das turmas do ensino regular, conforme um cronograma construído em conjunto com os professores da escola.
Como resultado dessas articulações, os estudantes produzem textos e outros materiais artísticos, culturais e didáticos em diferentes multissemioses.
Esses produtos são compartilhados com diversos públicos, incluídos dentro e fora do espaço escolar e da comunidade universitária.
Ao relembrar o início do projeto, a professora Aline destaca a importância do início das atividades em sala de aula e os primeiros diálogos com os estudantes.
Segundo ela, o momento foi marcado por reflexões significativas e participação ativa dos alunos.
"Nosso primeiro dia de atividades propiciou reflexões muito importantes sobre antirracismo, identidades negras e representatividade. Conversamos muito com as turmas sobre o combate ao racismo como compromisso de todos, inclusive (e em especial) de pessoas brancas. Foi muito gratificante observar a participação ativa e a receptividade dos estudantes, bem como a atuação engajada das licenciandas em Letras que integram a iniciativa. Esse momento não apenas marca o início do período de práticas em nosso projeto, mas também simboliza um compromisso cada vez maior do curso de Letras com a extensão na educação básica", disse.
Na primeira oficina, o grupo trabalhou com o material fotográfico da artista Angélica Dass, conhecida por projetos que problematizam questões raciais a partir da representação da diversidade de tons de pele.
As imagens serviram como ponto de partida para reflexões sobre identidade, antirracismo e representatividade no ambiente escolar.
Futuro do projeto
Letícia Chaplin informa que as atividades do projeto não se limitam ao mês de novembro, quando é celebrada a Semana da Consciência Negra.
A proposta é desenvolver, ao longo do segundo semestre, uma série de oficinas e ações pedagógicas que construam reflexões contínuas em torno das relações étnico-raciais no ambiente escolar.
O processo deve resultar em uma exposição no final do ano, reunindo produções realizadas pelos próprios estudantes.
A ideia é que os alunos expressem suas vivências e aprendizados por meio de diferentes linguagens, como textos, desenhos e outras manifestações artísticas, respeitando os interesses e as habilidades de cada turma.
Para isso, o projeto contará com momentos de tutoria, nos quais serão oferecidos materiais e propostas que estimulem a criação.
As próximas oficinas já têm datas marcadas para os dias 9 e 16 de julho, antecedendo o recesso escolar.
Por fim, Chaplin falou sobre o impacto da iniciativa, envolvendo o conteúdo trabalhado e a forma como ele é construído a partir do diálogo e da escuta.
"Este projeto me parece muito bonito por duas razões fundamentais: primeiro porque surgiu de uma demanda da própria escola e segundo porque foi pensado com muito cuidado por um pequeno coletivo de professoras e alunas empenhadas no desenvolvimento de uma verdadeira educação antirracista que contribua para erradicar preconceitos, discriminação e toda forma de desvalorização da pessoa negra”, afirma.
Unindo as áreas de Linguagem e Literatura, o projeto busca trabalhar a diversidade que compõe a cultura brasileira por meio de narrativas, poemas, músicas, imagens e outras expressões artísticas.
A expectativa é que o trabalho siga com novas turmas e, sempre que possível, seja ampliado para outras escolas da cidade.
“Pensamos que assim a universidade e a escola possam contribuir efetivamente para erradicar toda e qualquer forma de discriminação e preconceito com a pessoa negra, como dizem os versos de Conceição Evaristo: 'nossas mãos sempre e sempre/espalmam nossas outras mãos/moldando fortalezas e esperanças", conclui a professora.
Confira o material fotográfico de Angélica Dass aqui.