Cooperativismo

FURG promove 6º Seminário de Integração dos Resíduos Sólidos da Região Sul

Evento envolveu nove cooperativas e associações de catadores e catadoras de sete municípios do Rio Grande do Sul

No dia 4 de outubro, foi realizado o 6º Seminário de Integração dos Resíduos Sólidos da Região Sul do Rio Grande do Sul, promovido pelo projeto de extensão Catasul. A iniciativa é desenvolvida pelas Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares Ineesol e Nudese (ITCPs), da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), e pelo Nesol do IFSul – Campus Pelotas, local onde ocorreu o evento.

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A atividade contou com a presença de nove cooperativas e associações de catadores e catadoras, representando sete municípios da região.

O seminário teve como objetivo retomar a integração entre os grupos e as ITCPs, avaliar a relação estabelecida no passado, levantando os erros e acertos dessa relação, além de planejar as ações futuras.

O projeto Catasul (Organização de catadoras e catadores de materiais recicláveis em cooperativas/associações nos municípios da região sul do Rio Grande do Sul) busca fortalecer as cooperativas e associações, com base na perspectiva da Educação Ambiental Crítica, Emancipatória e Transformadora, na educação cooperativista e na economia solidária.

De acordo com a docente Marcia Umpierre, coordenadora do projeto, desde abril, quando as atividades foram iniciadas, a equipe realizou uma rodada de visitas às cooperativas da região para apresentar o projeto e identificar as demandas dos grupos.

“Após essas visitas, atendemos algumas demandas emergenciais, como o conserto de equipamentos, realizado por professores e estudantes do curso de Eletrotécnica do IFSul, e o contato com a gestão municipal para a análise e proposta contratuais entre as cooperativas e o poder público”, explicou.

Segundo a coordenadora, o encontro foi pensado como uma oportunidade de reunir todos os grupos participantes e retomar a integração que não ocorria desde 2022, quando foi promovido o 5º seminário.
“Realizar esse tipo de evento requer recursos, e que esse ano só foi possível pois o projeto CATASUL, está sendo realizado por meio de uma emenda parlamentar do Deputado Federal Alexandre Lindenmeyer”, acrescentou Márcia.

Marcia também disse que, nesta etapa, foram priorizados grupos que já vinham sendo acompanhados pelas incubadoras, ainda que à distância, em função da limitação de recursos para deslocamento. 

“Mas que sabíamos que, mesmo com todas as dificuldades, têm se mantido como empreendimento econômicos solidários”, pontuou.

Bruno Mello, estudante de Engenharia Química comentou sua experiência, afirmando que, desde que iniciou no projeto, participou de reuniões com as equipes dos laboratórios envolvidos e realizou leituras de materiais bibliográficos sobre economia solidária para se familiarizar com os objetivos do projeto.

Como bolsista do projeto, ele desempenhou atividades que incluíram a elaboração de relatórios, discussões com colegas sobre a execução de tarefas, visitas às cooperativas participantes, apresentações sobre o projeto e reuniões com as prefeituras.

“Aprendi mais sobre trabalho em equipe e apliquei algumas das coisas que aprendi ao decorrer do meu curso para conseguir me portar trabalhando como bolsista e ajudar como posso. Durante o seminário, eu vi todo o esforço que estávamos fazendo em prática. Foi uma experiência de realização e conquista pensar que eu ajudei e participei disso. Acredito que tudo que passei me ajudou a ter uma visão do tipo de formando que eu quero ser e sou grato pela experiência que tive; contribuiu muito para mim como aluno, como trabalhador e como pessoa”, compartilhou.

Na avaliação da docente, o seminário foi um espaço de partilha e informou que as cooperativas e associações da região já estavam sendo visitadas desde maio de 2025, fazendo uma reaproximação com os grupos, visto que, desde março de 2020, não foi mais possível realizar esse acompanhamento presencial, devido à pandemia e à falta de recursos.

Com isso, Umpierre destacou a importância do financiamento para as atividades de extensão na universidade, pois é nesses momentos que se efetiva o tripé da Universidade (Ensino, Pesquisa e Extensão).

“Outro fator que ressalto é a importância do trabalho coletivo realizado pelas três ITCPs (INEESOL, NUDESE e NESOL), que nos fortalece enquanto grupo e propicia o trabalho inter e transdisciplinar, fundamental para o atendimento às necessidades dos grupos”, frisou.

Programação

Durante a manhã, o seminário contou com a apresentação do projeto Catasul e das cooperativas e associações participantes, que relataram a situação atual de seus grupos e a relação com o poder público em seus respectivos municípios. 

Para Andressa Pereira Medeiros, catadora e cooperada da Cooperforte, a participação da cooperativa foi de extrema importância, pois conseguiu reunir todos os cooperados para participar do seminário.

Ela afirma que, quando um grupo participa desses encontros, os cooperados sempre retornam à cooperativa mais fortalecidos, principalmente ao ouvir colegas de outras cooperativas contarem suas dificuldades ou compartilharem suas vitórias.

“Acredito que ainda há muito a ser feito, e o primeiro passo foi dado ao reunir várias cooperativas da região sul para dialogar sobre educação cooperativista e economia solidária. Espero que possamos conseguir recursos para continuar com o projeto, contribuir efetivamente com as cooperativas de reciclagem e realizar cursos e oficinas que auxiliem no processo organizativo e nas ações junto às comunidades”, pontuou.

No período da tarde, os participantes foram divididos em cinco grupos de trabalho: um grupo formado exclusivamente por entidades de apoio aos grupos, incluindo universidades, outras organizações e pessoas que atuam nos municípios onde estão localizadas as cooperativas e associações; um segundo grupo composto pelos dirigentes das cooperativas; e três grupos nos quais participaram os demais participantes do evento.

Para a pesquisadora e consultora do NUDESE, Maria Cristina Pires, “esses espaços de diálogo permitem alinhar perspectivas, compartilhar experiências e fortalecer a construção coletiva de soluções para os desafios da gestão dos resíduos sólidos”.

Cada grupo discutiu a situação das cooperativas, a relação com a gestão municipal, a atuação coletiva dos grupos e o papel das ITCPs nesse processo. Durante os debates, surgiram diversas propostas de formações que deverão ser organizadas e desenvolvidas ao longo dos próximos meses. 

Na plenária final, foram apresentadas as discussões realizadas em cada grupo e definidos os encaminhamentos finais, entre os quais se destacam a luta contra projetos que prevejam a incineração de resíduos na região, a busca por melhores condições de trabalho para catadoras e catadores de materiais recicláveis, a negociação de contratos mais adequados com as prefeituras municipais, a realização de oficinas sobre as temáticas debatidas e a promoção do 7º Seminário de Integração dos Resíduos Sólidos da Região Sul. 

Ao término do encontro, também foi aprovada uma moção de repúdio a projetos de incineração na região Sul do estado.

 

Galeria

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