EXTENSÃO

Programa Interdisciplinar de Formação Criativa é levado à escola Bibiano de Almeida

A partir da máxima do poeta e educador baiano Nivaldo Brito dos Santos, "poesia é o que a gente sente, o resto é literatura", tomando como ponto de partida a Poesia enquanto sentimento e impacto, e amparado por estudos em literatura comparada e artes integradas, o projeto Programa Interdisciplinar de Formação Criativa (Pife) é apresentado como uma provocação sobre o conceito de poesia.

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Idealizado e executado pelo poeta e educador Léo Ottesen, sob orientação do professor Artur Emílio Alarcon Vaz, do Instituto de Letras e Artes (ILA), o curso foi selecionado no edital  "Artista na Escola", da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac) com financiamento do programa RS Seguro COMunidade, e foi realizado de maio a agosto de 2025 na Escola Estadual de Ensino Médio Bibiano de Almeida, em Rio Grande, contando com participantes do primeiro ano.
A ideia para o projeto acompanha o produtor cultural desde 2013, quando frequentava o curso de Letras - Português e Francês da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e teve aulas de literatura com a professora Luciana Coronel nas quais questões literárias eram trabalhadas a partir de artes diferentes, como a pintura e a escultura. Aliado a essa provocação pedagógica, ainda na graduação em Letras, Léo Ottesen atuou como pesquisador, tendo como uma das vertentes a Literatura Comparada, a qual utiliza, em seu método, análises comparativas entre literaturas, literatura e outras artes, etc. Indo um pouco além, durante a graduação em Produção Cultural, o estudo das relações entre as artes, o patrimônio e as políticas públicas, bem como o da identidade cultural e a economia criativa, trouxeram à tona a vontade de que a sua atuação em arte-educação (com as oficinas de escrita criativa que já realizava desde 2014) fosse extrapolada para além da literatura.
Assim, tendo concluído a pós-graduação em História da Arte e o MBA em Direção de Arte, o escritor criou o curso de Artes Integradas da Faculdade Iguaçu, sendo seu coordenador, e optou por ministrar a disciplina de Educação Patrimonial. A partir dessa relação com as diferentes artes e a literatura, além da valorização ideológica do patrimônio cultural, surgiu, em 2023, o projeto Pife.
Durante a elaboração e execução do curso, algo que se destaca é a democratização do acesso ao conhecimento, bem como o poder da didática e da pedagogia enquanto construções, em que o aprender-ensinar é um único ato. Dessa forma, expressões científicas e acadêmicas dão lugar a uma linguagem direta que compreende a faixa etária do público, bem como seu recorte sociocultural e econômico, vivências, experiências prévias e de contato com a escrita.
Metodologicamente, as participantes são expostas a variadas formas artísticas a fim de que entendam como reconhecer o sentimento poético não apenas no texto em verso, mas dentro de si mesmas - provocado pelas produções artísticas. A função do projeto, em última instância, é fazer com que as jovens identifiquem a poesia e consigam provocar esse sentimento utilizando a única ferramenta de que a poeta dispõe: a palavra. Assim, é trabalhado cinema, audiovisual, música, dança, capoeira, literatura, teatro, artes visuais, artes performáticas para discutir temas como identidade e pertencimento, patrimônio cultural, representatividade e protagonismo, territorialidade e memória, discriminação e intolerância, acessibilidade, inclusão e protagonismo, liberdade artística e licença poética, entre outros.