SAÚDE

HU-FURG oferece DIU pós-parto pelo SUS e reforça a importância do planejamento familiar

Método contraceptivo está disponível logo após o parto vaginal ou cesariana, com acompanhamento especializado na Unidade de Saúde da Mulher desde 2017

Foto: Jorgito Santos/Arquivo HU-FURG

Você sabia que é possível sair da maternidade já com o DIU inserido? Desde 2017, o Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), oferece a inserção do Dispositivo Intrauterino (DIU) no pós-parto imediato. O procedimento pode ser realizado logo após o parto ou durante a cesariana e tem contribuído para que mais mulheres iniciem o puerpério com um método contraceptivo disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2025, já foram realizadas 159 inserções de DIU pós-parto imediato na Unidade de Saúde da Mulher (UMul).

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O DIU é um pequeno dispositivo colocado dentro do útero por um profissional de saúde para prevenir a gravidez. No HU-FURG, o método utilizado é o DIU de cobre, que tem eficácia superior a 99%, pode durar até dez anos e pode ser retirado a qualquer momento, caso a mulher deseje engravidar ou não se adapte ao método. “A inserção não interfere na amamentação e ajuda a reduzir o risco de gravidez não planejada no período pós-parto, momento em que a mulher se encontra mais vulnerável devido às atribuições com o recém-nascido e a rotina familiar, dificultando, por vezes, o seu retorno à consulta puerperal que deve ocorrer entre sete e 10 dias após o parto”, explicou a chefe da UMul, Tânica Fonseca.
Após a inserção, a paciente recebe orientações sobre os cuidados necessários e um documento com a data para retorno em 45 dias. Nesse acompanhamento, é realizada uma ultrassonografia para verificar o posicionamento do DIU. Caso seja necessário, ele pode ser ajustado ou trocado no mesmo momento. “Essa etapa é importante para garantir a eficácia e a segurança do método”, pontuou Tânia.

Quem pode usar e quais os cuidados

O DIU é recomendado para a maioria das mulheres. Porém, há situações em que a inserção não é indicada como em casos de infecção pélvica não tratada, sangramento uterino sem diagnóstico, malformações graves no útero, alergia ao cobre, ruptura da bolsa por mais de 24 horas antes do parto, febre, sinais de infecção uterina ou sangramento intenso após o parto.
É comum sentir cólicas leves nos primeiros dias, mas a maioria das mulheres consegue retomar suas atividades normalmente. Vale lembrar que o DIU não protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), para essa finalidade é recomendado o uso de preservativo.
O HU-Furg segue como referência para outros hospitais do estado na implantação dessa estratégia de planejamento familiar. O serviço atua alinhado às diretrizes do SUS, buscando oferecer métodos contraceptivos eficazes e acompanhamento adequado, fortalecendo a autonomia das mulheres sobre as suas escolhas reprodutivas.

Estudo sobre a continuidade do DIU pós-parto

Profissionais e acadêmicos ligados ao HU-Furg, realizaram um estudo prospectivo que analisou a continuidade do uso do DIU em puérperas e publicado na Revista da Associação Médica Brasileira. O principal objetivo do estudo foi verificar a taxa de continuidade, expulsão e retirada do DIU de cobre inserido no pós-parto imediato. A pesquisa incluiu um acompanhamento longitudinal das puérperas que optaram pelo DIU após o parto, buscando entender melhor as taxas de aceitação e os fatores associados ao seu uso.
O estudo envolveu 648 mulheres que inseriram o DIU pós-parto no HU-Furg, entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2019. Dentre as participantes, observou-se o perfil: 63,2%, com 25 anos ou mais, e 69,2% se identificaram como brancas. A relação conjugal também se destacou, com 81,8% das mulheres tendo companheiro. Em termos de educação, 58,5% tinham estudado até 8 anos. Cerca de 77% já haviam gestado duas vezes ou mais, indicando uma experiência gestacional considerável. Além disso, 78,4% das participantes iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre, e 85,9% realizaram seis consultas ou mais. O tipo de parto também foi relevante, com 50,2% das mulheres tendo passado por cesárea.
As autoras do estudo são as médicas do HU-FURG: Márcia Cristina Pereira Maduell (doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde) e Kharen Carlotto (professora da Área de Ginecologia e Obstetrícia); as graduandas do curso de Medicina: Janaina Salomão Saavedra e Samantha Gabrielle Eugenio Galli; e as docentes: Cássia Ramalho Cordeiro e Carla Vitola Gonçalves, (Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde). De modo geral, o estudo contribuiu para o entendimento dos desafios e das oportunidades na implementação de métodos contraceptivos eficazes, especialmente em contextos de saúde pública.