Na última terça-feira, 4, o Cidec-sul recebeu um evento inédito na FURG. Voltado para as lideranças do Governo Estadual e da região sul, a Universidade foi palco para uma série de discussões a respeito das mudanças climáticas e de estratégias para tornar o Rio Grande do Sul um Estado mais resiliente. O Rio Grande Summit 2025 contou também com uma apresentação do Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática do RS, envolvendo suas atividades neste campo; um fórum com os prefeitos dos municípios situados no complexo lagunar Mirim-Patos para discutir demandas reais; e, ainda, a inauguração da sede do Centro Interinstitucional de Observação e Previsão de Eventos Extremos, o CIEX.
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Em sua fala, o vice-reitor destacou que o evento reverbera um pouco de tudo que é produzido na FURG, e também do que é feito em parceria com diversas outras instituições - não só da região, mas também do país. “Essas iniciativas demonstram a capilaridade institucional da nossa Universidade que vai tanto para as instituições de ensino, para as prefeituras e para as organizações da sociedade civil, quanto para as entidades privadas. Queremos que essa seja uma oportunidade para fazer uma grande conversa com os prefeitos e os representantes das demais instâncias e entidades no sentido de avançar, dentro do possível, no tema das mudanças climáticas e nos caminhos possíveis para a superação desses desafios”, discursou Primel.
A secretária extraordinária de Relações Institucionais do RS comentou sobre a importância também de debater os eventos climáticos de estiagem, “que impactaram de forma intensa o Estado, tirando dos cofres gaúchos bilhões de reais”, pontuou Mascarenhas.
“Nós precisamos pensar em ações que não só reconstruam o que foi perdido, mas que nos preparem e nos ensinem para o futuro, que tenham sentido pedagógico e coletivo. Que possamos cada vez mais debater resiliência e pensar nisso como um diferencial que vai nos diferenciar no cenário brasileiro e mundial. Essas mudanças climáticas são vividas pelo planeta como um todo, e, portanto, temos uma responsabilidade coletiva, enquanto comunidade global, de enfrentar esses desafios e lidar com eles da melhor forma possível, minimizando as perdas e protegendo o nosso território e as nossas pessoas”, completou a secretária.
Apresentação do Comitê Científico
Integrando a tríade de governança do Plano Rio Grande, o Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática do Estado do RS possui um caráter consultivo e propositivo, responsável por subsidiar, científica e tecnologicamente, políticas públicas e ações voltadas à adaptação e ao fortalecimento da resiliência climática no Rio Grande do Sul.
Durante a apresentação, conduzida pelo secretário executivo do Comitê, Joel Avruch Goldefum e pela assessora técnica do Comitê, Alexandra Passuello, foram demonstradas as capacidades do grupo, bem como exemplos de intervenções e ações realizadas em campo e em conjunto com o Governo do Estado. As iniciativas apresentadas têm como objetivo aproximar o conhecimento científico das realidades territoriais e ampliar o diálogo com diferentes comunidades.
Nesse sentido, o comitê tem percorrido o Rio Grande do Sul para ouvir desafios locais e apresentar caminhos possíveis para uma reconstrução sustentável. De acordo com os apresentadores, o evento foi um importante momento de troca e construção coletiva.
Fórum com prefeitos da região
Buscando apresentar as demandas de cada município, o fórum de prefeitos das cidades do complexo lagunar Mirim-Patos reuniu nove lideranças da região, sendo eles o prefeito em exercício da cidade do Rio Grande, Paulo Renato Gomes; o prefeito de Cerrito, José Flávio Vieira; o prefeito de Santo Antônio da Patrulha, Rodrigo Massulo; o prefeito de São Lourenço do Sul, Zelmute Marten; o prefeito de São José do Norte, Neromar Guimarães; o prefeito de Camaquã, Abner Dillmann; o prefeito de Arambaré, Iago Kielermann; o secretário de Defesa Civil de Pelotas, Milton Martins; e o representante da prefeitura de Santa Vitória do Palmar, Daniel Cava.
Na ocasião, os gestores conversaram sobre a escassez de recursos e a busca por iniciativas de fomento, acesso à informação e recuperação financeira para as populações afetadas pelos eventos extremos. Além disso, também foram debatidas ações de fortalecimento do trabalho das defesas civis, integração entre as frentes de atuação em eventos climáticos extremos, preservação ambiental e mitigação de danos à natureza.
Apresentação do CIEX e inauguração da sede
A última ação na programação do evento contemplou uma apresentação do CIEX e suas potencialidades. A ação foi conduzida pela coordenadora do projeto, Elisa Fernandes, e teve como objetivo introduzir aos participantes as possibilidades de atuação do Centro, que é o único que se dedica à produção de informações e dados para atender os municípios da região sul em situações de enfrentamento de eventos extremos.
Com sede na FURG, o CIEX reúne outras quatro instituições colaboradoras: UFRGS; Universidade Federal de Pelotas (UFPel); Agência para o Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM); e a startup Pixforce, que utiliza Inteligência Artificial e Visão Computacional para transformar operações tradicionais em processos inovadores, eficientes e seguros. Além disso, o Centro também agrega mais de 20 instituições apoiadoras, envolvendo representantes da sociedade civil organizada, setor comercial, educacional, produtivo e poder público.
O centro atua por meio de um ambiente virtual inovador baseado em conjuntos de dados meteorológicos, oceanográficos e geodésicos combinados com modelos numéricos e métodos de inteligência artificial que fornecem uma réplica virtual da Lagoa dos Patos e dos municípios às suas margens, o Digital Twin Lagoa dos Patos (DT-LAGOA).
A combinação dos resultados com a aplicação de processos informacionais e comunicativos é de fundamental importância para a integração da academia com a comunidade e os tomadores de decisão. Essa interação se dá por meio do acesso qualificado online – e em tempo real - às informações das redes de monitoramento e sistemas de previsão, fornecendo informações importantes para uma tomada de decisão mais abrangente e precisa, contribuindo para a segurança da sociedade, da economia, da governança, da mobilidade, da qualidade de vida e do meio ambiente.
Após a apresentação, os presentes se deslocaram para a Asa Sul do Cidec-sul, onde está localizada a sede do Centro, para o ato de inauguração da sede. A ação foi conduzida pela reitora Suzane Gonçalves; pelo vice-reitor, Ednei Primel; pela coordenadora do projeto, Elisa Fernandes; pela secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Simone Stülp; e pelo presidente da Fapergs, Odir Dellagostin.
“Acreditamos que o conhecimento científico, quando articulado com as demandas da sociedade e das políticas públicas, é o melhor caminho para solucionar os desafios da atualidade. Por isso, o CIEX se propõe a atuar de forma engajada e conectada com diversos atores que compõem essa grande rede, essencial para promover a transformação que queremos e precisamos”, completa Fernandes.
Ainda durante o ato, visando a consolidação do CIEX, foi assinado um termo de cooperação entre a FURG e a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS. A inauguração do Centro representa os esforços da Universidade em se tornar, cada vez mais uma ferramenta de transformação social - com impactos reais no território - por meio da ciência de ponta aplicada.
