Agricultores familiares, pesquisadores, estudantes e instituições se uniram esta semana, no Cidec-Sul do campus Carreiros, para compartilhar experiências sobre tecnologia social, economia solidária e agricultura familiar. O evento e-COOAR: Diálogos em Tecnologias Sociais trouxe debates, rodas de conversa, oficinas, exposições artísticas e uma feira de produtores regionais, e chega ao fim nesta sexta-feira, 25.
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Buscando promover um espaço de troca de saberes e do fortalecimento das redes de cooperação, a programação teve início no dia 23. A mesa de abertura reuniu representantes da FURG, IFSul e Prefeitura, além do CNPq e dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Informação e da Integração e do Desenvolvimento Regional.
"A FURG tem, nos seus 55 anos de história, um compromisso muito forte com a comunidade e com o seu território. E nós reafirmamos sempre esse compromisso em todos os territórios em que estamos inseridos - aqui em Rio Grande, São Lourenço do Sul, Santa Vitória do Palmar e Santo Antônio da Patrulha. É uma universidade que tem uma vocação voltada para os estudos dos ecossistemas costeiros e oceânicos, que congrega de forma transversal todas as áreas do conhecimento", contextualizou o vice-reitor Ednei Primel.
"Fomos fortemente impactados pelas mudanças climáticas, e dentro do nosso próprio território, com as nossas pessoas, com os nossos conhecimentos, nós estamos encontrando os caminhos, as soluções para que possamos avançar e nos fortalecer. E, nesse ponto, a Universidade é parceira da comunidade e também das instituições que aqui estão", observou o vice-reitor. "Não podemos, enquanto instituição pública federal, falar na palavra 'desenvolvimento' sem que as pessoas, todas as pessoas, façam parte, se integrem nesse processo; que os seus conhecimentos façam parte, sejam respeitados e potencializados, e que nós também possamos aprender bastante nesse processo", concluiu.
Em sua fala, a coordenadora-geral do e-COO e pró-reitora de Inovação e Tecnologia da Informação da FURG, Silvia Botelho, recuperou a trajetória do projeto, iniciado no final dos anos 2010 como uma iniciativa de tecnologia social para auxiliar autônomos que passavam por uma situação delicada com o fim do polo naval. "O e-COO é, hoje, muito mais do que uma tecnologia; é um movimento. E nesses dois dias vamos conversar sobre esses movimentos, onde todos vocês, de diferentes regiões, vão trazer suas experiências; onde a ciência sai de dentro da Universidade e chega no território para, diretamente, transformar a realidade. Que sejam momentos muito enriquecedores para todos nós, que sejam canais de várias vias, onde a gente possa compartilhar as experiências vividas e planejar um futuro melhor", destacou.
Para a vice-coordenadora do projeto e-COO, Viviani Kwecko, o e-COOAR se propôs - considerando temas como resistências climáticas, desafios alimentares e desigualdades sociais - como "um momento para escutar, com atenção e presença, os saberes populares, as tecnologias sociais, as experiências comunitárias e as ações de resistência que florescem nos territórios e comunidades comprometidas com a vida em comum". Segundo ela, a programação do evento foi pensada como um caminho plural e vivo. "Estamos à beira de um ano da catástrofe que nos atingiu de uma maneira muito profunda, e a gente ainda sente esse movimento. Então, vamos ver pela lente dos agricultores o que foi vivido no campo, nas nossas ilhas. Rodas de conversas, vivências e partilhas que nos convidam a escutar com o corpo inteiro e sentir como território e espaços de construção coletiva de propostas, articulações em rede e fortalecimento de vínculos entre a Universidade, comunidade e os movimentos sociais. Vamos ecoar ideias, lutas, soluções e futuros possíveis", disse.
A coordenadora-geral de Bioeconomia e de Ciências Exatas, Humanas e Sociais (CGHS) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação, Joana Marie Nunes, celebrou o fato de finalmente conhecer de perto o projeto da FURG. "É um momento muito especial, ter essa chance de conhecer um pouco melhor as pessoas que estão envolvidas com a iniciativa. Temos a oportunidade de perceber que o projeto tem cheiros e cores, esse projeto que é tão vivo e que tem uma diversidade enorme de fisionomias, perfis diferentes de profissionais; isso dá uma concretude para o nosso trabalho", ressaltou. "Esse projeto abre perspectivas muito amplas, ele tem esse potencial de ter vários desdobramentos, pode continuar por muitos e muitos anos e isso é a essência de uma política".
A analista técnica de Políticas Sociais da Secretaria Nacional da Economia Popular e Solidária, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, Adriana Micheletto Brandão, coordena também o Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares, onde afirmou que o e-COO tem um espaço muito interessante para florescer. "(O e-COO) É um projeto que pode inspirar muitas ações, e junto a vocês quero assumir o meu compromisso para ampliar essa escala. Vemos o e-COO ajudando a vida de muita gente, fazendo fluir na nossa sociedade essa outra perspectiva de uma alimentação mais saudável, e isso é louvável", avaliou.
Reconhecimento aos saberes populares
Ainda durante a cerimônia de abertura, houve um momento simbólico em que a FURG manifestou seu reconhecimento aos saberes populares no cultivo da terra. As coordenadoras do e-COO, Lucia Nobre e Viviani Kwecko, chamaram ao palco e entregaram placas de homenagem aos agricultores e agricultoras parceiros do projeto.
Ao final, ocorreu a assinatura do protocolo de intenções entre a Cooperativa Agroecológica dos Agricultores Familiares de São José do Norte (Cooafan) e o e-COO, visando a implantação do projeto no município. Por meio dessa parceria, será possível desenvolver ações integradas de apoio à agricultura familiar e o fortalecimento das redes locais de produção.
Debates, oficina e almoço típico
As atividades do primeiro dia seguiram com a apresentação da plataforma tecnológica “e-COO: Cooperativismo de Plataforma para o fortalecimento da agricultura familiar”, além de debates sobre tecnologia social e economia solidária.
Além da feira da agricultura familiar e de produtores, foi exibida no saguão do Cidec-Sul a exposição fotográfica Ressoar, com imagens captadas por agricultoras, agricultores e pesquisadoras que retratam a vida, a resistência e os impactos das mudanças climáticas no extremo sul brasileiro.
O segundo dia do e-COOAR foi marcado pela realização da primeira edição do Encontro de Tecnologia Social da Região Sul, pela Associação Brasileira de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (Abepets). Na oportunidade, os participantes organizaram rodas de conversa onde relataram experiências e iniciativas de tecnologias sociais na região sul. Também foi servido aos convidados um almoço típico de Rio Grande, com a tradicional anchova assada no espeto.
O terceiro e último dia está sendo dedicado à Oficina de Aplicação da Matriz SWOT, também conhecida como Fofa, vinculada ao projeto “Plano de Desenvolvimento para o Arranjo Produtivo Cooperativo Local (APCL): Estratégias para a consolidação do Cooperativismo de Plataforma no contexto da Agricultura Familiar na região estuarina da Lagoa dos Patos”. Trata-se de uma ferramenta de análise estratégica que permite identificar os pontos fortes e fracos de uma empresa ou projeto, bem como as oportunidades e ameaças que podem afetá-los.