PREVENÇÃO

Cuidando da saúde em tempos de síndromes gripais e respiratórias

Especialistas da Rede Ebserh orientam a população a observar os sinais do corpo e buscar atendimento especializado

Foto: Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh

O inverno rigoroso no Rio Grande do Sul tem intensificado a circulação de vírus respiratórios e aumentado os casos de síndromes gripais e respiratórias. Em 2025, até 5 de agosto, o estado registrou mais de 13,1 mil internações e 1,1 mil óbitos causados pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS).
Diante desse cenário, os três Hospitais Universitários Federais (HUFs) do estado vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) uniu esforços para informar e orientar a população sobre medidas de proteção. São eles, o Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-FURG); o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel); e o Hospital Universitário de Santa Maria da Universidade Federal de Santa Maria (HUSM-UFSM).

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A influenza é o principal agente identificado, com 2.918 hospitalizações e 462 mortes. A incidência estadual da SRAG é de 114,47 casos por 100 mil habitantes, com taxa de mortalidade de 9,92 por 100 mil e letalidade hospitalar de 8,67%. Cerca de 27% dos pacientes internados com SRAG
necessitaram de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Esses números não são apenas estatísticas; eles representam vidas e famílias afetadas em todo o estado.

Compreendendo as síndromes respiratórias

A identificação correta dos sinais da Síndrome Gripal (SG) e da SRAG pode fazer a diferença no cuidado com a saúde. A orientação é da infectologista do HU-Furg, Heruza Zogbi. Segundo a especialista, os sintomas da SG não são específicos e podem ser semelhantes entre diferentes vírus respiratórios. “Na maioria dos casos, a Síndrome Gripal é uma condição benigna, mas ela pode evoluir para uma Síndrome Respiratória Aguda Grave”, detalhou.
A SG se caracteriza por febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta, além de pelo menos um dos seguintes sintomas: dor de cabeça, dor muscular ou dor nas articulações. Já a SRAG é definida quando a pessoa com síndrome gripal apresenta falta de ar, desconforto respiratório, dor ou pressão persistente no tórax, saturação de oxigênio menor ou igual a 94% em ar ambiente ou coloração arroxeada nos lábios ou na boca.

A SG, conforme destacou Heruza, pode ser causada por diferentes vírus, entre eles os subtipos do Influenza (H1N1, H3N2), o SARS-CoV-2 (responsável pela Covid-19), o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), o Metapneumovírus, o Rinovírus e o Adenovírus. Durante a fase de sintomas, recomenda-se repouso, boa hidratação e uso de analgésicos comuns, como paracetamol ou dipirona, quando necessário. A médica alertou que, diante da persistência ou agravamento dos sintomas, como cansaço, febre contínua e falta de ar, é preciso procurar atendimento médico.
Crianças menores de dois anos, pessoas idosas e indivíduos não vacinados compõem os grupos mais vulneráveis. “Indivíduos sintomáticos devem manter-se afastados sempre que possível ou, quando necessário, usar máscara cirúrgica em ambientes coletivos”, orientou Heruza. A vacinação continua sendo uma das principais formas de prevenção contra a Covid-19, a gripe e o VSR. “A vacinação protege individualmente e de forma coletiva”, reforçou. A testagem também é recomendada para identificar o vírus causador dos sintomas. “Sempre que possível testar para identificar o vírus, casos de Influenza e Covid-19 podem ter indicação específica de tratamento”, afirmou a médica.

Os riscos da automedicação

O infectologista e chefe da Unidade de Vigilância em Saúde do HE-UFPel, Hilton Luis Alves Filho, explicou que certos medicamentos devem ser evitados durante síndromes gripais por causarem riscos ou não oferecerem benefícios. “Antibióticos não atuam contra vírus e só devem ser usados em infecções bacterianas secundárias, que são incomuns. O uso inadequado favorece resistência bacteriana e efeitos adversos”, alertou.
Ele também destacou que corticoides sistêmicos não são recomendados para casos de gripe, salvo em outras condições clínicas específicas. O ácido acetilsalicílico deve ser evitado em crianças e adolescentes, pois pode causar síndrome de Reye, uma reação rara e grave. Medicamentos
combinados, como antigripais de venda livre, podem mascarar sintomas e atrasar o diagnóstico. “Anti-inflamatórios e corticoides usados de forma inadequada aumentam riscos e complicações”, completou Hilton.

Vacinação e outras medidas de prevenção

A vacinação contra a gripe é a principal estratégia para prevenir o agravamento de síndromes gripais e reduzir a sobrecarga nos serviços de saúde. “A vacinação anual, recomendada para toda a população a partir dos seis meses de idade, reduz a incidência da influenza, as complicações
clínicas, os óbitos e a necessidade de hospitalização. Em pessoas com doenças respiratórias crônicas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a imunização contribui para evitar quadros graves e novas internações”, ressaltou Hilton.
O médico destacou que “o início precoce do tratamento com antiviral disponível no SUS, como o Oseltamivir, está associado a melhores desfechos em casos graves e entre os grupos de maior risco. O medicamento ajuda a reduzir a progressão da doença quando administrado nas primeiras 48 horas do início dos sintomas”.

Além da vacinação, medidas simples ajudam a evitar a disseminação dos vírus respiratórios:

-  Etiqueta respiratória: cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com lenço descartável ou com o braço, evitando o uso das mãos;
- Higiene das mãos: lavar as mãos com água e sabão ou utilizar álcool com frequência, especialmente após contato com secreções ou superfícies compartilhadas;
- Isolamento de pessoas sintomáticas: evitar o contato próximo com outras pessoas em caso de sintomas gripais ou diagnóstico confirmado;
- Uso de máscaras: utilizar máscaras em ambientes fechados, com pouca ventilação ou com grande circulação de pessoas, como transportes públicos e serviços de saúde;
- Ventilação dos ambientes: manter portas e janelas abertas sempre que possível para garantir a circulação de ar.

“Essas ações são essenciais para reduzir a circulação do vírus e proteger grupos vulneráveis”, observou Hilton. Ele acrescentou que “a combinação entre vacinação, uso racional de medicamentos e medidas de prevenção é fundamental para enfrentar surtos e diminuir os impactos na saúde pública. Populações com maior cobertura vacinal apresentam menos casos graves, internações e mortes”.

Saiba mais
- Painel SRAG/RS
- Dúvidas sobre vacinação: procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima.

 

 

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Coordenadoria de Comunicação Social do HU-FURG/Ebserh