ACOLHIDA

Leandro Maia fala sobre processos criativos do disco Guaipeca: Uma Ilusão Autobiográfica em encontro na FURG

Artista homenageia o jornalista rio-grandino Aparício Torelli, o Barão de Itararé, em show no Teatro Municipal nesta quinta-feira

Foto: Fernando Halal/Secom FURG

 Para falar sobre os processos criativos do disco "Guaipeca: Uma Ilusão Autobiográfica" e sobre identidades culturais, o Núcleo de Extensão em Música da FURG recebeu na terça-feira, 1º, o músico e compositor Leandro Maia, que apresentou a oficina "Conversa de Guaipecas, Trocadilhos e Barões: Processos Criativos em Música".  No disco lançado em LP duplo, Maia homenageia o irreverente Barão de Itararé (Aparício Torelli), jornalista rio-grandino nascido há 130 anos, escritor e pioneiro no humorismo político brasileiro. O evento, promovido pela Diretoria de Arte e Cultura (DAC) e a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), recebeu estudantes, docentes e técnicos da Universidade e foi aberto à comunidade.

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Leadro Maia disse estar muito honrado em participar das atividades de acolhida dos novos estudantes na FURG e poder falar sobre seu quarto disco. "É o meu primeiro disco de vinil e eu o fiz através de uma campanha de crowdfunding. Guaipeca quer dizer cachorro vira-lata e aqui na capa do disco está o focinho dele. É um trabalho muito bem cuidado. A gente buscou resgatar essa questão visual e conceitual do álbum de vinil. Ele foi produzido em São Paulo pela Vinil Brasil à moda antiga, pode-se assim dizer. É um álbum duplo com um trabalho bem estruturado fruto de apoiadores. A gente teve cerca de 200 apoiadores que financiaram a produção desse trabalho", destaca o artista.

Sobre o que o motivou a abordar o Barão de Itararé, Leandro Maia disse, "é importante resgatar esse personagem, essa figura da cultura nacional, justamente pela sua contribuição, sempre atual, frases maravilhosas e tudo mais. E eu já tinha uma admiração muito grande pelo Barão de Itararé, pelo Aparício Torelli, um jornalista registrado em Rio Grande, mas que tem toda aquela história de ter nascido em uma diligência durante uma viagem, nascido em trânsito. Então, é o Guaipeca por excelência, de origem incerta, mas de origem, sim, marcadamente gaúcha. Ele é um precursor do humor, do cartunismo, da irreverência, da sátira do Brasil mais contemporâneo" afirma o músico.


De vira-lata a vira-latino

O termo guaipeca tem um significado especial para Maia. "Guaipeca quer dizer cachorro vira-lata, em gauchês, digamos. É uma palavra muito do Rio Grande do Sul, mas nem todas as localidades a utilizam. Eu me dei conta do aspecto do vira-lata, do Guaipeca, em vários momentos da minha vida, desde uma passagem em que tive que atravessar a Argentina sem documentação ou quando estava na Inglaterra preenchendo um formulário sobre informações étnicas. Tinham várias opções e eu não me enquadrava em nenhuma delas. Tinha branco britânico, asiático britânico, africano britânico, asiático paquistanês, asiático indiano entre outras. E eu, lá no número 41, vi uma possibilidade de marcar um X onde dizia Other Mixed Background - outra origem mista -. E eu escrevi, entre parênteses, latino-americano. E aí me dei conta que eu era só mais um vira-lata, porém um vira-latino. E aí comecei a buscar minhas ancestralidades, por assim dizer, quem seriam os vira-latas antecessores.

Maia diz que o objetivo do encontro realizado na FURG foi divulgar como foi feito o disco. "Vim falar sobre os bastidores do disco, dos processos criativos e de produção, trazendo um violão, um aparelho de vinil portátil para poder tocar o disco para a galera e falar muito do Barão".  O músico também apresentou um exemplar de uma edição comemorativa do "Almanhaque", que era uma sessão integrante o jornal A Manha com publicações de 1949. Impresso no Rio de Janeiro, o periódico de Aparício Torelli foi o mais popular jornal de humor da história do Brasil, parodiando o nome do jornal A Manhã, também da então capital federal.

No encontro, o artista aproveitou para falar sobre os lugares pelos quais já passou e de curiosidades sobre o show. "Já fiz esse show na Inglaterra, já fiz esse show na Costa Rica  a convite da embaixada, lancei o disco em Porto Alegre e circulei pelo Piauí através do Sesc. Então, o legal é dizer que o guaipeca não tem fronteira, ele cruza as barreiras, mas ele é muito identificado. O guaipeca se comunica com plateias no Brasil e no mundo e isso é muito legal", afirma. 

Show no Teatro Municipal

Amanhã, 3 de abril, às 20h, no Teatro Municipal do Rio Grande, Leandro Maia fará o show de lançamento do disco "Guaipeca: Uma Ilusão Autobiográfica". "É um show de música e artes cênicas, porque tem performance poética, tem dança, tem interação com a bailarina Maria Falkembach, que também dirige o espetáculo, e tem o contrabaixista João Marcos "Negrinho" Martins, um grande músico. É uma performance muito contundente e a possibilidade de apresentar de cabo a rabo o repertório do disco e uma ou outra canção que coletei nessas andanças. As pessoas também poderão vivenciar o meu lado Barão de Itararé. Essa incorporação trouxe o humor pro meu trabalho, que sempre foi mais sério. É  um show que apresenta humor, amor e crítica social, algo muito relacionado ao nosso Barão, então venham comemorar o Barão comigo a com o guaipeca na quinta-feira", convida o músico. Os ingresso antecipados para o show podem ser adquiridos nas livrarias Vanguarda do centro e Vanguarda do Partage Shopping.

 

 

 

 

Galeria

Fernando Halal/ Secom FURG