Professor da FURG participa de reunião com ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação
Pesquisadores estão mobilizados para a manutenção das pesquisas na Antártica após o incêndio que aconteceu no dia 25 de fevereiro na Estação Comandante Ferraz. Em reunião com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, o professor do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande-FURG, Maurício Mata, e mais nove pesquisadores associados ao Programa Antártico Brasileiro - Proantar, oriundos de várias instituições de pesquisa nacionais, discutiram o que precisará ser feito para garantir a continuidade dos projetos de pesquisa.
Segundo o professor da FURG, que também é membro do Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas Conapa, uma das reivindicações da comunidade científica é que o navio polar Almirante Maximiano permaneça dedicado a apoiar as pesquisas oceanográficas que se desenvolvem em áreas mais distantes da Baía do Almirantado e da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), como é o caso da maioria das pesquisas realizadas pela FURG. É importante que todos saibam que as pesquisas realizadas na Estação Antártica Comandante Ferraz compreende aproximadamente 40% de todas desempenhadas no âmbito do Proantar. Os outros 60% abrange várias pesquisas que são realizadas fora da estação, em acampamentos, expedições e navios e por isso podem ser continuadas apesar do incidente lamentável em Ferraz, explica Mata.
Entre as ações emergenciais sugeridas pelos pesquisadores estão o levantamento sobre a capacidade da manutenção de projetos realizados nas proximidades da Estação; inventário sobre os equipamentos perdidos no incêndio para garantir a sua pronta reposição; e viabilizar atividades conjuntas em estações estrangeiras que manifestaram solidariedade, durante o tempo de reconstrução da EACF.
A reunião foi realizada no dia 1º de março.
Pesquisas realizadas pela FURG na Antártida:
- Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera (INCT-Criosfera)- Sub-Area: Oceanografia de Altas Latitudes. Período: 2008-2013, implantado em 2009. Responsáveis: Mauricio M. Mata (IO-FURG)/Jefferson Cardia Simões (UFRGS coordenador geral)
Busca integrar ações de oceanografia, glaciologia e climatologia com o objetivo de estudar a variabilidade climática da Antártica., concentrando esforços no monitoramento de correntes costeiras e a influência do derretimento de icebergs e geleiras nos parâmetros físico-químicos da água do mar, na região da Peninsula Antártica (área extremamente vulnerável ao aquecimento global) e no noroeste do Mar de Weddell.
- Circulação oceânica e Interações criosfera-oceano no entorno da Península Antártica: uma investigação das ligações entre processos costeiros e o oceano profundo - Polarcanion, (2010 a 2012). Responsável: Maurício Magalhães Mata (IO-FURG)
Busca contribuir para o melhor entendimento dos processos oceânicos e costeiros associados à diminuição e derretimento do manto de gelo da Península Antártica, focando no impacto que este derretimento está tendo no oceano adjacente e nos processos que levam este sinal para a circulação oceânica global e, desta maneira, ao clima. É uma iniciativa do Grupo de Oceanografia de Altas Latitudes (GOAL), sustentada pelas observações e experiências decorrentes da atuação do Grupo na região nos últimos 10 anos.
- Diversidade e Conservação de Cetáceos Antárticos: Uso do Habitat, Variabilidade Genética e Monitoramento de Poluentes (Projeto Baleias). Período: entre início de 2010 e o início de 2013, na continuidade de projetos da década de 1990. Responsável: Eduardo Secchi (IO-FURG).
Pretende determinar a diversidade taxonômica e genética de cetáceos nas proximidades da Península Antártica, estimando a variabilidade genética do presente e do passado; estabelecer conexões entre as baleias-jubarte que se alimentam nas proximidades da Península Antártica, nos Canais Foguinos e Estreito de Magalhães (Chile) e aquelas que se reproduzem nas costas Atlântica e Pacífica da América do Sul, por meio de abordagens múltiplas; compreender os padrões de uso do habitat e estimar e monitorar a concentração de poluentes, identificando as possíveis fontes.
- Mamíferos Marinhos como Plataformas de Monitoramento Ambiental de Pólo a Pólo (MEOP-BR). Período: 2007-presente. Responsável: Monica M. C. Muelbert (IO-FURG)
Braço operacional no Brasil do projeto Marine Mammal Exploration of the Oceans Pole to Pole (MEOP - Ano Polar Internacional/API no. 153), representa um grande esforço internacional e está sendo utilizado como modelo de estudo ecossistêmico para iniciativas em outras partes do mundo. Instrumentou elefantes-marinhos com rastreadores satelitais, pois a espécie mergulha profundo e se alimenta em áreas de alta produtividade, atuando como indicadores ambientais em áreas de interesse oceanográfico e para pesca. Permitiu a coleta de dados oceanográficos de alta precisão, representando um grande avanço para estudos de modelagem e dinâmica de massas de água nas regiões polares.
- Processos de enriquecimento de águas superficiais do Oceano Austral e influências sobre o ecosSIStema marinho: dos produtores primários aos predadores de topo - PRO-OASIS. Período: 2012-2015, na continuidade do projeto SOS-Climate. Período: executado entre 2008 e 2010 durante ao Ano Polar Internacional. Responsável: Carlos A. Eiras Garcia (IO-FURG)
Busca caracterizar o meio ambiente marinho através de suas propriedades termohalinas (temperatura e salinidade), que fornecerão informações sobre as massas de água e o grau de estabilidade da coluna de água do mar. Estimar os níveis dos macronutrientes (nitrogênio, fósforo, silício) e do metal, a perda de massa e o nível de derretimento das geleiras, além das propriedades óticas que serão correlacionadas com constituintes óticos, dentre eles o fitoplâncton marinho. No caso da biota marinha, concentra os estudos nos microrganismos marinhos (fitoplâncton e bactérias), no zooplâncton (principalmente o krill) e nos mamíferos marinhos (cetáceos).
- Investigações de sensoriamento remoto na Geleira Union, Antártica. Período: 2011-2013. Responsável: Jorge Arigony-Neto (ICHI-FURG)
Estabelecer, em médio prazo, programa de monitoramento das massas de gelo da Antártica Ocidental a partir da utilização de dados de sensoriamento remoto. Balanço de massa na geleira Criosfera e a obtenção de pontos de controle para o georreferenciamento de imagens de satélite e geração de modelos digitais de elevação para a área da geleira Union.
- Centro Regional para a Península Antártica no projeto Global Land Ice Measurements from Space GLIMS. Período: 2010-indefinido. Responsável: Jorge Arigony-Neto (ICHI-FURG)
O Global Land Ice Measurements from Space é um projeto internacional que tem como objetivo a realização de um inventário das geleiras do planeta com a utilização de dados de sensoriamento remoto ótico. A equipe da FURG é responsável pela coordenação do primeiro inventário das geleiras de toda a região da região da Península Antártica.
- Monitoramento da Zona Superficial de Neve Úmida do continente antártico (1978-2010) através da aplicação do modelo linear de mistura espectral em imagens dos sensores SMMR e SSM/I. Período: 2011-2015. Responsáveis: Jorge Arigony-Neto (ICHI-FURG) e Cláudio Wilson Mendes-Júnior (Pós-doc PNPD Capes)
Monitoramento da zona superficial de neve úmida (ZSNU) da Antártica durante os últimos 32 anos, a partir da aplicação de técnicas de análise subpixel e da classificação de imagens de sensores passivos de microondas, com resolução espacial de 25 km e aquisições diárias, com o objetivo principal de estimar com maior precisão as áreas de ocorrência de derretimento na superfície da neve nesse continente.