A equipe do Laboratório de Monitoramento da Criosfera (LaCrio) do Instituto de Ciências Humanas e da Informação (ICHI) da FURG, encerrou com sucesso a participação na Expedição Criosfera ao interior do continente Antártico no dia 26 de janeiro. A Expedição Criosfera, concebida e realizada pela comunidade científica brasileira, e financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, marca um novo estágio no Programa Antártico Brasileiro (Proantar).
Ao se comemorar o centenário da chegada do homem ao Polo Sul Geográfico e o 30º aniversário do Proantar, o Brasil avançou para o interior do continente antártico com a instalação de um módulo sustentável de pesquisas atmosféricas (funciona com energia obtida por geradores eólicos e solares) e obtenção de um testemunho de gelo de 100 metros a apenas 670 quilômetros do Polo Sul Geográfico. Além disso, ocorreu a realização de uma campanha de medições glaciológicas por sensoriamento remoto e na superfície da geleira Union, de descarga do manto de gelo antártico.
As pesquisas desenvolvidas na expedição têm como objetivo saber como o gelo está respondendo às variações das mudanças no clima. A campanha de sensoriamento remoto foi realizada sob a coordenação do professor Jorge Arigony Neto, do LaCrio e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera (INCT da Criosfera) em conjunto com o professor doutor Ricardo Jaña, do Instituto Antártico Chileno (INACH). Durante o período em que os cientistas estiveram na Antártica, uma série de aquisições de imagens do radar satelital Cosmo-SkyMed foi realizada na área da geleira Union pela Agência Espacial Italiana (ASI) em coordenação com o LaCrio. Já as atividades de campo consistiram na realização de medições para validar métodos de análise de imagens de satélite que permitem obter informações sobre a dinâmica da neve na superfície (principalmente processos de acumulação e ablação da neve) e velocidade de fluxo das geleiras.
Segundo o professor Arigony, as atividades desenvolvidas na geleira Union estão relacionadas ao estabelecimento, em médio prazo, de um programa de investigação da dinâmica das massas de gelo da Antártica Ocidental a partir da utilização de dados de sensoriamento remoto e medições de campo. A porção ocidental do manto de gelo antártico é considera a mais instável pela comunidade glaciológica internacional. Alterações na sua dinâmica poderão afetar o nível médio dos mares em uma escala de tempo de poucas décadas.