39ª Feira do Livro: atrações da noite de abertura

Matracas, cantadores de ternos juninos, corredores de cavalhadas de Tavares, tropeiros do Divino Espírito Santo, Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e a Corte da 13ª Expocace de Tavares invadem a 39ª Feira do Livro da Universidade Federal do Rio Grande FURG na noite desta quinta-feira, 26. São comunidades tradicionais de São José do Norte, Tavares e Mostardas manifestantes da cultura afro-açoriana do litoral, presentes na Feira pelo Ponto de Cultura Freguesias Litorâneas, integrante da Rede de Pontos de Cultura da FURG, e da Prefeitura do Município de Tavares. A atração inicia às 20h30min, como momento de abertura oficial da Feira.

SHOW - Às 23h, na Arena Cultural, Monycah Ramos faz o show de abertura Fados & Lamentos, com a participação do músico rio-grandino Gilberto Oliveira. A intérprete canta a música afro-açoriana que traduz a mistura de culturas étnicas e revela a riqueza cultural do Rio Grande do Sul. Ritmos e sons que unem lusitanismos, africanismos e brasilidades.

A 39ª Feira do Livro da FURG recebe visitantes até o dia 5 de fevereiro na Praça Didio Duhá, no Balneário Cassino. Informações: www.proexc.furg.br/feiradolivro, (53) 3233 6984/6826

SAIBA MAIS SOBRE MANIFESTAÇÕES DA CULTURA AFRO-AÇORIANA DO LITORAL:

Ensaio de Pagamento de Promessas

O Ensaio de Pagamento de Promessas é uma manifestação de Irmandade de descendentes de africanos, devotos de Nossa Senhora do Rosário. Através do canto e dança típicos, acompanhados do ritmo do tambor artesanal, vão até a residência da pessoa que fez a promessa, teve a graça alcançada, e solicitou à referida Irmandade o Pagamento da Promessa através do Ensaio. Este ato se prolongava por toda uma noite, tendo início ao por do sol e término quando amanhecesse. A tradição se mantém viva no município de Tavares passando de geração à geração.

Corrida de Cavalhadas

A Corrida de Cavalhadas é uma luta simulada na qual os participantes principais, em número de vinte e quatro, representam através de evoluções equestres e movimentos de espada, lança e pistola, uma batalha de fundo religioso entre Mouros e Cristãos. As Cavalhadas simbolizam acima de tudo a vitória da religião de Cristo sobre a de Maomé, O Islamismo. As Cavalhadas surgiram na França, na primeira metade do século IX, durante o Império de Carlos Magno. Chega ao Brasil pelos imigrantes portugueses e, segundo o historiador Paixão Côrtes, antes do Rio Grande do Sul ser colonizado já eram feitas evoluções equestres e corrida de argolinhas nas primeiras cidades do Nordeste brasileiro, tendo como premiação cortes de seda e anéis de ouro.

No Rio Grande do Sul, a Cavalhada encontrou chão fértil graças aos costumes gaúchos ligados ao cavalo e as peleias de lança e espada. Há registros de esportes equestres entre os índios catequizados das Missões, que indicam serem representações típicas das Cavalhadas. Vários oficiais Farroupilhas inclusive Bento Gonçalves e Antônio de Souza Neto foram Corredores de Cavalhadas.

Em Tavares as Cavalhadas chegaram na década de 1950 nas festas de Santo Antônio, Padroeiro da Cidade. De populares, foram se reduzindo a isoladas exibições à partir de 1923. Hoje, o grupo de Corredores de Cavalhadas se mantém ativo com esforços múltiplos de Corredores, famílias, Prefeitura e Ex-Corredores que contribuem na organização da indumentária, grande parte emprestada, e na organização do espetáculo.

Ternos Juninos e de Reis

Os Cantadores de Ternos Juninos e de Reis, na sua origem da região, era um grupo formado por agricultores e pescadores que sabiam fazer uso dos instrumentos musicais comuns à época: gaita, (acordeão ou gaita de botão), violão, rabeca, tambor e pandeiro. Na noite da véspera do dia dos Santos Antônio, João e Pedro e Dia dos Reis Magos, saiam a cantar o terno nas casas dos vizinhos e parentes. Um terno é formado pelo Guia, Contra-Guia, e cantores que podem ser ou não também os músicos. Chega-se, em silêncio, à beira da porta da casa escolhida e começa a melodia típica seguida da cantoria com versos pré-definidos fazendo referência ao Santo do dia. Canta-se o verso que pede para abrir a porta, o dono da casa abre, canta-se pedindo licença para entrar, e assim que confirmada pelo dono da casa, entram os cantadores seguidos de familiares, formando uma grande festa com dança e comida típica. A manifestação se mantém viva em Tavares sendo espontânea. Hoje formada por um grupo com crianças de uma Escola Pública Municipal, com a intenção de que os jovens continuem com esta manifestação folclórica.

 

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