IFRS Campus Rio Grande: Dia do surdo é lembrado por palestra

Nesta segunda-feira, 26, é comemorado o dia do surdo. A professora Gisele Rangel irá palestrar sobre o tema, às 19h, no miniauditório do Campus Rio Grande. Na ocasião, Gisele irá falar sobre a luta dos surdos no país, sobre o conjunto de ações organizadas pela comunidade surda, chamado Setembro Azul e sobre sua prática pedagógica na instituição, enquanto professora surda. A atividade é aberta à comunidade escolar.

Gisele Rangel é professora de Geografia e atua no Campus Rio Grande desde o início de 2011, trabalhando diretamente com os estudantes surdos atendidos pela escola e junto ao Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades (Napne). Participa do projeto Libras, da Universidade Federal do Rio Grande Furg e organiza o curso de capacitação em Libras que brevemente será ministrado aos servidores do Campus Rio Grande.

Por uma escola mais azul

Campus Rio Grande tem o desafio de promover práticas inclusivas que atendam necessidades educacionais específicas dos estudantes surdos

Em maio deste ano, nos dias 19 e 20, o Movimento Surdo organizou em Brasília uma expressiva manifestação nacional em defesa de escolas públicas, gratuitas e de qualidade para os estudantes surdos, que utilizem nos processos educacionais a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua e a língua de instrução. A luta da comunidade surda pelo respeito à diferença linguística e cultural dos surdos se intensifica no mês de setembro, em que um conjunto de ações de mobilização social, chamado setembro azul, estão acontecendo no país e no mundo para promover a discussão de políticas de inclusão e para garantir os direitos dos surdos.

O Campus Rio Grande recebe estudantes surdos desde 2010 e vem aprendendo com eles a realizar práticas inclusivas que atendam suas necessidades educacionais específicas. Jorge Luiz Silva Ferreira, Gabriel Sodré Garcia, Anderson da Veiga Barbosa, Tiago Vieira Miranda, Michele Silva, Luiz Teixeira de Ávila e Katiuscia da Silva Silva cursam o Proeja em níveis diferentes e têm aulas de Geografia com a professora surda Gisele Rangel. Três intérpretes revezam o atendimento fazendo a tradução simultânea das aulas.

Integrando a agenda de atividades e mobilizações no dia do surdo, também no dia 26, a pedagoga Aliana Cardoso irá apresentar o Campus Rio Grande em um evento do Projeto Libras da Furg e irá explicar aos surdos as formas de ingresso e permanência na escola. Aliana, assim como a professora Gisele, faz parte da equipe do Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades (Napne), órgão que media a relação dos estudantes com o Campus Rio Grande no que diz respeito às condições oferecidas para a aprendizagem dos alunos surdos.

Entrevista: Gisele Rangel

Graduada em Geografia pela Universidade Luterana do Brasil e mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a professora Gisele Rangel leciona no Campus Rio Grande e integra o Napne desde o início de 2011. Participa do projeto Libras, da Universidade Federal do Rio Grande Furg e organiza o curso de capacitação em Libras que brevemente será ministrado aos servidores da escola.

1) Uma escola bilíngue, que respeite as diferenças linguísticas e culturais do estudante surdo, é uma das lutas da comunidade surda. Na tua opinião, de que forma uma escola como o Campus Rio Grande, que tem a inclusão como princípio, pode atender a esse anseio?

Gisele Rangel: Com certeza o Campus Rio Grande pode atender a este anseio no momento em que uma maior atenção for dada à Língua de Sinais. Tenho a ideia de criar o núcleo de pesquisa em Língua de Sinais no nosso Campus. Acredito que esta seria uma ação que daria maior visibilidade a nossa língua. Desta forma, todos, principalmente os professores, entenderiam que temos nossa língua e iriam aceitá-la mais facilmente, utilizando-a e respeitando seu uso na sala de aula em todos os momentos, desde o ensino até a avaliação.

2) Como é o trabalho de uma professora surda em uma escola de maioria ouvinte? Quais os desafios e as possibilidades?

Gisele Rangel: É um grande desafio. Um dos maiores desafios é não ter um intérprete de Libras efetivo para poder me comunicar sem barreiras. Preciso participar de reuniões de diversos setores, assembleias, etc., mas sem o intérprete, torna-se muito difícil. Também seria muito importante a comunicação direta com meus colegas de trabalho. E isto é uma escola bilíngue, onde as duas línguas circulam e são utilizadas, sem nenhuma ter mais prioridade ou importância que a outra. Quero ter a possibilidade de me comunicar, de entender e ser entendida por qualquer pessoa. Não apenas eu, mas também todos os alunos que estão e futuramente entrarão no nosso Campus.

3) O que significa setembro azul?

Setembro azul é um mês específico para lembrar das pessoas surdas, para contar sobre suas lutas, ampliá-las e comemorar suas conquistas. Ao mês alia-se a cor azul que simboliza a comunidade surda em todo o mundo e isto é representado através do laço azul que representa o conceito de SER SURDO: alguém capaz, que luta, que sonha e que realiza!

Informações da Assessoria de Comunicação Social do IFRS Campus Rio Grande.

Créditos fotos: Aliana Anghinoni

 

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Professora Gisele Rangel

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