O projeto Transaqua Gestão e Segurança da Navegação e do Transporte Aquaviário: Desenvolvimento Ambientalmente Sustentável de Sistemas Marítimos e Fluviais da Universidade Federal do Rio Grande FURG prevê a criação de cinco redes de pesquisa para desenvolver metodologias inovadoras no sistema aquaviário nacional. A iniciativa envolve gestão ambiental portuária, monitoramento continuado de propriedades físicas, modelagem numérica da hidrodinâmica e transporte sedimentar de sistemas aquaviários e estudos geo-espaciais, além da gestão integrada do projeto. Comprovando o ineditismo da proposta, uma das redes prevê a utilização de flutuadores ativos que representem embarcações reais para a modelagem numérica dos ambientes portuários.
Aprovado no edital CT Aquaviário 01/2010 do Ministério da Ciência e Tecnologia/Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o projeto soma aproximadamente R$ 1 milhão em recursos e tem a participação de outras três Universidades Federais: do Ceará (UFC), de Pernambuco (UFPE) e de Itajubá (Unifei). A coordenação geral do projeto é da professora Elisa Helena Fernandes, do Instituto de Oceanografia (IO/FURG).
De acordo com a coordenadora, os produtos esperados são ferramentas de gestão inéditas que podem ser aplicadas em qualquer sistema hidroviário marítimo ou fluvial no Brasil, públicos ou privados. O principal estudo de caso será realizado no Porto do Rio Grande, mas as metodologias desenvolvidas serão também aplicadas em outros grandes portos do País, como os localizados nas cidades-sede das universidades envolvidas. Os resultados obtidos no projeto Transaqua terão aplicação direta na continuidade dos estudos em desenvolvimento para a Superintendência do Porto de Rio Grande, bem como expandirão as fronteiras do Sul do Brasil para os Portos de Mucuri, Porto de Pecém e Porto de Suape, através das relações já existentes entre as universidades destes Estados e a administração portuária, conta a coordenadora.
Para Elisa, um dos aspectos principais do projeto é desenvolver metodologias para a gestão e segurança da navegação e do transporte hidroviário, de forma a contribuir para o desenvolvimento ambientalmente sustentável dos sistemas portuários escolhidos. O desafio é justamente otimizar os serviços, promovendo o mínimo de impacto ambiental com o máximo de resultado, explica.
As redes
A rede de Gestão Ambiental Portuária analisará os principais componentes e processos do sistema de gestão ambiental para os portos e hidrovias, para chegar a propostas e ferramentas de tomada de decisão e planejamento de uso com sustentabilidade econômica e socioambiental. A rede de Monitoramento Continuado de Propriedades Físicas avaliará o estado atual do processo de aquisição de dados ambientais, que dão suporte as atividades portuárias, quanto à segurança da navegação e quanto às questões pertinentes ao licenciamento ambiental. Estabelecerá um protocolo mínimo, desde a instalação de sensores, o gerenciamento e processamento da informação até a sua disponibilização e/ou divulgação. Fará uma interconexão dos programas de monitoramento ambiental com a modelagem numérica, para a obtenção de dados de campo em quantidade para a aferição e calibração dos modelos numéricos.
Na rede de Modelagem Numérica, a estrutura de modelagem numérica de processos hidrodinâmicos e de transporte de sedimento (fundo e em suspensão) representará uma ferramenta para a realização de estudos ambientais e econômicos. Em termos práticos, os estudos poderão estar relacionados, por exemplo, com a otimização de custos de dragagem. Essa é a rede que atuará com flutuadores ativos, com papel fundamental na segurança do transporte e da navegação.
Já a rede de Estudos Geo-Espaciais ficará responsável por gerir as longas séries temporais de dados de alta precisão, necessárias para a produção de informações de alta confiabilidade no cotidiano das atividades portuárias, que são complexas e de alto impacto sócio-econômico-ambiental. São dados fundamentais para o planejamento estratégico das zonas portuárias, para a gestão ambiental portuária e para a avaliação de aspectos sociais vinculados às zonas portuárias, explica Elisa. Também prevê a qualificação de recursos humanos para o uso pleno de ferramentas de Tecnologia da Informação na criação de base cadastral, de referenciais, aquisição de imagens, digitalização de bases analógicas, e realização de levantamentos e inventários. Essas informações serão disponibilizadas aos usuários dos sistemas portuários, como dados em tempo real ou banco de dados pretéritos, afirma a coordenadora.
A quinta rede, de Gestão Integrada do Projeto, prevê a capacitação das equipes das universidades, com visitas técnicas aos portos estudados e entre as instituições envolvidas, cursos de treinamento para utilização das ferramentas propostas e atividades de docência (orientações de pós-graduação).