Embarcação centenária integra o acervo do Museu Náutico da FURG e foi restaurada pelo Centro de Convívio dos Meninos do Mar>/i>
Na manhã desta sexta-feira, 10, uma sessão histórica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Iphan, pela primeira vez marca o tombamento de embarcações tradicionais como representativas da cultura náutica do Brasil. Entre as quatro embarcações a serem tombadas, está a centenária canoa de pranchão Tradição, integrante do acervo do Museu Náutico da Universidade Federal do Rio Grande FURG e restaurada pelos professores e alunos Centro de Convívio dos Meninos do Mar - CCMar.
A última reunião do ano do Conselho Consultivo do Iphan, no Palácio Gustavo Capanema no Rio de Janeiro e que começou nesta quinta-feira, vai apreciar os tombamentos da Canoa de Tolda Luzitânia, do Rio São Francisco; da Canoa de Pranchão Tradição- de Rio Grande; da Canoa Costeira Dinamar de São Luís do Maranhão; do Saveiro de Vela de Içar Sombra da Lua, do Recôncavo Baiano e ainda do Acervo do Museu Nacional do Mar de São Francisco do Sul.
Estará presente, pela FURG, o diretor do Complexo de Museus, Lauro Barcellos. Para ele, será uma sessão histórica no âmbito da preservação do patrimônio naval pelo Iphan, pois são os primeiros tombamentos de embarcações tradicionais, inaugurando uma nova fase de proteção e ação dentro da própria instituição.
O tombamento faz parte do Projeto Barcos do Brasil, lançado pelo Iphan em 2008, pela representatividade exercida por estas embarcações na diversificada cultura brasileira e a dificuldade em mantê-las, em razão de novas tecnologias e estilos de vida. As embarcações tradicionais brasileiras sempre chamaram atenção e tiveram grande importância nos relatos de estrangeiros que aportaram no Brasil. Começando por Pero Vaz de Caminha, centenas de viajantes registraram suas impressões.
Segundo o Iphan, um contexto de grande vulnerabilidade guarda os últimos exemplares de embarcações que faziam parte da rotina do país, seja na pesca ou no comércio e transporte de pessoas e mercadorias. Antigamente numerosas e corriqueiras, hoje são alguns exemplares que, graças à dedicação voluntária de pessoas e organizações, registram os chamados bons tempos da navegação no Brasil. Atualmente, essas embarcações, apesar de frágeis, ainda guardam excepcionalidades tipológicas e construtivas, além de forte significado simbólico e afetivo local; fazem parte das paisagens e são, muitas vezes, ícones importantes da cultura regional. Esses pontos motivaram o Iphan a apresentar a proposta de tombamento.
