O Cidec agora é da Arqueologia

Até o final da semana, arqueólogos do Brasil e do exterior apresentam temas de interesse do curso que a FURG implantou em 2008

Depois de uma semana inteira lotados de estudantes e profissionais da Oceanografia, agora os auditórios do Cidec-sul, no Campus Carreiros da FURG, servem de palco para as discussões, palestras e minicursos envolvendo a Arqueologia. É o 1º Ciclo Sulamericano de Conferências de Arqueologia Pré-histórica e também a 2ª Semana Acadêmica de Arqueologia, graduação lançada pela FURG em 2008.

A abertura, feita pelo reitor João Carlos Brahm Cousin, foi realizada na manhã de segunda-feira e contou com a presença do prof. dr. Eduardo Góes Neves, presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira. Ele foi também o primeiro palestrante do evento.

Organizados pelo Diretório Acadêmico do curso de Arqueologia, com apoio da Coordenação de Curso, os eventos terão até dia 28 palestras, workshops e minicursos, tratando de temas como pesquisas arqueológicas no Brasil e na América do Sul, o mercado de trabalho, os ambientes de conservação, povoamentos no Cone Sul, entre vários outros.

Na conferência inicial, falou sobre a Arqueologia Amazônia o presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Eduardo Góes Neves, também professor da Universidade de São Paulo USP e integrante do Projeto Amazônia Central, que a USP desenvolve junto com a Universidade Federal do Amazonas Ufam e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Este projeto, que já tem 15 anos, busca a identificação e mapeamento de sítios arqueológicos no Estado do Amazonas.

Neves ressaltou que é errada a ideia de que a Amazônia é um local que sempre foi pouco ou nada habitado. Os indícios e marcos, diz o professor, provam que sempre houve ali uma história cultural tão rica quanto a história natural. Este projeto, desenvolvido principalmente próximo à confluência dos rios Negro e Solimões, já propiciou 11 dissertações de mestrado e quatro teses de doutorado. Um grande diferencial, conforme Neves, é o conhecimento e envolvimento das populações locais.

MERCADO Como presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira SAB, o prof. Eduardo Góes Neves mostra-se satisfeito com o crescimento do setor no Brasil, como ciência - já existem 11 cursos de graduação no País e outros estão surgindo. Mas diz que é preciso cuidado e muita organização para que isto não seja prejudicial aos arqueólogos. A profissão ainda não é regulamentada e o mercado está em expansão não só pela criação de novos cursos, mas principalmente pela exigência dos trabalhos arqueológicos anteriores a todas as grandes obras do país. Citou como exemplo a rodovia BR 392 (Rio Grande-Pelotas) que necessitou estudos arqueológicos. Em poucos anos, teremos centenas de jovens arqueólogos no mercado de trabalho, lembrou. Isto é bom, mas exige ação e engajamento à disciplina e à constante pesquisa. É um grande desafio para todos nós, completou o professor.

PROGRAMA Na noite de segunda-feira, ainda seria realizada a palestra do Prof. Dr. Denis Vialou, diretor do Museu de História Natural de Paris, sobre Representações rupestres na região da Cidade de Pedra (MT): do singular ao universal. Terça-feira, haverá a conferência da profa. Dra. Denise Schann (UFPA), sobre Iconografia e Organização Social nas Sociedades Marajoaras e o painel de debates O Atual Cenário da Arqueologia de Norte a Sul do Brasil.

Na quarta-feira, as conferências Santa Elina e os povoamentos antigos na América do Sul, com a profa. Dra. Águeda Vilhena Vialou (USP/PUCRS); e Arqueologia e os ambientes de conservação, com o prof. MsC. Rodrigo Torres (FURG e presidente da Associação Rio-grandina de Proteção ao Patrimônio Arqueológico). Quinta-feira é o dia da conferência do prof. MsC. e doutorando em Genética Evolutiva Gonzalo Figueiro (Universidad de La Republica/URU) e sexta-feira, do prof. dr. Hugo Nami (Universidad de Buenos Aires), sobre Arqueologia Paleoindia no Cone Sul da América do Sul e considerações sobre o povoamento americano. A conferência de encerramento será do prof. dr. Eric Boëda, sobre Novos dados sobre as indústrias pleistocênicas do Piauí. Boëda é uma referência mundial em tecnologia lítica, atualmente pesquisador da Universidade de Paris, sendo um dos grandes nomes da Arqueologia Pré-histórica mundial.

 

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Arqueologia na Amazônia foi o primeiro tema do evento

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Assunto: Arquivo