Cram/FURG já trata 200 pingüins

Técnicos dividiram-se entre Rio Grande e Maldonado (UR) para recuperar o maior número possível de animais petrolizados

Já é de 200 o número de pingüins encontrados petrolizados nos litorais sul-brasileiro e uruguaio, que se encontram em processo de recuperação através da equipe de técnicos do Centro de Recuperação de Animais Marinhos Cram do Museu Oceanográfico da FURG. A equipe do Cram divide-se em dois grupos, atuando em Rio Grande e também em Maldonado Uruguai.

Os pingüins estão sendo encontrados ao longo de mais de 200km de costa, com o pêlo coberto por óleo usado em navios. O derramamento de óleo ocorreu após a colisão entre dois cargueiros a cerca de 20 quilômetros de Punta del Este, principal balneário do Uruguai situado a 130 quilômetros de Montevidéu, prejudicando exemplares de pingüins e outras aves. Entre observações de técnicos e da população em geral (que avisa o Cram das ocorrências), foram registrados cerca de 500 exemplares mortos na costa entre São José do Norte e o Uruguai.

URUGUAI - Na cidade de Maldonado, com 140 pingüins, a equipe do Cram precisou montar uma estrutura especial para começar a responder à emergência, já que lá, diferente do Brasil, não existe um centro de recuperação de animais como o Cram. O Centro da FURG é um dos mais capacitados para reabilitação de animais marinhos atualmente, no mundo inteiro.

Na quinta-feira, 26, após o término da montagem das áreas de lavagem, enxágüe e secagem, a equipe começou a lavar os animais. Já se encontram limpos três pingüins mergulhões podiceps major e 23 de Magalhães - spheniscus magellanicus. A ação do óleo na penugem dos pingüins é fatal, porque deixa os animais fragilizados e sem proteção contra o frio.

A equipe que está agindo junto à ONG Fundo Internacional do Bem-estar Animal Ifaw é composta por três integrantes do Cram: o médico veterinário Rodolfo Silva, a oceanóloga Paula Canabarro e o técnico em serviços gerais Michael Silva. Também de importante auxílio encontram-se presentes Valéria Ruoppolo como coordenadora do Fundo e Gaston Delgado, da Fundacion Mundo Marino, Argentina.

RIO GRANDE - Outros servidores não foram ao local devido à necessidade de responderem pelos animais que estão em Rio Grande. Aqui, já são 59 os pingüins de Magalhães recolhidos ao Cram, no Museu Oceanográfico da FURG. Os animais chegaram ao centro cobertos de óleo de navio, famintos, alguns feridos e desidratados.

Formada por técnicos do Cram e 14 voluntários estudantes de Biologia, Oceanologia e Veterinária, a equipe tenta recuperar os animais estabilizando-os (sinais vitais, temperatura, pressão e retirada do excesso de óleo), reidratando-os (120ml de água, em seringa, três vezes ao dia) e os alimentando. Numa segunda etapa, os pingüins são lavados e novamente estabilizados. Depois de vários dias ou semanas neste trabalho, serão soltos novamente no mar, para empreender nova viagem pelo Atlântico Sul até a Patagônia.

Segundo a oceanóloga Andréa Adornes, a grande necessidade da equipe, agora, é o apoio de pescadores ou empresas de pesca, para doação de peixes de, no máximo, 20 centímetros. Esta é a alimentação dos pingüins e o principal tratamento de que eles precisam. Como o número de pingüins é bastante grande, podendo aumentar, há necessidade de muito peixe.

O diretor do Museu Oceanográfico, Lauro Barcellos, lembra que o trabalho de recuperação de animais marinhos começou em 1974 e que, neste período, aumentou o número de animais recebidos com ferimentos, maltratados ou cobertos de óleo na costa brasileira. Ele credita este fato não só à ampliação neste tipo de ocorrência, mas também à conscientização de pessoas que, ao verem estes animais na praia, recolhem diretamente ao centro, já conhecido por sua atuação ambiental.

Ao mesmo tempo, Barcellos diz que os pingüins sofrem com a ação de navegadores especialmente em navios que não têm a mesma consciência e continuam sujando os mares e prejudicando a vida marinha, da qual o mundo inteiro depende.

 

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