ARTES VISUAIS

Exposição do artista Fernando Mendonça é a nova atração da Galeria Espaço Incomum

Mostra integra programação dos 60 anos do Instituto de Letras e Artes

A Galeria Espaço Incomum apresenta a exposição "Fernando Mendonça e o Som das Coisas Silenciosas", com a curadoria de Normelia Parise, Margarida Rache e Alex Sander dos Santos. A exposição faz parte do último evento da programação dos 60 anos do ILA.

 

A mostra contém desenhos, gravuras, vídeos, instalações e um ambiente acolhedor junto a objetos pessoais do artista e professor da FURG, falecido em 2023.

A abertura da exposição ocorrerá nesta sexta-feira, 11, às 18h, na Galeria Espaço Incomum e estará aberta de segunda a sexta feira. A Galeria Espaço Incomum é coordenada pela professora Janice Martins Appel. Espera-se apresentar para a comunidade acadêmica e seu entorno a importância da trajetória artística e docente do professor Fernando.

Segue abaixo um texto da professora e pesquisadora Neiva Bohns sobre a exposição.

Esta mostra, desenhada com afeto e gratidão, apresenta uma síntese da apaixonante vida de Fernando Mendonça (Porto Alegre, 1949-2023), um apreciador de literatura, artes plásticas, teatro, cinema e música, que viveu e trabalhou, entre as décadas de 1970-90, na Fundação Universidade do Rio Grande (FURG/RS). Preconizava, como educador, os métodos de sensibilização corporal, que acionavam a totalidade das instâncias perceptivas dos indivíduos. Em meados de 1980, período de reafirmação da democracia brasileira, o dedicado professor participou ativamente de equipes que inovavam nas experiências artísticas, com concepções libertárias e interdisciplinares.

Como artista plástico, desenvolveu desenhos e gravuras de observação da natureza. Seriam autorretratos metafóricos suas inúmeras obras com a temática das silenciosas conchas? Nos últimos tempos, quando decidiu “costurar” pedras e flores, estava investigando o confronto entre coisas de naturezas opostas, todas com existências transitórias, nas suas diferentes durações. Na quietude da vida doméstica, que tanto apreciava, poucos estímulos externos poderiam arrancá-lo da poltrona de fazer tricô e, pacientemente, computar as horas. Assim, com seus presentes de vestir, como parangolés para o frio, coloriu, alegrou, e aqueceu a vida dos parceiros de longa data.

Já nos deixou, esse amigo generoso, que, com sua timidez transgressora, sempre apostou no potencial transformador da arte.

Homem doce, de voz grave, palavras certeiras, que sempre estimulava o que de melhor as pessoas tinham para oferecer (se amas a dança, mon amour, abre as asas, e vai dançar nos palcos do mundo!). Estava muito feliz, por ter realizado antigos sonhos, quando fez a súbita passagem. Deve ter levado consigo um lindo buquê de edelweiss, aquelas adoráveis florezinhas brancas, que, ignorando a própria fragilidade, brotam nas mais altas montanhas. (Neiva Bohns) 

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