Uma nova pesquisa intitulada "Saúde de pais e mães jovens e o seu impacto no desenvolvimento infantil" está sendo realizada em uma parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), a Universidade de Nevada, Las Vegas (UNLV) dos Estados Unidos e a Prefeitura Municipal de Rio Grande, por meio do Núcleo de Estratégia Saúde da Família (ESF). O projeto é liderado pelas pesquisadoras, Simoní Saraiva Bordignon, professora da FURG e Clariana Vitória Ramos de Oliveira, docente da UNLV, com financiamento proveniente da universidade norte-americana, e é administrado pela Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande (Faurg).
O estudo marca o início de um projeto de maior escala que busca mapear a saúde de jovens mães e pais adolescentes, com enfoque em questões como o vínculo entre pais e crianças, experiências na comunidade e desenvolvimento infantil. A investigação será conduzida na cidade do Rio Grande por meio de questionários de múltipla escolha. As perguntas abordam a adolescência dos pais, experiências de vida e questões relacionadas à primeira infância.
O público-alvo da pesquisa são mães e pais menores de 20 anos, de acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que têm filhos menores de cinco anos e estão vinculados às Unidades Básicas de Saúde da Família em toda a cidade de Rio Grande.
O objetivo principal da pesquisa é avaliar diversos aspectos, incluindo questões socioeconômicas e demográficas, saúde mental, dinâmica da comunidade e injustiças sociais enfrentadas por jovens mães e pais.
Segundo a docente, Simoní Bordignon, apesar de já existirem evidências científicas que comprovam a influência na saúde mental de mães adolescentes no desenvolvimento infantil e nas relações de parentalidade, ainda não há um número expressivo de estudos neste público-alvo. Na questão dos pais adolescentes, a professora relata ser ainda uma “lacuna teórica”, com um número ainda menor de pesquisas.
“O que o nosso estudo propõe vai além das questões de saúde mental de pais e mães adolescentes, analisando também o quanto a comunidade, o ambiente macro, pode influenciar no desenvolvimento infantil”, destacou a pesquisadora.
O projeto conta também com o apoio da Escola de Enfermagem (EENF) e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGENF).
Mapeamento
Com cerca de onze instrumentos utilizados, as respostas são registradas em tablets ou smartphones através do aplicativo de acesso público, REDCap, e com o objetivo de qualificar a ferramenta e o processo de coleta, esta pesquisa está sendo organizada por uma empresa de gestão de projeto, a Causale.
A coleta de dados teve início nesta semana na zona litorânea da cidade, que inclui as Unidades Básicas de Saúde da Família: BGV I, BGV II, Aeroporto, Bernadeth, Santa Tereza, Querência, Bolaxa e Senandes. O processo envolve visitas domiciliares com 14 coletadores, selecionados previamente por edital, acompanhados pelas Agentes Comunitárias de Saúde, que forneceram uma lista dos adolescentes já cadastrados no sistema da prefeitura e vinculados às unidades de saúde.
O cronograma da pesquisa prevê um tempo mínimo de quatro meses, abrangendo todas as 30 Unidades Básicas de Saúde da Família da cidade, e contemplando as quatro zonas urbanas: Zona Litorânea, Zona Oeste, Zona Mista e Zona Rural.
Posteriormente à coleta de dados, está planejada a construção de um projeto de intervenção em colaboração com profissionais de saúde e a população-alvo, visando avaliar novas ferramentas de apoio e cuidado a essas famílias.
Com esse esforço colaborativo, os pesquisadores esperam obter informações valiosas que possam auxiliar na construção de políticas públicas e intervenções direcionadas para apoiar jovens pais e mães, bem como promover o desenvolvimento saudável das crianças no contexto dessas famílias.